quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Como descobri a codependencia

Independentemente da minha adicção considero fascinante o campo de estudo da adicção e da codependência. Desde quando fui impactado com a noticia de que eu era um adicto eu pensei:

- que porra é essa que eu sou?! 

Nunca em minha vida tinha escutado essa palavra, que soava estranha. Demorei em aceitar essa doença. Precisava compreende-la. Ser adicto foi uma grande novidade e o fato de aceita-la melhor tem a ver quando soube que minha família era codependente e pensei de modo mesquinho e com indisfarçável contentamento. Não estranhe. Estava ainda desintoxicando. Era um ser doente pensando. 

- Humm, quer dizer então que ela (a mulher) é codependente... uma doente de uma doença causada por mim?!  Hehe... também vai ter que se tratar... Não seria melhor ela se internar?

Eu comecei a ir compreendendo algumas coisas e passei a crer que era possível paralisar as duas doenças conjuntamente; uma é causa, outra efeito e ambas fruto de propensões, de predisposições, de idiossincrasias, sentimentos de posse, de amor zeloso... Poxa! mas ela precisa ser internada...ela é muito louca (ai me vinham todos aqueles lances ocorridos na rua, ela como uma detetive fazendo investigações, me azucrinando, me puxando, empurrando, socando, chutando, cheia de ódio, correndo atrás de mim)...

Sinceramente, em situações como a minha o correto era a internação dos dois. Ela ficaria na ala das "doidas" por amor, eu na ala dos "malucos beleza". Mas havia algo de errado: havia em mim um gosto de vingança, uma certa satisfação sacana de não ser o único doido dessa história e isso me fazia aceitar a adicção. 

Quando olhava pra ela eu me sentia sorrindo por dentro como Jack Nicholson  em " Melhor é Impossivel". Depois eu, para não ficar só levando porrada, tratava de falar com ela sobre a necessidade dela se tratar. Até ai eu fazia isso como quem está gozando com a cara do outro. Maluquice minha, mas que me proporcionava sorrir.

Com o tempo as coisas mudam e eu só pude verificar o que é de verdade a codependencia depois de ter saido da única e verdadeira internação. Esta última que me inventaram configura sequestro e carcere privado. Confesso que nunca imaginei que fosse possível, no mundo civilizado, existir algo tão medieval, com o nome de clínica. 

Conceber clínicas que usam laborterapia para transformar o trabalho humano em mão de obra escrava é um absurdo tamanho que o Estado deveria indenizar todo e qualquer cidadão que trabalhe sem ser remunerado. 

Transformaram a laborterapia em um instrumento facilitador para a implementação de uma relação escravocrata. Além do mais, é coisa de otário pagar para ser trabalhador. Que se ganhe um oficio que não renda nada ao explorador capitalista, dono de clínica. O chato nisso tudo é a institucionalização da escravidão dentro dessas clínicas loucas e, qualquer órgão, conselho, ordem, governos, poderes, o  Estado e a sociedade como um todo devem se fazer respeitar e não admitir em hipotese alguma tal modalidade de exploração.

Depois de ter sido levado ao inferno de clínica é que eu cai na real quanto o grau de loucura que existe dentro da cabeça de um codependente. Foi quando descobri o quanto são irresponsáveis se achando responsáveis. Inconsequentes, desatinados e foras da lei porque o sistema é brutal, em uma sociedade não menos brutal, em que, o dependente químico não é nada senão um ser humano desprezivel que pode e deve ser empacotado e jogado no lixo de clínicas especializadas na pratica de crimes, de crimes que os codependentes são contrarios e que a doença deles não os permite enxergar e sequer admitir e a loucura ainda é maior quando o governo deixa que tais modelos de clínica existam e que venham a atender a falso salvação de seres humanos, fato só concebível como obra e graça da loucura de cada codependente. Donos dessas clínicas deveriam estar nas cadeias. Aquilo que antes pra mim era algo  risivel  tornou-se algo de muito sério. É importante que se diga certas verdades para que codependentes possam ver a que ponto outros codependentes podem chegar e já chegam a matar e matam quando dizem, no elevado grau da loucura: "Eu prefiro você morto do que usando drogas". Esta pequena frase pode comportar uma dissertação de mestrado e existem outras declarações similares. A humanização do dependente químico é imperativa e o codependente que não se cuida, também merece a atenção do Estado, por isto, neste pequeno post, chamo a atenção das autoridades e profissionais da área de saúde e ciências correlatas, da necessidade de se buscar alternativas inteligentes e urgentes, que cuidem da adicção e da codependencia, como se fossem corpo e alma, mesmo sabendo que em um e em outro existem corpos e almas distintos precisando de ajuda. É forçoso casar as terapias. Al-anon e Nar-anon ajudam, como outros grupos também, mas é necessário que no campo da saúde mental algo a mais seja feito e sejamos todos felizes, sem que nossa felicidade custe a infelicidade de quem quer que seja.

(s/rev.)

Um comentário :

  1. Infelizmente amigo nessa doença familiar pensa-se em apenas fechar a ferida, resolver o q é visivel.... o adicto..... não perceberam que essa doença familiar não é apenas um incômodo pelo escravado é na verdade um câncer...

    E sem o tratamento adequado o corpo familiar todo falecerá como familia, é provavel ainda que coloquem a culpa na ferida....

    Mas fazer check ups completos dá trabalho amor!!!! Ranque logo o que incomoda e façamos que tudo está bem....

    Eu e minha familia fazemos check ups regulares..... rsrsrs chamamos isso de "12 Passos" rsrsrs
    Te amo amigo@

    ResponderExcluir

soporhoje10@gmail.com

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