Foi no livro que Ozzy escreveu
que me deparei com algo interessante: o terapeuta pede que ele inverta os
papéis, isto é, coloque a esposa no lugar dele e ele se ponha no lugar dela. Pra
qualquer cara consciente essa é uma proposição dura de encarar. Em outras
ocasiões me deparei com situações aparentemente sem significação alguma, mas
que me surpreenderam tanto, que por instantes me senti como se tivesse levado
uma pancada na cabeça e estivesse vendo estrelas. A terapeuta pede algo
simples: - desenhe como foi seu fundo de poço!. Confesso que já desenhei
relativamente bem, mas, naquele instante me vi em apuros. Fechei os olhos,
respirei fundo e tentei ver se achava, ou pensava em algo e deu um branco total. Ainda estava com o
organismo intoxicado. Acabei fazendo um desenho semelhante àqueles que fazia
quando ainda era um pré estudante no maternal. Meu fundo de poço era uma
regressão terrível e eu via aquele desenho horrível colocado no vidro do “aquário”, todos os dias.
Tinha vontade de destruí-lo, mas era importante incomodar-me em vê-lo, diariamente, como um
castigo necessário a meu processo de aprendizagem, dai, talvez eu me visse como
um iniciante em um estágio infantil. Depois, um terapeuta me pediu para
apresentar a ele dez situações vergonhosas por que passei. Naquela primeira
fase só consegui imaginar nove dessas situações, que por terem se tornado
tantas, já não me lembro mais quais foram. Vergonha, mesmo, me ocorreu na
segunda fase da drogadição. Depois me pediram para fazer um calculo dos gastos
que tinha com as drogas e é ai que a gente leva um sopapo na cara e, juntando
essas pequenas peças vamos tomando consciência da merda em que havíamos nos
metido. Hoje relembrando tais situações eu penso na inversão de papéis qual
seria a minha conduta? Sei que parece difícil,
mas é possível tentar e, talvez por entender minhas mazelas é que eu me
permitia deixar a mulher me agredir sem nada fazer, sem reagir. Pedia calma e
quanto mais pedia, ela se enraivecia. A impressão que eu tinha era a de que ela
gostaria de trocar porrada comigo, mas é como se diante dela, no lugar dela,
estivesse a figura materna da minha mãe. Eu não podia fazer nada com ela. Eu
compreendia que ela estava coberta de razão. Apenas achava que aquela não era a
maneira correta de me fazer enxergar meus erros. Se fosse para inverter acho
que faria pior, porque seria tomado por um desequilíbrio raivoso, pensaria com
ódio e quem fica nesse estado não raciocina bem e se não pensa legal só vai
fazer bobagem. Não quero mais pensar nisso, mas, compreendi que em determinadas
situações a sapiência deveria nos socorrer para conduzirmos tudo da maneira
mais acertada, mais inteligente e capaz de fazer quem incide em um determinado
erro perceber que do seu jeito tá ruim demais. Tudo está errado, cara !
Blog dedicado aos adictos que não querem morrer nas garras da adicção e a todos aqueles que vivenciam e vivenciaram problemas relacionados com dependência química. É mais um espaço independente, aberto para codependentes, membros das irmandades A.A., ALA-NON, N.A. NAR-ANON, profissionais da área de saúde e outros grupos de auto-ajuda. É destinado a quem vive um dia de cada vez. Só Por Hoje é nosso lema!
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