quarta-feira, 17 de agosto de 2011

UTILIZAR-SE DA TERAPIA DO TELEFONE

UTILIZAR-SE DA TERAPIA DO TELEFONE

Quando começamos a tentar alcançar a sobriedade, muitos de nós nos surpreendemos tomando um gole sem qualquer intenção. Às vezes, parecia acontecer praticamente sem que o soubéssemos. Não havia decisão consciente de beber nem qualquer noção real das possíveis conseqüências. Não havíamos tencionado iniciar uma bebedeira total.

Agora, nós já sabemos que basta adiar aquele primeiro gole e colocar outra coisa em seu lugar para termos uma oportunidade de pensar em nossa história de bebida, na doença do alcoolismo, bem como nos prováveis resultados de uma recaída alcoólica.

Felizmente, podemos fazer mais do que pensar sobre isso, e o fazemos. Telefonamos a alguém. Quando paramos de beber, disseram repetidamente para anotarmos os telefones dos membros de A.A. e, em vez de beber, telefonar-lhes.

A princípio, a idéia de discar para alguém que mal conhecíamos parecia estranha, e muitos de nós nos mostrávamos relutantes. Mas os membros de A.A. que tinham mais tempo de abstenção continuavam a insistir nela. Diziam compreender por que hesitávamos, uma vez que já haviam passado por isso. Todavia, asseguravam eles, tente pelo menos uma vez.

Assim, afinal, milhares e milhares de nós o fizemos. Para nosso alívio, a experiência foi tranqüila e agradável. Melhor do que tudo funcionou.

Talvez a maneira mais rápida de compreender isso, antes de tentar, seja colocar-se mentalmente no lugar da pessoa solicitada. É confortador e gratificante receber tanta demonstração de confiança. Desse modo, quem recebe o telefonema mostra-se quase invariavelmente amável encantado mesmo com o chamado – de modo nenhum surpreso – e até feliz por nos escutar.

E mais. Muitos de nós verificamos que, quando queríamos beber, podíamos telefonar a alguém mais experimentado na sobriedade e nem era necessário mencionar que estávamos pensando em um trago, o que era entendido, freqüentemente, sem uma palavra. E realmente não importava a hora que telefonássemos, dia ou noite!

Às vezes, sem razão aparente, encontrávamo-nos, de repente, inexplicavelmente tomados de violenta crise de ansiedade, medo, terror, pânico mesmo, que não fazia sentido. (Isso aconteceu a muitos seres humanos, não somente aos alcoólicos.).

Quando contávamos a verdade sobre nosso estado, o que estávamos fazendo e o que queríamos fazer, verificávamos que éramos perfeitamente compreendidos. Recebíamos empatia completa – não simpatia. Toda pessoa que chamamos, lembra-se, tinha estado exatamente na mesma situação, algum dia, e disso se lembrava muito bem.

Na grande maioria dos casos, apenas alguns momentos de conversa faziam desaparecer nossa vontade de beber. Às vezes, obtínhamos informação prática e esclarecedora ou orientação indireta e cortês ou ainda vigorosa e direta. Às vezes, terminávamos rindo.

Os observadores de alcoólicos recuperados constataram a ampla rede de encontros informais existente entre os membros de A.A., mesmo fora das reuniões de grupos ou quando ninguém está pensando ou falando em bebida. Verificamos que é possível desfrutar de toda vida social desejada uns com os outros, fazendo juntos as coisas que os amigos fazem – ouvir música, bater papo, ir ao teatro ou cinema, comer juntos, acampar e pescar ou simplesmente aparecer, escrever, telefonar – tudo sem necessidade de uma bebida sequer.

Tais relações e amizades têm valor especial para aqueles que decidem não beber. Ficamos livres para sermos nós mesmos entre gente que partilha nosso próprio interesse pela manutenção de uma sobriedade feliz – sem oposição fanática a toda bebida.

É possível, naturalmente, ficar sóbrio mesmo entre pessoas que não são alcoólicos recuperados, ainda que bebam bastante, embora nos sintamos pouco à vontade em sua companhia. Mas, no meio de outros alcoólicos sóbrios, podemos estar seguros de que nossa recuperação á altamente prezada e profundamente compreendida. Ela significa muito para estes amigos, assim como a saúde deles é valiosa para nós.

A transição para a alegria da sobriedade às vezes começa quando, sóbrios há pouco, começamos a entrar em contato com outros igualmente novatos no programa. A princípio, parece embaraçoso travar amizade com pessoas que estão sóbrias há anos. Ficamos, em geral, mais à vontade com aqueles que, como nós, estão encetando sua marcha para a recuperação. É por isso que muitos de nós fazemos as primeiras chamadas telefônicas para tratar de não beber aos nossos “contemporâneos” de A.A.

O “recurso do telefone” funciona mesmo quando não conhecemos nenhum indivíduo para chamar. Se o A.A. constar da lista telefônica, basta discar um número e entrar instantaneamente em contato com alguém profundamente compreensivo. Pode ser uma pessoa que jamais encontramos, porém a  mesma empatia genuína está presente.

Feita a primeira chamada, é muito, muito mais fácil partir para outra quando necessário. Finalmente, a necessidade de falar com alguém até passar o desejo de beber desaparece para a maioria de nós. Quando isso acontece, porém, muitos de nós verificamos que já estabelecemos um hábito de telefonemas ocasionais amistosos e o mantemos só porque gostamos.

Mas isso, geralmente vem mais tarde. A princípio, o “recurso do telefone” serve para nos ajudar a permanecer sóbrios. Pegamos o telefone em vez de uma garrafa. Mesmo sem pensar, funciona. Mesmo sem querer.

2 comentários :

  1. A terapia do telefone é essencial para mim, muitas vezes uma simples mensagem de um companheiro ou companheira salvam meu dia.
    É uma ferramenta que me ajuda a carregar o dia

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  2. Infelizmente no plano das terapias, codependentes sem esclarecimento, impedem o dependente de falar por telefone. Se possível quer ouvir a conversa.De modo geral furtam até celular...

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soporhoje10@gmail.com

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