sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Recomeçando outra vez

Foi exatamente isso. Estava disperso enquanto executava minhas tarefas diárias. Tive, instantes antes, uma reação pouco amigável por telefone. Fiquei aborrecido porque algo me deixou aborrecido de modo inexplicável. Esse "algo" não  evidente, abstrato, sem nada de concreto é perturbador. Estava trabalhando neste blog. Fui buscando ilustra-lo postando fotos e gravuras que não foram editadas por mim, vez que o computador desliga sempre que aciono um dos meus editores de imagens. Dai, sem me dar conta, fui ilustrando os posts de modo desordenado. As fotos foram postas de maneira equivocada, trocadas de lugar, mas não comprometem, em nada, o conteúdo das postagens. Estava desatento, portanto. Resolvi não corrigir nada. Deus está no comando e ele sabe o que faz, eu posso não saber o que estou fazendo, mas ele sabe e creio nele acima de tudo.

Tem momentos em que me vejo como um mau aluno, que vai e vem na leitura de uma dada matéria. Já estudei o luto, conheço as suas cinco fases, ou etapas e, vez em quando, é como se não tivesse conseguido compreender direito o porque de ainda ter alguma raiva que não está no plano do inconsciente e também não se acha no plano consciente. Posso estar enganado? sim!

As cinco fases do luto, se ainda me recordo são: raiva, negação, negociação, culpa, ou depressão, e aceitação. Porque quedo sempre vencido pela raiva? Sim, compreendo que nela há componentes instintivos, mas eu não poderia me deixar levar por ela, não posso permitir que ela determine minhas ações. Preciso conte-la! O que é que me aconteceu de ruim? é claro que algo me aconteceu e o que aconteceu tem a ver com o Luto, que é um sentimento de perda, ou não é?!

"O luto é uma vivência emocional de dor motivada por uma perda, com as mais variadas causas e geradora de stress até o mais alto grau. Essas perdas podem ser o falecimento de um genitor, filho, parente e/ou cônjuge, separação do casal – nesses casos, o grau de stress emocional pode chegar a 100%. (...) Importante é saber que essas fases não podem ser puladas ou suprimidas. A vivência de um luto exige tempo, e cada pessoa tem o seu tempo próprio de duração do luto."
Dr. José Antonio de Oliveira, psicólogo junguiano

Estou certo! O que foi que perdi? ora, perdi em um dado momento a minha serenidade. Isso foi tão evidente que eu mesmo percebi que estava saindo do meu domínio. É preciso ser honesto. O que é que eu não estava aceitando perder e que gerava esta "explosão" de raiva ? Existe algo que incomoda e que preciso reconhecer para vencer o que me resta de luto. Será que há uma obsessão, algum trauma, qualquer outra coisa que possa me levar a ter que voltar ao primeiro passo e reestudar o luto até aceita-lo e prosseguir adiante? É isso mesmo, tenho que ir me retocando. Por mais que eu me imagine tendo passado por todos os passos tenho que prosseguir como um retocador de minha própria imagem interior. Vou identificando erros, falhas, imperfeições, defeitos, má vontade... Neste exato momento estou percebendo os meus pontos cegos, sinto a flecha negra do ciume, sinto um punhal cravado nas costas e passa por minha cabeça sensações de realidades vividas e, provavelmente, algumas delas mal compreendidas. Tenho premissas que me parecem corretas e posso ser conduzido a conclusões erradas. Devo parar e refletir e ir verificando minhas falhas. Preciso tocar feridas aparentemente cicatrizadas mesmo que possam provocar alguma espécie dor. O importante é que não estou perdido.

4 comentários :

  1. A negação social da morte e do sofrimento tem repercussões tremendas sobre as pessoas e sobre as comunidades em situação de perda. As pessoas desconhecem a importância de “fazer os seus lutos” e ainda mais como devem fazê-los.
    Quando uma pessoa consegue passar pelas diferentes fases do luto, retoma uma vida normal, estando todavia profundamente transformada.

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  2. Quando, por qualquer razão, não se faz a passagem pelas diferentes fases do luto, o ser ferido pela perda fica agarrado a uma relação que já não existe e não consegue construir uma vida verdadeira e nova.
    As causas destes insucessos no processo do luto são múltiplas: falta dos rituais sociais que favorecem o decorrer do luto, insuficiência de informações necessárias sobre a maneira da fazer o seu luto, incapacidade de se exprimir emocionalmente, etc.
    O luto é assim um tempo obrigatório entre duas fases da vida: aquela que deixámos porque nos separámos do ente querido e aquela que virá depois de o termos deixado partir e que será completamente diferente da precedente.

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  3. A psiquiatra americana Elizabeth Kubler-Ross, nos seus estudos sobre a morte, identificou cinco fases. Posteriormente, a partir da experiência adquirida, muitos estudos têm sido feitos com a finalidade de tornar mais precisa a descrição do trabalho psicológico que se faz no mais profundo de uma pessoa em luto e alguns psicólogos consideram ser sete o número das fases do luto.
    As duas primeiras fases, o choque e a negação, são reacções de resistência ao impacto demasiado grande do traumatismo da perda. A elas segue-se uma fase da expressão das emoções e dos sentimentos que constitui uma espécie de purgação, feita pelo organismo, dos laços biológicos e psicológicos tecidos em relação ao ser que partiu.
    Quando o mundo emocional se encontra já liberto, a pessoa em luto entra numa fase de realização dos trabalhos exteriores exigidos pela sua situação de luto. Trata-se de terminar por meio de gestos concretos as coisas ainda não acabadas.
    A outra fase é de natureza mais espiritual, é a procura de um sentido para a perda. Esta fase será seguida por uma outra de perdão: perdoar-se, perdoar ao outro e pedir perdão. No fim do processo do luto vem a fase da herança, na qual a pessoa que está a fazer o seu caminho de luto pode recuperar tudo o que ela deu de amor, de energia e de projecção dela própria à pessoa que partiu. Nesta última fase, a pessoa compreende que o seu luto terminou.
    Estas fases são dadas a título indicativo. Como pontos de referência, elas marcam as passagens obrigatórias no caminho para a cura. Todavia não é conveniente tomá-las como etiquetas a colar nas costas de cada um. A ordem pela qual são aqui apresentadas é a ordem cronológica mais frequente, mas elas podem suceder-se de uma forma um pouco diferente e sobretudo ser acompanhadas de uma regressão às fases anteriores. Cada pessoa é única e vive uma história única. Os nossos sistemas de pensamento não devem condicionar a realidade vivida.

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  4. Quando, por qualquer razão, não se faz a passagem pelas diferentes fases do luto, o ser ferido pela perda fica agarrado a uma relação que já não existe e não consegue construir uma vida verdadeira e nova.
    As causas destes insucessos no processo do luto são múltiplas: falta dos rituais sociais que favorecem o decorrer do luto, insuficiência de informações necessárias sobre a maneira da fazer o seu luto, incapacidade de se exprimir emocionalmente, etc.
    O luto é assim um tempo obrigatório entre duas fases da vida: aquela que deixámos porque nos separámos do ente querido e aquela que virá depois de o termos deixado partir e que será completamente diferente da precedente. (http://www.anossaancora.org/pagina/luto_fase.htm)

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