COMPARTILHAR É ABSOLVER CULPAS
O compartilhamento vai além: funciona como uma espécie de bênção, de sacramento, de absolvição. Parece até um óleo sagrado que nos legitima e nos absolve. Basta falarmos com alguém que respeitamos sobre nossos segredos que uma espécie de milagre se opera. Não foi por outro motivo que a Igreja Católica instituiu a confissão, que não passa de uma forma de compartilhamento ritualizada.
Aliviar o dependente de pesadas culpas é importante, pois há tentação de retorno à compulsão só para esquecer problemas e anestesiar remorsos; distrair-se da própria realidade de sua vida que, no fundo, tanto detesta. Afinal, quem gosta de desgoverno, descontrole, desregramento?
Compartilhar é espantar fantasmas. Isso porque a imaginação solitária imagina que as outras pessoas jamais perdoarão suas supostas falhas. Os outros vão se tornando perigosos perseguidores sem possibilidade de ternura ou compreensão. Se, depois de se comunicar com eles, esses maus pressentimentos não ocorrem, nem se confirmam, surge um imenso alívio.
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