domingo, 18 de setembro de 2011

Recaida

Sexta-feira à noite sentindo-me forte, resolvi sair sozinho para uma reunião de um grupo NA que fica mais próximo de mim. Consegui vinte reais e fui. Na rua, antes de percorrer 100 metros veio a tentação e, sem qualquer esboço de reação eu caminhava em direção do "fim de mundo"... O complemento do que iria escrever deixo no mural de partilhas do Blog PROCURA-SE, seção QUERO PARTILHAR, vez que não me sinto à vontade para tocar no tema. Ressalvo que não foi uma farra, adianto que não foi bom, mais uma vez devo reconhecer que a doença é traiçoeira. Se fosse levar em conta o uso diria que quase não houve recaída e o que me mortifica é o aspecto moral da recaída. Sei que nada devo esperar de ninguém, apenas sinto que a desinformação dos meus familiares é imensa e que eles exageram e só amplificam minha dor, quando amplificam meus erros e o que é microscópico torna-se macroscópico. Não era para ter acontecido mas aconteceu. Ocorreu no pior momento. Eu vinha escrevendo que me sentia desconfortável e atribuía isso à síndrome do confinamento. Tudo mais que poderia me ajudar, como terapia por telefone, sair, passear, servir-me de um hobby e seguir a experiência dos grupos de auto-ajuda, como AA e NA, não fiz, não podia e nem tinha companhia. Tornei-me dependente de outras pessoas e estas pessoas não podem dedicar o precioso tempo comigo. São excelentes pessoas, extremamente capacitadas, embora não se cuidem. Se dependesse da ajuda e apoio dessas pessoas, pra valer, eu diria que há mais tempo já teria partido desta para outra. Hoje eu procuro dar o melhor de mim e tento, quase sozinho, ir buscando me manter em recuperação. Recaídas eu sei que fazem parte do processo e pode acontecer com um veterano, mas devo estar mais consciente, devo esperar menos dos outros e muito de mim. Repito: não fiz farra alguma, não tomei bebida nenhuma, sequer um refrigerante, não fumei. A queda foi muito maior do ponto de vista moral do que do ponto de vista do uso. O gasto que tive ficou por volta de 80 reais. Sinto-me culpado e envergonhado e peço desculpas por ter fraquejado. Não vou me entregar. Continuarei lutando pela minha vida, pela minha libertação, pelos meus ideais de vida, combatendo o que julgo injusto. Preciso imitar os e as codependentes com esse tal desligamento com amor. Nem sei se existe isto partindo do adicto para seus codependentes, mas eu preciso desse desligamento emocional. Preciso trabalhar isso e também preciso aprender a ser só, a viver só, a andar só, sem depender de ninguém e sem ter que recair quando estiver só, me sentindo pra baixo. Eu sei que não devo dizer nunca até porque sei que pessoas precisam de pessoas, apenas penso em precisar menos, só isso. Mesmo envergonhado e decepcionado comigo mesmo, continuarei postando e acreditando na vitória. Só gostaria que os que me julgam fossem mais humanos e menos falso-moralistas e que de modo e maneira alguma mintam. A mentira me enoja. Exponho minha vida publicamente de modo que, se buscam a verdade, as minhas verdades estão postadas neste blog e em outros, mediante comentários.

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