Como um investigador busca saber o motivo do crime, vez que não há crime sem motivo, tento exercitar minha mente à procura dos motivos que me levaram à drogadição. Vou abstrair o conceito da adicção e ignora-la por completo, como se ela não existisse, como quem a desconhece inteiramente. Não quero pensar que o mal que causei a mim mesmo era motivado por uma patológia qualquer. Contudo não desprezaria a psique, pois sei que nela reside as respostas às minhas indagações sem resposta.
O que me levou a usar drogas mesmo ouvindo o mundo inteiro propalando que droga não presta, que faz mal à saúde, que é um suicidio a prestação e tudo mais que as propagandas regulam ? porque desobedecer à voz da experiência e tomar o primeiro gole de bebida alcoólica, fumar o primeiro cigarro e depois de muito tempo ir migrando de droga em droga? Tenho plena consciência do significado de droga, portanto melhor seria chamar o que passamos, equivocadamente, a denominar como drogas, de tóxicos. É certo que todo mundo sabe que a diferença do remédio e o veneno está na dose, mas esta diferenciação causa horror e é considerada quase um terror. Imagine que nós, humanos, inventores de veneno para ratos, iriamos, com o mesmo veneno, servir à medicina, quando esta não dispunha de um grande aparato de substâncias farmo-químicas. Imagine um enfartado, lá pelos idos anos 60 do século próximo passado, utilizando formulações, prescrita por um médico, do principio ativo do veneno que era utilizado no exterminio de roedores. Doses minusculas de um anticoagulantes venenoso ajudava a alongar vidas. Então é melhor usarmos uma palavra mais agressiva, neste momento, para distinguir o que salva daquilo que pode levar à morte. Então droga seriam rémedios e o que o senso comum resolveu chamar de drogas, chamarei de veneno. Sei que morfina e cocaina podem servir como remédios, a maconha já é utilizada como estimulante do apetite, em casos excepcionais e como redutora de danos... Bem, acho que dá pra entender o que quero dizer. Falava em buscar respostas e encontrar motivos para o fato de ter usado veneno, como se fosse um suicida, um homem bomba implosivo, mas não acho resposta. A sociedade, meu ser social e a resultante conciência do meu ser podem me servir como uma das inúmeras justificativas, de outro modo, setorizando a vida, o trabalho, a família, os amigos, a namorada, o desamor, aquela briga, ou aquelas brigas, aquela ofensa, sem sentido que funciona como "tecla sensivel"... O escritor Lima Barreto foi vítima do racismo. Certa feita sentiu-se ofendido quando lhe chamaram de negro e, para ele, seu agressor havia tocado a "tecla sensível" dele, isto é, seu calcanhar de Aquiles. Ele era muito inteligente e criativo e acabou se afundando na bebida, que é tão venenosa quanto a heroina. A máfia das bebidas é tão poderosa que economias e detentores do poder, dela dependem, por isso, acredito, é lícita, o que acho justo, pois com a legalidade a era dos gangsters findou, pelo menos nos Estados Unidos. Os reis do tráfico, o complexo industrial militar, contrabandistas, corruptos e etc são contra legalizações regidas pelo mesmo ordenamento jurídico que regulamenta o uso de bebidas alcoólicas, transformando o antigo traficante em comerciante. Mas, o que me interessa é buscar a resposta para o quê e para quê, mesmo? para me auto justificar e auto-conhecer-me? Bem, após escritas estas linhas, confesso que só por hoje não vou querer saber de usar veneno algum, aconteça o que acontecer devo permanecer sóbrio e continuar me auto-sugestionando, na base do "sem chance para as drgas e para recaida" porque funciona e tudo aquilo que funciona sem me fazer mal, ajuda. Sabe, creio que quem procura acha e, no presente momento, o que mais quero é continuar vivendo sem usar drogas e, com a ajuda de Deus e de todos os seres humanos civilizados, vencerei, porque é minha responsabilidade buscar a vitória e a vitória é manter-me em recuperação. Do resto, que a medicina e ciências auxiliares cuidem bem de mim. As respostas que busco a ciência possui e só me falta combinar este encontro meu com o mundo científico. Um dia nos encontramos!
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