Tenho verificado que muitas mulheres, que não são co-dependentes, ao aconselharem esposas manifestam profunda ignorância sobre a dependência química, sobre tantas coisas mais que envolve uma vida a dois, o relacionamento de um casal, filhos e um rol inumerável de problemas. Abstraindo-se aspectos conservadores que merecem uma abordagem nova e consequente, o texto merece atenção.
Bem, resumindo a ópera: copiei o texto do capitulo do livro azul dos Alcoólicos Anônimos por entender que se trata de um tema que deve romper as barreiras do egoísmo, do copyright, pois trata-se de um tema que envolve milhares de vidas, de casais e casamentos, por isso mesmo merecem se tornar de dominio público.
Com este espirito e pensamento procuro lançar alguma luz a quem se perdeu no mundo das trevas, esquecendo-se aonde fica o interruptor para ligar a luz, se acha no fundo do porão da própria alma. Confesso que cansei e que não procedi uma revisão apurada. Perdão, portanto.
O texto é longo e sugiro que o imprimam para uma leitura mais acomodada e confortável. Não deu para formatar, também. Amanhã, com calma, quebro o texto.
Vamos lá :
AS ESPOSAS
Salvo raras
exceções, até agora nosso
livro falou somente dos
homens. mas o que
foi dito aplica-se igualmente
às mulheres. Nossas
atividades junto às
mulheres que bebem
estão crescendo. Tudo indica que
a mulher recupera sua saúde tão
facilmente como o homem, se seguir nossas
sugestões.
Mas, cada homem que bebe envolve a outros œ a
esposa, que treme com
medo da próxima bebedeira; os pais, que veem como seu filho se consome.
Entre nós
há esposas, parentes
e amigos cujos
problemas foram solucionados,
e também outros que
ainda não encontraram
uma solução feliz.
Queremos que as
esposas de Alcoólicos Anônimos se dirijam às esposas de
homens que bebem em demasia. O que elas irão contar aplicar-se-á a quase toda
pessoa vinculada a um alcoólico por laços de sangue ou afeto.
Como esposas
de Alcoólicos Anônimos,
deduz-se que compreendemos
este assunto como poucas pessoas poderiam fazê-lo.
Queremos analisar os erros que cometemos. Queremos deixá-las com a
convicção de que
não há situação
difícil demais, nem
infelicidade grande demais
que não possa ser superada.
Temos peregrinado
por um caminho rochoso, não
há a menor
dúvida. Tem os tido
longos encontros com o
orgulho ferido, a
frustração, a auto piedade,
a incompreensão e
o medo. Estes sentimentos não são
companheiros agradáveis. Fomos
levadas à comiseração
exagerada e a ressentimentos amargos.
Algumas de nós
passaram de um
extremo ao outro,
sempre esperando que algum dia
nossos entes queridos voltassem os homens que eram antes.
Nossa lealdade e o desejo que nossos maridos
pudessem levantar a cabeça
e ser como os outros homens,
colocou-nos em toda
classe de situações
difíceis. Temos sido
abnegadas até ao sacrifício. Tivemos de dizer uma
infinidade de mentiras para resguardar nosso orgulho e a reputação de nossos
maridos. Rezamos, imploramos,
fomos pacientes. Fomos
agressivas. Abandonamos nossos lares.
Sofremos neurose. Passamos
momentos de terror.
Procuramos a simpatia.
Em retribuição, tivemos amores com outros homens.
Nossos lares foram campos de
batalha durante muitas noites. Na manhã seguinte, beijávamo-nos e
nos reconciliávamos. Nossos
amigos nos aconselharam
abandonar nossos mar idos
e o fizemos com determinação,
para voltar logo depois
com nova esperança, sempre com
esperança.
Nossos homens
fizeram solenes juramentos
de nunca mais
tornar a beber.
Acreditamos neles, quando já
ninguém queria ou
podia crer. Então,
passados alguns dias,
semanas ou meses, acontecia um novo desastre.
Raramente convidávamos
os amigos aos
nossos lares, pois
nunca sabíamos como
ou quando chegariam nossos
maridos. Marcávamos poucos
encontros sociais. Chegávamos
a viver quase segregadas.
Quando éramos convidadas
a sair, nossos
maridos tomavam tantos
—drinks“ escondidos, que estragavam a ocasião. Ao contrário, se se
abstinham, sua auto piedade aborrecia os outros.
Nunca houve
segurança financeira. Os
empregos estavam sempre
sendo perdidos, ou em perigo.
Nem com carro blindado teríamos podido conseguir que o envelope com o salário
chegasse até nossa casa. O saldo no banco derretia-se como a neve no verão.
s vezes havia
outras mulheres. Que dor no coração
dava essa revelação; como
era cruel ouvir que elas compreendiam
nossos maridos melhor que nós mesmas!
E
os cobradores, os
meirinhos, os furiosos
choferes de táxi,
a polícia, os
vagabundos, os colegas e até as
amiguinhas que às vezes traziam para casa?! Nossos maridos nos achavam pouco hospitaleiras.
—Desmancha prazeres, linguarudas“ - era
o que nos chamavam. No dia seguinte eles voltavam novamente ao normal, nós os
desculpávamos e tentávamos esquecer .
Tentamos manter o amor de nossos
filhos para com o pai. Explicamos às crianças que papai estava doente, o que
era bem mais perto da realidade do que
supúnhamos. Batiam nas
crianças, davam pontapés nos painéis da porta, quebravam móveis de valor
e arrancavam as teclas do piano.
Em meio
a todo esse
pandemônio, eram capazes
de sair de casa,
ameaçando passar o
resto da vida com
outra mulher. Em
nosso desespero, chegamos
até a nos
embebedar também œ a bebedeira que
acabaria com todas
as bebedeiras. E
o assombroso é
que isso parecia
agradar nossos maridos.
Talvez, ao chegar a este ponto,
nos desquitamos e levamos os filhos para
a casa de nossos pais. Então, pelo
abandono, éramos severamente
criticadas pelos sogros.
Geralmente, não abandonávamos o
lar. Aguentávamos indefinidamente. Chegamos
até a procurar
emprego, para evitar a destruição
que ameaçava nossa família.
A
medida que as
bebedeiras iam se
tornando cada vez
mais frequentes, começávamos
a pedir conselhos médicos.
Os alarmantes sintomas
físicos e mentais,
o remorso cada
vez mais
profundo, as
depressões que iam dominando
nossos entes queridos œ
tudo isto nos aterrorizava e destruía.
Subimos com paciência e cansaço para, afinal, cair de novo, exaustas pelo nosso
esforço inútil de chegar até
terra firme. A maioria de
nós chegou às últimas
etapas, com suas
internações em sanatórios, hospitais
e prisões. s vezes, chegávamos
a assistir o
delírio e a loucura.
Frequentemente, a morte rondava por perto.
Sob estas
circunstâncias, é natural
que incorrêssemos em
erros. Alguns eram
frutos da ignorância a
respeito do alcoolismo.
Em algumas ocasiões,
tínhamos vaga sensação
de que estávamos tratando com
homens doentes. Se tivéssemos compreendido bem a natureza da doença do
alcoolismo, provavelmente teríamos agido de maneira diferente.
Como podiam homens,
que amavam suas
esposas e seus
filhos, ser tão
falhos de consideração e
compreensão a tão
cruéis? Pensávamos que
não podia haver
amor em tais pessoas.
E justamente quando
nos convencíamos de que
não tinham coração, nos
surpreendiam com novas resoluções
e atenções. Durante
algum tempo voltavam
a ser as
pessoas afáveis de antes, para, afinal, quebrar a nova
estrutura em pedaços, novamente. Quando
lhes perguntávamos por que tinham voltado
a beber, respondiam
com qualquer resposta absurda, ou nada
diziam. Era tão
desconcertante e desencorajador! Poderíamos
estar tão enganadas
com os homens
que escolhêramos para esposos?
Quando bebiam, tornavam-se
irreconhecíveis. s vezes
eram tão inacessíveis, que
parecia que uma grande parede fora construída à sua volta.
E
ainda que não
amassem as suas
famílias, como podiam
ser tão cegos
em relação a si mesmos?
Que acontecera a seus juízos, seus sentidos comuns, sua força de vontade? Por
que não podiam ver que a bebida significava a sua ruína? Por que, quando apontávamos
estes perigos, eles concordavam, e logo depois se embebedavam de novo?
Eis algumas
perguntas que passam
pela mente de
uma mulher com
marido alcoólico. Esperamos que
este livro tenha
respondido a algumas
delas. Talvez seu marido
esteja vivendo nesse estranho
mundo do alcoolismo, onde tudo está alterado e exagerado. Você pode ver que ele
realmente a ama
com o que tem de
melhor. É claro que existe
a incompreensão, mas
em quase todos os casos,
o alcoólico só parece ser
desafeiçoado e sem consideração,
e geralmente por se achar
desajeitado e adoentado
faz essas coisas
incríveis. Hoje, a
maioria de nossos
homens é melhor marido e pai do
que nunca.
Tente não
condenar seu marido
alcoólico, não importa
o que ele
diga ou faça.
É simplesmente um enfermo,
quase irracional. Trate-o,
quando puder, como
se tivesse pneumonia. Quando a irrita, lembre-se de que
ele está muito doente. Há uma
exceção importante ao que dissemos.
Reconhecemos que alguns
homens são sumamente mal
intencionados, que nenhuma dose de paciência fará diferença alguma. Um
alcoólico deste temperamento logo
se aproveitará deste
capítulo como uma arma contra
você. Não permita que o faça.
Se estiver segura de que ele é
deste tipo, poderá
achar que deve abandoná-lo. Seria certo
deixá-lo arruinar a
sua vida e
a de seus
filhos? Sobretudo quando
tem a seu
alcance uma maneira de parar de
beber, se estiver disposto a pagar o preço.
O
problema com o
qual você está
lutando geralmente cai
dentro de uma
das quatro categorias seguintes:
Primeira: Talvez seu esposo não seja mais que um bebedor exagerado. Talvez beba de maneira constante, ou em excesso, apenas em determinadas ocasiões. Talvez gaste dinheiro demais na bebida. Poderá estar se atrasando mental e fisicamente, mas não o reconhece. As vezes, ele é causa de embaraço para você e seus amigos. Está convencido de que domina a bebida, que não lhe faz mal, que beber é necessário para seus negócios. Provavelmente sentir-se-ia insultado se fosse chamado de alcoólico. Este mundo está cheio de gente parecida com ele. Alguns diminuirão ou deixarão o álcool de uma vez e outros não. Daqueles que continuam, muitos tornar-se-ão verdadeiros alcoólicos após algum tempo.
Primeira: Talvez seu esposo não seja mais que um bebedor exagerado. Talvez beba de maneira constante, ou em excesso, apenas em determinadas ocasiões. Talvez gaste dinheiro demais na bebida. Poderá estar se atrasando mental e fisicamente, mas não o reconhece. As vezes, ele é causa de embaraço para você e seus amigos. Está convencido de que domina a bebida, que não lhe faz mal, que beber é necessário para seus negócios. Provavelmente sentir-se-ia insultado se fosse chamado de alcoólico. Este mundo está cheio de gente parecida com ele. Alguns diminuirão ou deixarão o álcool de uma vez e outros não. Daqueles que continuam, muitos tornar-se-ão verdadeiros alcoólicos após algum tempo.
Segunda: Seu marido
está mostrando falta de controle, pois não consegue ficar afastado da bebida nem quando quer. Frequentemente,
fica totalmente desequilibrado quando bebe. Admite isto como verdade, mas
está convencido de que melhorará.
Já começou a experimentar,
com ou sem sua ajuda, várias maneiras de moderar a bebida ou permanecer
sóbrio. Talvez esteja começando a perder seus amigos. Seus negócios poderão
sofrer um pouco. s vezes está intranquilo
e começa a reconhece que não consegue
beber como os outros. Bebe de manhã e, às vezes, todo o dia, para controlar seu
nervosismo. Sente remorso depois
de bebedeiras sérias
e confessa-lhe que
quer parar. Mas, ao terminar esta fase, começa a pensar novamente como
poderá beber com moderação na próxima
vez. Nós acreditamos
que esta pessoa
está em perigo.
Estes são os sintomas
de um verdadeiro alcoólico.
Talvez ainda possa
cuidar de seus
negócios razoavelmente bem. Ainda está longe de ter perdido tudo. Como
dizemos entre nós: —Ele quer querer parar“.
Terceira: Este marido já foi
bem mais longe do que o marido número
dois. Embora em certa época tenha sido
igual ao número
dois, piorou. Seus
amigos desapareceram, seu
lar está praticamente em ruínas e
não consegue manter um emprego. Talvez já tenha procurado o médico e comece a
interminável ronda pelos
sanatórios e hospitais.
Ele admite não
poder beber como
os outros, mas não entende porque. Apega-se à noção de que ainda
encontrará alguma maneira. Pode ter
chegado ao ponto em que
desesperadamente quer parar e não
consegue. Seu caso apresenta várias questões adicionais que tentaremos
responder mais adiante. Há boas esperanças num caso destes.
Quarta: Você poderá ter um marido que a desespere totalmente. Ele já foi internado diversas vezes. Ou é violento ou aparenta estar definitivamente louco quando bebe. As vezes, bebe na viagem de volta do hospital. Provavelmente tenha tido —delirium tremes“. Os médicos poderão sacudir a cabeça e aconselhar uma nova internação. Talvez já tenha sido obrigada a interná-lo definitivamente. Este quadro pode não ser tão escuro como pareça. Muitos de nossos maridos chegaram até este ponto. No entanto, se recuperaram.
Quarta: Você poderá ter um marido que a desespere totalmente. Ele já foi internado diversas vezes. Ou é violento ou aparenta estar definitivamente louco quando bebe. As vezes, bebe na viagem de volta do hospital. Provavelmente tenha tido —delirium tremes“. Os médicos poderão sacudir a cabeça e aconselhar uma nova internação. Talvez já tenha sido obrigada a interná-lo definitivamente. Este quadro pode não ser tão escuro como pareça. Muitos de nossos maridos chegaram até este ponto. No entanto, se recuperaram.
Voltemos agora
ao marido número
um. Por estranho
que pareça, frequentemente é
difícil brigar com ele.
Gosta de beber.
O álcool desperta
sua imaginação. Quando
bebe, sente-se mais próximo
aos seus amigos.
Talvez você goste
de beber com
ele, quando não
exagera! Passaram tardinhas
agradáveis juntos, conversando
e bebendo. Pode ser que
ambos gostem de
festas, que seriam sombrias
sem bebida. Nos
mesmas temos desfrutado
de tais noites
e nos divertimos, mesmo. Conhecemos
bem a função
da bebida como lubrificante social.
Algumas de nós,
embora nem todas, achamos que o álcool tem suas vantagens quando não é
tomado em excesso.
O primeiro princípio é que você
nunca deve ficar com raiva. Mesmo que seu marido se torne insuportável e você
deva deixá-lo por algum tempo, deverá ir, se puder, sem rancor. A paciência e
um bom —temperamento“ são indispensáveis.
Nossa próxima ideia é que
nunca deve aconselhá-lo a respeito
de suas bebedeiras.
Se ele chegar a ter a ideia de
que você é desmancha-prazeres, sua —chance“
de conseguir fazer qualquer coisa de útil será praticamente nula.
Ele se aproveitará disso como uma desculpa para beber mais. Dir-lhe-á que ninguém o
compreende. Poderá procurar outra pessoa para consolá-lo e nem sempre outro
homem.
Tome a
firme determinação de que as
bebedeiras de seu
marido não estragarão
as suas relações com
seus filhos e
amigos.. eles precisam
de seu companheirismo e de sua
ajuda. É possível ter
uma vida cheia e
útil, ainda que seu marido continue a beber. Conhecemos mulheres que
não tem medo
e até são
felizes nestas condições.
Não espere reformar
seu marido.Provavelmente não o consiga,
apesar dos seus melhores esforços.
Sabemos que estas
sugestões nem sempre
são fáceis de
seguir, porém evitará
muitos aborrecimentos, se conseguir
observá-las. Seu marido
poderá vir a
reconhecer sua razão
e paciência. E isto poderá levar a uma troca de ideias amigáveis a
respeito de seu problema alcoólico.
Faça com que ele mesmo aborde o
assunto. Não o critique durante a conversa.
Ao contrário, tente pôr-se o lugar dele. Deixe-o ver que você quer ajudar e não criticar.
Quando chegar a hora
de uma conversa, você poderia
sugerir a ele que lesse este livro ou, pelo menos,
o capítulo sobre
alcoolismo. Diga-lhe estar
preocupada, embora talvez
semn ecessidade. Acha que ele deve aprofundar-se no assunto, pois toda
pessoa deve conhecer bem os riscos
que corre, se
beber demais. Mostre-lhe
confiar na sua
habilidade de parar
ou moderar.
Explique-lhe não
ser um desmancha-prazeres; que
somente quer que
ele cuide de
sua saúde.
Assim, poderá conseguir
interessá-lo no problema do alcoolismo.
Provavelmente seu marido conhece
vários alcoólicos entre seus companheiros. Você poderia sugerir que
ambos, você e ele,
tomassem interesse por
esses infelizes. Os bebedores
gostam de ajudar outros
bebedores. Pode ser que seu esposo esteja disposto a falar com um deles.
Se este tipo
de aproximação não
conquistar o interesse de seu
mar ido, será melhor
deixar morrer o assunto, embora, depois de uma conversa amigável, geralmente
ele abrirá o assunto por si mesmo. Isto poderá requerer bastante paciência, porém, valerá a pena.
No entanto, tente ajudar a esposa de
outro bebedor exagerado. Se agir na base destes princípios, seu marido poderá
parar ou moderar.
Suponha, não
obstante, que seu
marido preencha a
descrição do número
dois. Devem-se aplicar os mesmos
princípios sugeridos para o marido número um. Más, após a próxima bebedeira, pergunte-lhe
se realmente gostaria de deixar de beber de uma vez. Não peça para fazê-lo por
você ou alguma outra pessoa. Simplesmente, pergunte se gostaria.
As possibilidades são
favoráveis. Mostre-lhe seu
exemplar deste livro
e explique-lhe o que aprendeu a
respeito do alcoolismo.
Diga-lhe que, como
alcoólicos, os autores
deste livro compreendem o
problema. Conte-lhe algumas
das histórias interessantes
que leu. Se
ele não aceitar um remédio espiritual, peça-lhe para dar uma olhada no capítulo sobre o alcoolismo. Então, talvez
se interesse o suficiente para iniciar a leitura.
Se ele se
entusiasmar, sua cooperação
será de grande
valia. Si se
mostrar indiferente, ou não
se considerar um alcoólico, sugerimos deixar de pensar nisso. Evite insistir em que
ele siga o programa. A
semente já foi
plantada em sua
mente. Ele sabe
que milhares de
homens, com os mesmos
problemas, se recuperaram.
Mas não o
faça lembrar-se disto,
porque depois dele
estar bebendo, poderá deixá-lo irritado. Mais cedo ou mais tarde, é
possível encontrá-lo lendo este livro de ovo. Espere até que as repetidas
recaídas convençam-no de que chegou a hora de agir, pois quanto mais o
apressar, mais adiará sua recuperação.
Se seu caso é com o marido número
três, você poderá estar com sorte. Certa de que ele quer parar de beber,
procure-o com este volume, alegre como se tivesse ganho na loteria. Ele poderá
não compartilhar da
sua alegria, mas seguramente lerá o
livro. Se não o fizer logo,
provavelmente não terá de esperar muito. Mais uma vez, não o importune.
Deixe-o decidir por si mesmo. Aguente suas bebedeiras sem rancor. Fale de sua condição ou
deste livro unicamente
quando ele abordar
o assunto. Em alguns casos
será melhor que
uma pessoa que
não seja da
família lhe apresente
o livro. Ela poderá
sugerir ação sem
criar hostilidade. Se
seu marido é
normal em todos
os outros aspectos, suas
probabilidades são boas nesta etapa.
Poder-se-ia supor
que os homens
enquadrados na quarta
qualificação tenham poucas esperanças, mas não é o caso. Eram
assim muitos dos Alcoólicos Anônimos. Todos os davam por perdidos. A derrota
parecia inevitável. Não obstante, tais
homens conseguiram espetaculares recuperações.
Existem exceções.
Alguns eram tão
viciados, que não
conseguiam parar. Há casos onde o
alcoolismo é agravado
por outras desordens.
Um bom médico
ou psiquiatra poderá
lhe dizer se estas
complicações são sérias. De qualquer forma, procure fazer seu marido ler este
livro. Poderá reagir com entusiasmo. Se já
estiver internado numa
instituição, mas puder
convencer a você e ao médico
de que levará o negócio a
sério, dê-lhe a
oportunidade de tentar nosso
método, a não ser que
o médico ache
sua condição mental
anormal ou perigosa.
Recomendamos isto com certa confiança. Durante anos
vimos trabalhando com
alcoólicos internados em
instituições. Desde que este
livro foi publicado pela primeira vez, o A.A. conseguiu livrar milhares de
alcoólicos de sanatórios e hospitais de todo tipo. A maioria nunca mais
voltou. O poder de Deus é profundo!
Talvez a situação seja inversa.
Pode ser que seu marido esteja fora, mas deve ser internado*.
Alguns homens não
podem ou se
dispõem a livrar-se
do álcool. Quando
se tornam demasiados perigosos, é
melhor que estejam
em reclusão. Assim
mesmo é bom
consultar um médico.
As esposas e os
filhos de tais
homens sofrem horrivelmente, embora
não mais do
que os próprios doentes.
Todavia, eles poderão
começar uma vida de novo. Conhecemos mulheres que conseguiram encaminhar
os maridos para a recuperação. Se tais mulheres adotam um modo de viver
espiritual, o caminho lhes será mais fácil.
Se seu marido é um beberrão,
provavelmente você se inquieta sobre o que pensam as outras pessoas e não gosta de se
encontrar com seus amigos. Fecha-se cada vez mais em si mesma, pois percebe que
todo mundo anda falando das condições do seu lar. Você evita o assunto de
bebida até com seus pais.
Não sabe o que contar a
seus filhos. Quando
seu marido fica ruim, você se
torna uma reclusa trêmula, desejando que nunca tivessem inventado o
telefone.
Achamos a maior parte desse embaraço desnecessária. Embora
não tenha que falar
sobre seu marido extensamente,
poderá discretamente avisar
seus amigos sobre
a natureza da sua
doença. Mas deve cuidar de não embaraçá-lo ou feri-lo.
Quando acabar a explicação
cuidadosamente feita a tais amigos sobre seu esposo, você terá criado uma
nova atmosfera. As
barreiras entre você e eles
desaparecerão. Não mais
sentir-se-á solitária ou com necessidade de se desculpar, como se seu
marido fosse um sujeito fraco. Sua nova coragem e boa disposição farão milagres
por você, socialmente.
Os mesmos princípios se aplicam
em relação às crianças. A não ser que realmente precisem ser protegidas
do pai, é melhor
ignorar qualquer discussão entre pai e
filhos quando aquele esteja bebendo. Utilize suas energias para promover uma
melhor compreensão geral. Então, essa terrível tensão, que
envolve o lar de todo bebedor-problema, diminuirá.
Frequentemente, você se sentiu na
obrigação de dizer ao chefe e aos amigos de seu marido
que ele estava doente, quando o
fato é que ele andava bêbado. Evite, quanto possível, responder a estas perguntas.
Sempre que possível,
deixe seu marido
explicar as coisas
por si mesmo.
Seu desejo de protegê-lo não deverá
levá-la a mentir
às pessoas que
têm o direito
de saber onde
ele está e o que anda fazendo. Discuta isto quando ele estiver sóbrio e de bom humor. Pergunte-lhe o
que você
deve fazer, se
ele voltar a
pô-la na mesma
situação. Mas tenha
cuidado de não
ficar ressentida com o que aconteceu na última vez.
Existe um
outro terror paralisante. Você
poderá ter medo de seu marido perder
o emprego; está pensando na
desgraça e nos
tempos difíceis que
você e seus
filhos enfrentarão. Esta conjectura poderá vir a acontecer. Ou
talvez você já tenha passado por ela várias vezes. Se voltar a se repetir,
encare-a de uma
forma diferente. Talvez constitua
uma benção. Poderá convencer seu marido a parar para sempre. E, agora,
você já sabe: ele pode fazê-lo, se quiser. Quantas vezes esta aparente tragédia
foi uma graça para nós, pois nos abriu o caminho à descoberta de Deus!
Já comentamos como se vive melhor
com uma base espiritual. Se Deus pode decifrar o velho enigma do alcoolismo,
também poderá resolver seus problemas. Nós, esposas, achamos que como todas as
outras pessoas, éramos
afligidas pelo orgulho,
auto piedade, vaidade e
todas aquelas coisas que
constituem a personalidade
da pessoa egoísta;
e nem sequer
estávamos isentas do interesse
próprio ou da
desonestidade. A medida
que nossos esposos
foram aplicando princípios espirituais às suas vidas,
reparamos na conveniência de fazer o mesmo.
No início, algumas de
nós acreditávamos não
precisar dessa ajuda.
Imaginávamos, considerando tudo, que éramos mulheres bastante boas,
capazes de ser mais agradáveis se nossos maridos deixassem
de beber. Mas, éramos
suficientemente boas para não necessitar da
ajuda de Deus? Hoje, tentamos pôr
em prática princípios espirituais em todos os aspectos de nossas vidas. A medida em
que o fazemos,
verificamos que também
nossos problemas se
solucionam. A consequente
ausência do medo, da preocupação e de sentimentos feridos é uma coisa
maravilhosa!
Apelamos para você a fim de
experimentar nosso programa, pois nada
ajudará tanto a seu
marido como a atitude
radicalmente mudada que você terá,
guiada por Deus.
Acompanhe seu marido
na medida do possível.
Se você
e seu marido
conseguiram encontrar uma
solução para o
problema imediato da bebida,
logicamente serão muito
felizes. Porém, nem
todos os problemas
se resolverão imediatamente. A semente começou a crescer numa nova terra, mas o crescimento mal se
iniciou.
Apesar de
sua felicidade recém
encontrada, ainda haverá
altos e baixos.
Muitas das velhas questões continuarão acompanhando-os.
E é assim que deverá ser.
A fé e
a sinceridade de
ambos serão postas
à prova. Estas lutas
devem ser consideradas como parte
de sua educação,
pois assim aprenderão a
viver. Incorrerão em erros, mas,
se forem sinceros, não se
deixarão vencer. Pelo contrário, os aproveitarão. Um modo melhor de vida
surgirá, na medida em que eles sejam vencidos. Alguns dos problemas a enfrentar
são a irritação, os sentimentos feridos e os ressentimentos.
As
vezes seu marido
se mostrará pouco
razoável e você
vai querer criticá-lo.
De um minúsculo ponto, no
horizonte doméstico, poderão surgir nuvens de dissensão. Estas discussões
familiares são perigosas, especialmente para seu marido. Frequentemente, você
terá de evitá-las ou mantê-las sob controle.
Nunca se esqueça: os
ressentimentos constituem ameaça
mortal para um alcoólico.
Isto não quer dizer que seja necessário concordar sempre com seu marido,
quando houver uma sincera diferença de opinião. Mas tenha cuidado de não
discordar da forma ressentida ou censuradora.
Você e
seu marido acharão
mais fácil resolver
os problemas difíceis
que os triviais.
Na próxima vez em que vocês tiverem uma discussão acalorada, deverá ser
um privilégio que qualquer dos dois sorria e diga: —Isto está se tornando
sério. Sinto ter me agitado. Vamos discutir mais tarde“.
Se seu marido estiver tentando
viver num plano espiritual,
também estará fazendo o possível
para evitar discussões e aborrecimentos.
Seu esposo sabe que lhe deve mais
do que a sobriedade. Ele quer ter êxito. No entanto, você não deve
esperar o impossível.
Sua maneira de pensar
e fazer as
coisas provém de
hábitos adquiridos durante anos.
Paciência, tolerância, compreensão
e amor são
as palavras-chaves.
Mostre-lhe estas coisas e serão refletidas
dele para você. A regra é viver e deixar viver. Se cada um de vocês mostra o
desejo de remediar seus próprios defeitos, haverá pouca necessidade de críticas
mútuas.
Nós, mulheres, carregamos conosco
o retrato do homem ideal, o tipo que gostaríamos fosse nosso marido. A coisa mais natural do mundo, uma
vez resolvido o problema da bebida, é esperar que agora
ele se aproxime
dessa imagem criada.
Mas, provavelmente isso
não acontecerá, pois, como você, ele apenas está começando
seu desenvolvimento. Seja paciente.
Outro sentimento que poderemos
ter é que o amor e a lealdade não foram capazes de curar nossos maridos
do alcoolismo. Não gostamos
da ideia de
que um livro
ou o esforço
de alguém pudesse conseguir, em
breves semanas, aquilo pelo qual lutamos durante anos. Nesses momentos esquecemos
que o alcoolismo é uma doença sobre a qual não tínhamos nenhum poder. Seu
marido será o primeiro a dizer que sua devoção e atenção o levaram a ter uma
experiência espiritual. Sem você, teria se
destruído há muito
tempo. Quando vierem
ideias de ressentimento, tente afastá-las com simplicidade e
brandura. Afinal de contas, sua
família está reunida, o álcool deixou de ser um problema, e você e seu marido estão
trabalhando para alcançar um futuro jamais sonhado.
Outra dificuldade é a de que
possa ter ciúmes da atenção por ele dedicada a outras pessoas, especialmente a alcoólicos.
Você estava ansiosa por seu
companheirismo e, no entanto, ele passa longas
horas ajudando outros homens e suas famílias. Acha que, agora, seu marido devia
pertencer-lhe totalmente. Ele, porém, precisa trabalhar com os outros
para manter sua sobriedade. s vezes ficará tão
interessado que a
negligenciará bastante. Sua
casa estará cheia
de estranhos. Você poderá não gostar deles. Seu esposo se preocupará com os
problemas dessa gente e não com os seus. Pouco
adiantará lhe dizer
isto e pedir-lhe
mais atenção para
você. Consideram os um
sério erro desanimá-lo no
seu trabalho alcoólico.
Deverá acompanhá-lo nos seus
esforços tanto quanto possível.
Sugeriríamos dirigir parte de
seus pensamentos às esposas de seus novos amigos alcoólicos. Elas precisam do
conselho e amor duma mulher que passou pelas suas experiências.
Provavelmente, você e
seu marido tenham
vivido afastados demais, pois
frequentemente a bebida isola
a esposa do
alcoólico. Portanto, necessitará
de novos interesses
e de uma
grande causa para prosseguir, tanto
quanto seu marido. Se cooperar, em vez de se queixar, verificará que o entusiasmo
excessivo dele diminuirá.
Ambos encontrarão novo
sentido de responsabilidade para com
os outros. Você,
como seu marido,
deverá meditar sobre
como contribuir para
a vida. Inevitavelmente, suas
vidas se tornarão melhores.
Talvez seu marido tenha começado
bem nas novas bases, mas, justamente quando as coisas estavam andando
às mil maravilhas,
ele a desanima,
chegando em casa
bêbado. Se estiver pretendendo realmente
que ele deixe
de beber, não
há razão para
ficar alarmada. Embora
fosse muitíssimo melhor que ele não tivesse nenhuma recaída, como tem
sido o caso de muitos de nossos homens, em algumas circunstâncias não é nada
mau que aconteça. Seu marido verá imediatamente que deverá redobrar suas
atividades espirituais, se espera sobreviver. Não será necessário lembrar-lhe
de sua deficiência espiritual œ ele a reconhecerá. Anime-o e pergunte-lhe como
você poderia ser lhe ainda mais útil.
A enos demonstração
de medo ou intolerância poderá
diminuir a —chance“
de recuperação de seu esposo. Num
momento de fraqueza, ele poderá
aproveitar-se do seu desagrado pelos
seus amigos e utilizar-se de alguma desculpa absurda, a fim de continuar
a beber.
Nós jamais
procuramos interceder na
vida de um
homem, para protegê-lo
da tentação. A menor
disposição de sua
parte para controlar
seus encontros e
assuntos, procurando evitar-lhe
o desejo de beber, será logo
percebida. Faça-o sentir-se em total liberdade. Isto é importante. Se
ele se embebedar, não se culpe. Deus removeu o problema do seu marido ou não o
fez. Se não o fez é melhor que o saiba de imediato.
Assim, vocês poderão concentrar-se no fundamental.
Para evitar uma repetição, ponha esse problema,
e tudo o mais, nas mãos de Deus.
Reconhecemos ter-lhe dado
muita direção e
muitos conselhos. Talvez
lhe pareça estarmos fazendo sermões. Se for assim,
sentimos muito, pois nem
mesmo nós gostamos, sempre, de
ouvi-los. Mas, o
que temos contado
baseia-se na experiência,
às vezes dolorosas.
Aprendemos essas coisas da mais
dura maneira. E por isso estamos ansiosas para que você compreenda e evite
estas desnecessárias dificuldades.
Portanto, para você
de fora œ que
logo poderão estar
conosco œ dizemos: —Boa
sorte e que Deus as abençoe!“
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