quinta-feira, 18 de agosto de 2011

“PRIMEIRO AS COISAS PRIMEIRAS”

“PRIMEIRO AS COISAS PRIMEIRAS”

Eis um velho ditado que, para nós, possui um significado bem especial. Com toda simplicidade, é isto: acima de tudo, devemos lembrar que não podemos beber. Não beber é a prioridade absoluta em qualquer lugar, a qualquer tempo e em qualquer circunstância.

Esta é uma estrita questão de sobrevivência para nós. Já aprendemos que o alcoolismo é uma doença que mata, servindo-se de vários caminhos. Preferimos não ativar a doença, arriscando-nos a um aperitivo.

O tratamento da nossa condição, segundo observa a Associação Médica Americana, consiste “a princípio, a não tomar um gole”. E a nossa experiência reforça esta prescrição terapêutica.

Na prática, na atividade de cada dia, isso quer dizer que devemos dar todos os passos necessários, contra todas as circunstâncias, para não beber.

Já nos perguntaram: Quer dizer que se coloca a sobriedade à frente da família, do emprego e da opinião dos amigos?

Quando encaramos o alcoolismo como uma questão de vida ou morte, a resposta é clara. Se não salvarmos a nossa saúde – nossas vidas – certamente não teremos família, nem emprego, nem amigos. Se valorizamos nossa família, nosso emprego e nossos amigos; devemos primeiro, salvar nossas vidas, a fim de cuidadosamente conservar e manter os três.

“Primeiro as Coisas Primeiras” é rico em outros significados, que podem também ser importantes no combate ao nosso problema de bebida. Por exemplo, muitos de nós notamos que, logo após parar de beber, custava-nos muito mais tomar decisões do que gostaríamos. Elas pareciam chegar a nós com dificuldade, ora sim, ora não.

Pois bem, a indecisão não se limita a alcoólicos recuperados, mas talvez nos preocupasse mais do que aos outros. A dona-de-casa, recentemente sóbria, era incapaz de decidir qual a tarefa de limpeza que devia fazer primeiro. O comerciante hesitava entre responder às chamadas telefônicas e ditar a correspondência. Nos muitos setores de nossas vidas, queríamos pôr em dia as obrigações que tinham sido negligenciadas. Obviamente, não podíamos cuidar de todas de uma só vez.

Desse modo, o lema “Primeiro as Coisas Primeiras” ajudava. Se quaisquer das escolhas à nossa frente envolviam beber ou não, essa decisão merecia e recebia a prioridade. A menos que mantivéssemos a sobriedade, não haveria limpeza a fazer, nem chamadas telefônicas a atender, nem correspondência para ser escrita.

Em seguida, usamos o mesmo lema para ordenar o nosso reencontrado tempo de sobriedade. Tentamos planejar o trabalho de cada dia, organizar as tarefas em ordem de importância sem fazer uma programação muito rígida. Conservamos na mente outra “primeira” – nossa saúde geral -, pois sabíamos que ficar muito cansados ou deixar de tomar uma refeição poderia ser perigoso.

Durante o alcoolismo ativo, muitos de nós levamos vidas bastante desorganizadas, e a confusão, com freqüência, fez sentir-nos desordenados e mesmo desesperados. Aprender a não beber se torna mais fácil, descobrimos, quando se introduz um pouco de ordem em cada dia, mas com realismo e conservando flexível o nosso plano.

O ritmo de nossa rotina pessoal tem um efeito apaziguador, e, para organizar nossa prévia desorganização, o princípio mais efetivo é “Primeiro as Coisas Primeiras”.

Do livro "Viver Sóbrio"

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