terça-feira, 13 de setembro de 2011

“Que podemos fazer?”

Trecho do livro "Viver Sóbrio" voltado para quem fica sem saber o que fazer durante a abstinência: 

Alguns de nós verificam sua incapacidade de imaginar o que fazer sem a bebida. É possível que seja por falta de hábito. Ou talvez a mente precise de um período de convalescença, após o alcoolismo ativo ter cessado. Em ambos os casos, o embotamento continua. Depois do nosso primeiro mês de sobriedade, muitos notam uma grande diferença. Passados três meses, nossas mentes parecem ainda mais lúcidas. E, durante o nosso segundo ano de recuperação, a mudança é extraordinária. Parece que dispomos de mais energia mental de que jamais usufruímos antes.

Mas é durante o primeiro período de abstenção, aparentemente interminável, que você nos ouvirá perguntar: “Que podemos fazer?”.

A lista seguinte é apenas o começo útil para esse período. Não é muito excitante ou aventurosa, mas inclui os tipos de atividades que muitos de nós utilizamos para preencher nossas primeiras horas vazias, quando não estávamos no emprego ou na companhia de outras pessoas que não bebiam. Sabemos que funcionam. Eis o que fazer:

1.                   Passear – especialmente ir a novos lugares, em parques ou no campo. Calmamente, passeios tranqüilos e não marchas cansativas.
2.                   Ler – Embora alguns de nós ficássemos bastante nervosos ao ler alguma coisa que exigisse concentração.
3.                   Visitar museus e galerias de arte.
4.                   Fazer exercício físico – Nadar, jogar bola, fazer ginástica, ioga ou outros recomendados pelo médico.
5.                   Começar um trabalho há muito negligenciado – Limpar uma gaveta da escrivaninha, arrumar os papéis, responder a algumas cartas, pendurar quadros; ou fazer alguma coisa semelhante que estamos adiando.
Descobrimos, porém, que é importante não exagerar em nada disso. Parece fácil planejar limpar todos os armários (ou o sótão, a garagem, o porão, o apartamento). Entretanto após um dia de trabalho físico árduo, podemos terminar exaustos, sujos, sem ter terminado a tarefa e desencorajados. Por isso, a advertência que fazemos uns aos outros é: reduza o plano a uma porção adequada. Não comece por arrumar toda a cozinha ou por limpar todos aqueles arquivos, mas simplesmente a limpar uma gaveta ou uma divisão. Pegue outra em outro dia.
6.                   Experimentar um novo “hobby” – Nada que seja caro, ou muito exigente, somente algum entretenimento agradável, de lazer, no qual não temos necessidade de vencer ou de ser o melhor, mas apenas para desfrutar de alguns momentos diferentes de diversão. Muitos de nós escolhemos “hobbies” com os quais jamais sonharíamos antes, tais como jogar paciência, fazer macramé, ir à ópera, colecionar peixes tropicais, construir estantes, costurar, praticar esportes, escrever, cantar, decifrar palavras cruzadas, cozinhar, observar pássaros, trabalhar em teatro amador, fazer artesanatos em couro, cuidar de jardim, tocar violão, ir ao cinema, dançar, jogar bolinhas... Muitos de nós descobrimos que gostamos de coisas que jamais leváramos em consideração antes.
7.                   Retornar a um antigo passatempo – (Exceto aquele que você já sabe) – Talvez guardados em algum lugar existam um estojo de aquarela, que você não pega há anos, uma caixa de bordado, uma sanfona, raquetes de pingue-pongue ou peças de gamão, uma coleção de fitas gravadas ou as anotações para uma novela. Para alguns de nós foi compensador desenterrar, desempoeirar e recomeçar coisas assim. Se decidir que não lhe servem mais, livre-se delas.
8.                   Fazer um curso – Você já quis aprender inglês ou francês? Gosta de história ou matemática? Entende de arqueologia ou antropologia? Existem cursos por correspondência, aulas pela tv educativa e para adultos (por prazer, não necessariamente pelos créditos) uma vez por semana em algum lugar. Por que não tentar? Muitos de nós descobrimos que esses cursos podem não só acrescentar uma nova dimensão a nossas vidas, mas também levar a uma carreira inteiramente nova.
Mas, se o estudo se tornar um fardo, não hesite em largar. Todo mundo tem direito a mudar de idéia e deixar algo que representa um empenho além do que vale. Ser um “desistente” pode mesmo exigir coragem, e é bastante sensato quando estamos abandonando algo que não é bom para nós ou que não acrescenta uma faceta positiva, agradável ou sadia à nossa vida.
9.                   Apresentar-se voluntariamente para algum serviço útil – Muitíssimos hospitais, creches, igrejas ou outras instituições e organizações precisam desesperadamente de voluntários para todos os tipos de atividade. A escolha é ampla, desde ler para cegos ou fechar envelopes da correspondência de uma igreja até angariar assinaturas para uma petição política. Verifique em qualquer hospital, igreja, agência governamental ou clube de serviço das proximidades quais são os serviços voluntários que a comunidade necessita. Já descobrimos que nos sentimos muito melhor quando contribuímos, mesmo que com um pequeno serviço, para o bem de seres humanos, nossos irmãos. Até o ato de investigar as possibilidades de tal serviço é, em si, informativo e interessante.
10.                Cuidar da boa aparência – Em geral, somos muito desleixados. Cabelo cortado, roupas novas, óculos novos, até uma dentadura tem efeito maravilhosamente estimulante. Muitas vezes já vínhamos tencionando fazer algo assim, e os primeiros meses de nossa sobriedade nos pareceram oportunos para tomar as providências.
11.                Experimentar alguma coisa frívola – Nem tudo que fazemos tem que ser um esforço sério de autodesenvolvimento, embora tal esforço seja compensador e ofereça um estímulo à nossa auto-estima. Muitos de nós achamos importante equilibrar fases sérias com algo que fazemos por puro prazer. Por exemplo, não é gostoso soltar balões, ir ao zoológico, mascar chicletes, assistir a um filme cômico, curtir música popular, ler ficção científica ou estórias policiais, tomar banho de sol? Se nada disso lhe apetece, então descubra um outro entretenimento não-alcoólico e divirta-se sóbrio. Você merece.
12.                ............................................................. – Preencha você mesmo esta linha. Esperamos que a lista acima lhe tenha inspirado uma idéia diferente de todas as que foram oferecidas. Isto aconteceu? Ótimo. Apegue-se a ela.
Uma palavra de precaução, porém. Alguns de nós achamos que temos a tendência de nos exceder e tentar, de imediato, coisas em demasia. Temos um bom freio para isso, o que você lerá na página 64: “Vá com Calma”.


Um comentário :

  1. Quando a pessoa passa a não ter a atenção de sua família e, o melhor para isso é buscar formas de lazer, de distração e de bem estar.
    Desenvolver e praticar um hobby, participar de viagens, passeios, reuniões e manter contato com pessoas da mesma faixa etária é muito importante.

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soporhoje10@gmail.com

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