Presidência também deve lançar edital em agosto propondo parceria com ONGs.
Por Marina Novaes, Sexta-feira, 5 de agosto de 2011
O governo federal pretende oferecer treinamento a até 50 mil professores das redes públicas de ensino, em 2012, com informações sobre como enfrentar o crack e formas de abordar o problema nas escolas. De acordo com a secretária Paulina Duarte, que coordena o Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), a iniciativa faz parte do plano nacional de combate ao crack, lançado pelo governo no ano passado.
A secretária falou sobre essas e outras ações durante o seminário “Educadores contra o crack”, realizado pela revista Carta Capital nesta sexta-feira (5), em São Paulo. De acordo com Paulina, porém, a pesquisa inédita com os números de usuários da droga e o perfil do consumo do crack no Brasil – carro-chefe do programa – permanece ainda sem prazo para ser lançada, devido a atraso na coleta de dados, ocasionado pelas chuvas que atingiram sobretudo a região serrana do Rio de Janeiro, no início do ano.
- É uma pesquisa muito complexa, porque ela tem toda uma abordagem diferenciada, que é de convidar o usuário a fazer exames para saber se ele tem HIV [vírus da AIDS], sífilis, hepatite B e C, etc. Então, apesar dessa ser uma atividade de pesquisa, nós já iniciamos um trabalho de acompanhamento aos usuários.
A expectativa inicial do governo era lançá-la ainda no 1º semestre de 2011, mas o levantamento de dados só deve ficar pronto no final do ano. Com a pesquisa, que pretende abordar 25 mil pessoas (inclusive nas zona rural), será possível apontar com precisão o número de dependentes do crack no país e o perfil desses usuários. Isso, diz Paulina, facilitará a criação de programas de tratamento aos pacientes no SUS (Sistema Único de Saúde).
Apesar do atraso, a secretária informou que o governo já iniciou o contato com os Estados e alguns municípios para definir estratégias para enfrentar as “cracolândias” nas cidades.
O governo também pretende iniciar, ainda neste mês, um mapeamento de todas as comunidades terapêuticas de tratamento aos usuários de drogas no país, coordenadas por ONGs (organizações não-governamentais). De acordo com Paulina, o objetivo é convidar, em edital que será publicado nas próximas semanas, essas instituições a trabalhar em parceria com o governo, mas ainda não foi divulgado quanto será investido nessas ONGs.
Questionada sobre a internação compulsória de usuários de crack, medida que passou a ser adotada recentemente por algumas cidades, como o Rio de janeiro e São Paulo, Paulina evitou fazer críticas, mas disse que “as experiências mundiais e pesquisas científicas apontam que os melhores resultados ocorrem quando as pessoas estão motivadas” a participar do tratamento – daí a importância da formação de educadores, principalmente daqueles que atuam nas escolas que atendem à população de baixa renda.
- Muitos erros ainda são motivados pelo medo [do problema] e pelo desconhecimento. O conhecimento e a informação ainda é o tratamento mais adequado que podemos oferecer.
Fonte: BLOG de Fabiana Soler
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