domingo, 3 de julho de 2011

Clínicas do Terror



De modo geral ninguém acredita no adicto, porque aprendem, ouvem dizer, escutam conversas, de que todos são mentirosos, manipuladores, de tal modo que, quando estão falando a verdade, ninguém acredita. Este é um dilema imenso que todo recuperando deve carregar como marca, carimbo, rótulo, fruto do estigma social e dos mais diversos tipos de preconceito. 


Muitas matérias jornalísticas, sensacionalistas, demonizam os usuários de droga, notadamente o usuário de crack, que se acha em evidência e que usa uma droga quase sempre casada com o álcool, é bom que se diga. Cria-se, assim, um clima que nivela todos por baixo. Falsifica-se a verdade e a atmosfera é quase de histeria no seio da sociedade. A figura do usuário acaba sendo desumanizada, o que é um verdadeiro absurdo. Todo adicto é um ser humano, sejam, ou não portadores de outras patologias. 


Pois bem, todo ser inteligente sabe que não é tomando porrada que alguém vai se consertar e tem gente que intenta consertar uma doença que é, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), " progressiva, incurável e fatal", mas é tratável e controlável e existe tratamento capaz de levar o usuário à recuperação. 

Com essa onda alarmista e a visão demonizada de todos os dependentes químicos criou-se uma verdadeira indústria de clínicas de maus tratos e de terror, sob o manto falso de que são clínicas de recuperação e restauração. Servem muito mais como modelos antigos de manicômios judiciais, com caracteristicas peculiares de um sistema prisional questionável, com a existência de solitárias, salas de tortura, quartinhos do pânico, onde se amarram e aplicam castigos físicos aos "pacientes", que pagam para serem torturados física, moral e psiquicamente. Por esta razão exagerei na dose de postagens falando dessas clínicas, que, a esta hora, podem estar humilhando, maltratando, machucando um ente querido seu, leitor(a), entregue a tais clínicas em regime de confiança e, noutras situações, por ignorância, pois estes modelos de clínica nada resolvem, são como prisões. 


Não se trata coisa alguma nestas clínicas que possuem um modus operandi idênticos. Nelas, internos residentes são castigados e punidos. 


Imagino, nesta hora, o desespero de centenas, talvez milhares de adictos, que se acham largados pelos familiares, desesperançados, sem saber o que fazer, em franco desespero, pois vivem em condições as mais degradantes e humilhantes, sofrendo tratamento cruel, em clínicas despreparadas com a falsa aparência da beleza... Ilude-se familiares no afã de conquistar clientes para este negócio que se pode chamar de negócio da China.

Iniciei falando que as pessoas costumam não dar crédito aos dependentes químicos e, por esta razão as reclamações do mesmo não encontram eco. Nós, ao contrário de muita gente, ao tomarmos conhecimento de algumas cartas, resolvemos entrar na luta pela erradicação de clínicas que só traumatizam e lesam o bolso de pessoas de boa fé. e por saber que as 


As denúncias que fazem contra clínicas são verdadeiras, abrimos as baterias do blog para denunciar estas masmorras que só depõem contra a sociedade e os poderes públicos constituidos, o que - Noblesse Oblige - torna-se um mal a ser combatido exemplarmente, mediante uma força tarefa que assegure toda a segurança aos denunciantes de maus tratos. Estas pseudo clínicas não podem prosperar, pois explorem a boa fé de quem deseja ver-se livre de um mal e, ainda causam estragos na alma dos internos.

A quem internou um parente, um amigo, um esposo, que vá buscar saber como ele está. Peça que o encontro seja reservado e que se dê em clima de liberdade, sem intromissões indevidas. Não fique de braços cruzados. Conheci gente que já ultrapassou um ano de internamento, outros que a família sequer visita (só pagam a clínica) e esta gente sofre maus tratos. 


O abandono de uma pessoa indefesa pode configurar crime de abandono de incapaz. 


Os internamentos, por si só, já são um ato criminoso, seja da família, seja da clínica, e isto pode envolver fraudes de papéis e documentos, por isso é imperativo que o Ministério da Justiça, as Secretarias de Justiça e Direitos Humanos, irmanadas com o Ministério público, órgãos de fiscalização, policias federal, civil e militar, representantes da OAB, em cada Estado Federativo, façam inspeções nesses locais que são verdadeiros centro de terror. Devia-se criar números telefônicos para que tais clínicas sejam denunciadas.

Para finalizar devo fazer uma analogia entre os pássaros engaiolados, que o IBAMA eficazmente protege, aplicando as penalidades cabíveis, àqueles que colocam estes animais silvestres em cativeiro, restituindo-lhes a liberdade. Assim acontece com outros animais. Nós, seres humanos, somos interessantes, proibimos briga de galo, mas permitimos que seres humanos briguem, em ringues, em locais públicos, onde o dinheiro corre solto em apostas. É uma falta de senso que agride a nossa capacidade de pensar. Enquanto pássaros são protegidos, defendidos e os infratores punidos, dependentes de químicos, portadores de uma doença, ainda não encontraram de parte da sociedade organizada, uma instituição que seja concebida para zelar pelos seus direitos.


Dependentes químicos, devem ser respeitados e tratados como qualquer doente é tratado, com o mesmo zelo, respeito e deferência.

Aos adictos que me solicitaram socorro, em São Paulo, o que posso dizer é que estou fazendo a minha parte e que espero das autoridades públicas, municipais, estaduais e federais um plano de ação urgente para que tais abusos e práticas sejam efetivamente coibidas e os infratores punidos com os rigores da lei, em respeito aos direitos humanos, em respeito a cidadania, em respeito a lei, em respeito a saúde, e em defesa dos seus respectivos familiares, quase sempre ludibriados. 
Só por hoje!

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