É tão desagradável escrever sobre situações pelas quais passei. Acabo me policiando. Pretendia escrever sobre a sensação que o inicio de uma overdose causa, mas, só em tocar no tema, acredito que estarei tocando em uma espécie de tabu.
Não me sinto à vontade em relatar verdades que vivi. Momentos que foram de muita dificuldade.
Falar que usei causa mal-estar nos co-dependentes, principalmente os que não se tratam.
Não irei descer muito a detalhes, mas por algumas vezes perdi o controle ao usar cocaína. É terrível lembrar.
Os usuários costumam dar um tempo entre uma carreira e outra e eu, por algumas vezes, sozinho, contrariado, por isso mesmo sozinho, sai cheirando. Perdi o controle e, ao me aproximar de um posto de combustível decidi parar o carro, descer, entrar em uma select, pegar uma água tônica e tomar. Não estava me sentindo bem.
Iniciava-se um mal estar qualquer que imaginei pudesse resolver com uma tônica. Qual nada, ao voltar e entrar no carro, senti uma sensação incômoda. Parecia que estava respirando menos do que devia e parecia que ia desmaiar.
Procurei respirar fundo e manter-me calmo. Não tinha mais dúvida alguma que ali estava se estabelecendo o início de uma overdose. Era só uma questão de tempo.
Fiquei alguns minutos sentado, recostado no banco do carro, sem tomar a água tônica. Esperava ter um instante de melhora para ligar o automóvel e sair em busca de uma farmácia.
Sabia o que fazer em uma hora dessas. O correto era buscar um hospital, mas poderia ser um processo complicado.
Houve o instante de melhora. Liguei o carro, observei o movimento e peguei a pista, em diagonal, pois teria que pegar uma outra pista à procura de uma farmácia,que sabia funcionar 24 horas. Consegui percorrer mais de 2 quilometros. Novamente o mal estar me acometeu. Estava me sentindo pior e precisava continuar a reagir. Não podia ficar dentro do carro e não podia sair para desmaiar...
Estacionei em outro posto de gasolina. Aprofundei a respiração. Não queria sentar, mas foi necessário. Melhorava um pouco e, para evitar apagar dentro do carro, saia. Sempre respirando o mais que eu podia. Voltei ao carro e comecei a sentir uma pequena melhora.
Outra vez liguei o carro e sai, desta vez tinha urgência e tinha que arriscar correr um pouco mais. Sentia-me capaz de fazer o que me propunha. Peguei a pista. Dirigia com toda atenção. Sabia o que se passava.
Finalmente cheguei até a farmácia. Estacionei em uma vaga. Dei sorte. Desci e fui o mais rápido possível para a porta da farmácia. Chamei a balconista pedindo urgência. Disse a ela os remédios que queria.
Um, a balconista disse que não tinha. Indiquei a ela o nome genérico. Ela pediu receita, era tarja preta. Disse que não tinha e que estava tendo um derrame, que era hipertenso (verdade) e que se ela não me fornecesse os remédios, morreria.
Não havia tempo de buscar hospital. Ela pediu a garantia do pagamento, Pedi que trouxesse tudo e a máquina para pagar, no debito automático, em conta. Ela foi rápida e me atendeu.
Veio o vigia do posto, curioso, pra saber o que se passava. Ao receber os medicamentos fiz uso deles. Disse ao vigia: - graças a Deus, agora tenho que aguentar meia hora, que é o tempo da melhora. Dito e certo. Meia hora depois estava me levantando, agradecendo e indo embora para casa, motorizado.
Já ouvi relatos de muitas pessoas, porém todas foram parar em um hospital.
SPH, estou vivo, limpo e não quero mais saber de usar nada. Como tenho dito, sem chance para drogas e recaída. O futuro está nas mãos de Deus.
Só por hoje funciona!
Não me sinto à vontade em relatar verdades que vivi. Momentos que foram de muita dificuldade.
Falar que usei causa mal-estar nos co-dependentes, principalmente os que não se tratam.
Não irei descer muito a detalhes, mas por algumas vezes perdi o controle ao usar cocaína. É terrível lembrar.
Os usuários costumam dar um tempo entre uma carreira e outra e eu, por algumas vezes, sozinho, contrariado, por isso mesmo sozinho, sai cheirando. Perdi o controle e, ao me aproximar de um posto de combustível decidi parar o carro, descer, entrar em uma select, pegar uma água tônica e tomar. Não estava me sentindo bem.
Iniciava-se um mal estar qualquer que imaginei pudesse resolver com uma tônica. Qual nada, ao voltar e entrar no carro, senti uma sensação incômoda. Parecia que estava respirando menos do que devia e parecia que ia desmaiar.
Procurei respirar fundo e manter-me calmo. Não tinha mais dúvida alguma que ali estava se estabelecendo o início de uma overdose. Era só uma questão de tempo.
Fiquei alguns minutos sentado, recostado no banco do carro, sem tomar a água tônica. Esperava ter um instante de melhora para ligar o automóvel e sair em busca de uma farmácia.
Sabia o que fazer em uma hora dessas. O correto era buscar um hospital, mas poderia ser um processo complicado.
Houve o instante de melhora. Liguei o carro, observei o movimento e peguei a pista, em diagonal, pois teria que pegar uma outra pista à procura de uma farmácia,que sabia funcionar 24 horas. Consegui percorrer mais de 2 quilometros. Novamente o mal estar me acometeu. Estava me sentindo pior e precisava continuar a reagir. Não podia ficar dentro do carro e não podia sair para desmaiar...
Estacionei em outro posto de gasolina. Aprofundei a respiração. Não queria sentar, mas foi necessário. Melhorava um pouco e, para evitar apagar dentro do carro, saia. Sempre respirando o mais que eu podia. Voltei ao carro e comecei a sentir uma pequena melhora.
Outra vez liguei o carro e sai, desta vez tinha urgência e tinha que arriscar correr um pouco mais. Sentia-me capaz de fazer o que me propunha. Peguei a pista. Dirigia com toda atenção. Sabia o que se passava.
Finalmente cheguei até a farmácia. Estacionei em uma vaga. Dei sorte. Desci e fui o mais rápido possível para a porta da farmácia. Chamei a balconista pedindo urgência. Disse a ela os remédios que queria.
Um, a balconista disse que não tinha. Indiquei a ela o nome genérico. Ela pediu receita, era tarja preta. Disse que não tinha e que estava tendo um derrame, que era hipertenso (verdade) e que se ela não me fornecesse os remédios, morreria.
Não havia tempo de buscar hospital. Ela pediu a garantia do pagamento, Pedi que trouxesse tudo e a máquina para pagar, no debito automático, em conta. Ela foi rápida e me atendeu.
Veio o vigia do posto, curioso, pra saber o que se passava. Ao receber os medicamentos fiz uso deles. Disse ao vigia: - graças a Deus, agora tenho que aguentar meia hora, que é o tempo da melhora. Dito e certo. Meia hora depois estava me levantando, agradecendo e indo embora para casa, motorizado.
Já ouvi relatos de muitas pessoas, porém todas foram parar em um hospital.
SPH, estou vivo, limpo e não quero mais saber de usar nada. Como tenho dito, sem chance para drogas e recaída. O futuro está nas mãos de Deus.
Só por hoje funciona!
O passado amigo passou, ficou murcho, passado...
ResponderExcluirMas mesmo assim algumas pessoas sentem a necessidade de se agarrar a este fruto seco, murcho que é o passado, mesmo vendo o fruto maduro e fresco em cima da mesa, ao alcance de suas mãos, preferem se apegar a fruta seca e passada, pois preferem o gosto amargo do conhecido a correr o risco de se deliciar com o frescor co presente.... Fazer o que?? Cada um tem seu tempo... Graças ao PS, só por hoje abri mão do passado, e não tento mais me alimentar dos frutos verdes do futuro... só por hoje me delicio com o presente!!!!
Beijos amigo
A recuperação é sua, sim. Continue acreditando, mantenha seu otimismo e deixe o resto, tudo o que for negativo, pra trás. Viva so por hoje, do seu modo, como você é. Esqueça quem lhe deixou na estrada, pegou o carro e sumiu. Você demonstra estar bem, vivendo sem necessidade de mentiras, hipocrisias, porém, dotado de um senso crítico que não lhe permite tocar nas feridas do passado para não ferir co-dependentes. Seja, acima de tudo, honesto consigo mesmo. O que passou passou, não tem retorno. Doravante poderá refazer sua vida e, para tanto, viva um dia de cada vez. Solidariedade humana, incentivo, estimulos, não lhe faltarão. Força e muita fé !
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