Recebi, como tantos outros e-mails, um sobre Amy Winehouse. A mensagem continha fotos de diversas circunstâncias de sua vida com a sugestão de mostrá-las a filhos, netos, sobrinhos e amigos, como exemplo contra as drogas. Decidi, num gesto quase impulsivo, responder ao emitente:
Meu caro,
Vejo com tristeza estas fotos e lamento que uma artista extraordinária tenha morrido tão jovem. Contudo, não concordo com as manchetes e com a sugestão de mostrá-las a filho e netos como exemplo contra as drogas.
Acho que podem ser mostradas como tema para reflexão sobre a vida e o que os humanos podem fazer de bom e de ruim. Se é verdade que as drogas produzem efeitos danosos, podem também salvar, a exemplo dos antibióticos.
Creio que atribuir a morte de Amy Winehouse às drogas, é como atribuir ao automóvel a responsabilidade pela má condução por motoristas. As drogas (legais e ilegais), como os veículos, são objetos passíveis de bons e maus usos.
Somos nós, humanos que somos – capazes de pensar, tomar decisões, fazer escolhas, ter sucesso ou fracassar -, os responsáveis pelo que nos ocorre. Pouco sei da vida desta artista, além do que nos mostrou (e mostra) uma media que se interessa apenas pelo dano, escândalo e sofrimento.
Não sei – porque ninguém disse – como foi para Amy lidar com o sucesso em dimensão mundial; como foi para ela separar os amigos honestos dos interesseiros; como foi ser cortejada pelo que oferecia e não pelo que gostaria ou precisava receber.
Acho que o sucesso mata com várias armas em tempos distintos. Fico pensando na dimensão da solidão de uma pessoa como Ami; e a solidão também mata humanos. Claro que posso dizer também, seguindo esta mesma sequência: as drogas matam. E matam mesmo. Só não posso é dar à cocaína, ao álcool, à maconha, atributos que não possuem.
As drogas, como qualquer objeto, necessita de um ato humano para lhes dar sentido e valor. São externos aos humanos, enquanto que a alegria, o prazer, o sucesso, a solidão e tantos outros sentimentos nascem nos humanos, são internos, de nossa natureza.
Por último, penso no nome da artista – AMY – que soa ame, do verbo amar em português, e WINEHOUSE, vinho e casa. Será que estes dois significante em inglês foram determinantes em sua vida ? É possível.
Certo é, que uma jovem morreu quando deveria viver mais, muito mais, pela lógica humana que rege o tempo, porque a lógica dos deuses é outra.
Cordialmente,
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