Tem momentos em que me sinto como quem está na "lanterna dos afogados" como uma pessoa que depende de outra. Na verdade são inúmeras as pessoas que se comportam como a mulher de um pescador que saiu para pescar. A tempestade chega e elas vão para os faróis, que nada mais é do que a lanterna dos afogados.
É cotidianamente assim, como uma codependente diante da rotina do drogadicto, com a marca do medo presente. A esperança é uma marca, dentre tantas outras marcas, que já não importam mais, elas só querem ajudar, salvar, ninguém entende! De repente me vejo assim, como quem quer salvar alguém de algum vício. Como um codependente a espera de si mesmo, talvez. Louco pensamento meu, codependente de mim mesmo. Mas o sentido da espera pode estar no meu reencontro e este reencontro parece tão louco quanto inconcebivel, porque ele tanto pode ocorrer comigo mesmo, ou com outra pessoa. Essa percepção é fruto das inúmeras contradições que tenho de administrar.
É mais provavel que essa espera não se refira a mim, mas a alguém que ficou em algum lugar do passado e nunca mais voltou. Sou como o garoto que tinha um passarinho e o mantinha, por amor e egoísmo, preso
em uma gaiola. Lá um dia, deu alpiste e deixou a portinhola aberta e o passarinho fugiu da gaiola. Por um bom tempo o guri fica à espera de quem encontrou a liberdade e bateu asas e voou, mas o menino, se assemelha com a mulher do pescador, ou com a mulher de um adicto na ativa, aflita, na lanterna dos afogados. Cadê meu cinema Paradiso?!
Há um sentimento de perda casado com o sentimento de esperança que se junta a um bem querer que acaba virando, sem querer, em mau querer, em uma louca lição do que o amor extremado pode levar alguém a fazer. Quem sou eu para falar de amor, sentimento que me parece muito mais próximo das mulheres do que dos homens. Eu não estou mais no bar de nenhum cais do porto, como "jubiabá"... ah, pra que dizer algo que está em um capitulo do livro de Jorge Amado?!
De repente expulso em gargalhada este sentimento louco de mim, como riso pranteado, talvez. Essa coisa que pouca gente entende porque vai escrita em linguagem quase cifrada e enigmática para fugir à compreensão dos mortais. Agora percebo que algo faz falta e o pior é que, o que faz falta, é aquela loucura, que não residia DENTRO DE MIM E QUERIA ME GOVERNAR, ESTANDO INGOVERNÁVEL. VOCÊ NÃO CONSEGUE ME ENTENDER PORQUE TUDO O QUE TRANSCENDE NOSSA CAPACIDADE DE COMPREENSÃO PARECE ALGO MUITO LOUCO E NÃO É... Faz sentido!
AQUELA RAIVA QUE POSSUÍA FOI-SE EMBORA, COMO TUDO MAIS DE BOM E DE RUIM. AGORA "SÓ EU SEI DOS DESERTOS QUE ATRAVESSEI" E ME SINTO COMO UM POBRE RESTO DE ESPERANÇA SENTADO A BEIRA DE UM CAMINHO. DESCONFORTADO DIGO QUE "NÃO VOU ME ADAPTAR", LOGO DEPOIS ACEITO MINHA REALIDADE. É inevitável essa aceitação...
Recuso estar na lanterna dos afogados na ridícula posição de codependente, sem ser exatamente igual. É diferente. É o masoquista à espera do sadismo! Digo: isso não é possível, mas está me ocorrendo. Não entendo dessas coisas. O que faz falta, de repente, talvez seja aquela criança que gostava de brincar com o filhinho, que não era nenhum brinquedo, muito menos filhinho e, como super-mamãe, buscava super-proteger. Baby tinha seu mundo mágico à parte, suas ilusões, sua fé no amor, conforme ela o concebia, eu é que nunca enxerguei: amor de doido!
Ela era mesmo a "doidona"... Bom, agora chore porque vou tomar minha coca-cola e continuar caminhando contra o vento para sair, repentinamente, da cena e de cena. A lanterna dos afogados não ficou sozinha... ficou com minha aflição, desespero, loucura... vive em estado de levitação, numa quase alienação, mentindo pra si mesmo. Não sou "Marvim", nem Capitão Marvel, dá para entender? Tá chupando cana pensando que é chiclete, né? Quer saber do gago, heim? aonde entra o gago nessa história? Foda-se! é só mandar um gago falar dentre outras palavras, CODEPENDENCIA. Nunca ouvi como um gago fala essa palavra! é como enterro de anão, que nunca fui.
kkkk, adorei a crônica se é assim que chama-se....
ResponderExcluirPelo visto hoje o grupo de blogs "anonimos" está inspirado e poético.... adorei
é nessas horas que meu PS ME FALA
JUBIABÁ
ResponderExcluir"alguma coisa, que para ele achar terá ou que cruzar o mar, ou que esperar que omar lhe traga no bojo de um transatlântico, ou no porão de um navio, ou mesmo preso ao corpo de um náufrago.Certa noite no cais os homens pararam de repente o trabalho e correram paraa borda onde o mar batia. Havia uma lua clara e estrelas tão brilhantes que nem sevia a luz da lâmpada de um botequim que se chamava Lanterna dos Afogados. Oshomens encontraram um paletó velho e um chapéu furado. Alguns negros caíramna água. Voltaram com um corpo. Fora um preto velho, um daqueles raros pretosde carapinha branca, que se jogara ao mar. Antônio Balduíno ficou pensando queele entrara pelo caminho de casa, que ele também vinha ao caís todas as noites.Porém um estiva dor explicou: – Ë o velho Salustiano, coitado... Tava sem trabalho desde que saiu daqui dasdocas...Olhou pros lados, cuspiu com raiva. – Disseram que ele já não dava conta do serviços... Já não tinha força...Andava agora passando fome, cortando uma dureza. Coitado...Outro ajuntou. – É sempre assim... Matam a gente de trabalho e depois mandam embora.Quando a gente já não pode fazer outra coisa senão se jogar no mar...Era um mulato magro. Um negro forte disse: – Comem nossa carne e depois não querem roer os ossos. "
Essa do gago foi boa. O que quero destacar são os sentimentos que o texto trás e que estão embutidos nas letras de conhecidas canções. Lanterna dos Afogados, tanto nos remete à vida portuária, quanto a do caes de portos, cheira a bebida, a mulheres e, o que é mais importante que é a esperança apesar de tanto sofrimento. Passa por "Esquinas", excelente com Djavan e que repassa seus dramas íntimos vividos em completa solidão, atravesando desertos...Tangencia "sentado a beira de um caminho, que pra mim é um hino à codependência, com direito a auto-piedade, mas é bonito saber que precisa existir, viver, sentir, sem estar dependente. Serve, igualmente a um DQ. Depois vem "Não Vou me adaptar", dos Titãs que passa a idéia do cara quando ele começa a sentir as mudanças que o tempo, inclemente, produz no semblante da gente. Poderia citar "Años", pois com a idade os sentimentos também mudam. Toca em romance, filosofa e clama pelo seu cinema que não mais existe, numa metáfora que passa desapercebida...Eis que surge um comentarista e me faz lembrar os tempos da vovó, que dizia: "comeu a carne, agora tem que roer os ossos"...referia-se sempre ao esposo, ou ao marido que intentava abandonar a esposa: "comeu a carne, safado, agora vai ter que roer meus ossos"!!! obrigado por lembrar dos gagos
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