quinta-feira, 22 de maio de 2014

RENDIÇÃO, ADMISSÃO E ACEITAÇÃO


O primeiro passo nos fala de rendição. A palavra "render" me leva a outra: "derrota" e derrota para mim era algo inconcebível. Meu orgulho me impedia de enxergar qualquer tipo de derrota, mas os companheiros de A.A. conseguiram abrir uma brecha em meu orgulho, o suficiente para eu me sentir derrotado pelo álcool.

Eu me rendi, admiti e aceitei que era um alcoólico. Tinha algo errado em minha maneira de beber. Percebi logo cedo em A.A. que eu tinha que viver no mundo real, que a vida no mundo imaginário do alcoolismo estava me destruindo e não me levaria a lugar nenhum.

A admissão da impotência é o primeiro passo para a libertação desta obsessão mental poderosa que nos leva sempre a buscar o álcool como refugio. Aliada a esta obsessão ou depois de satisfeita esta obsessão através da ingestão de algum gole de bebida surgia outra força tão poderosa quanto à obsessão que era a compulsão. Esta compulsão me obrigava a continuar bebendo cada vez mais. 

Que loucura! Como entender que uma pessoa inteligente, segura de si, já experiente, ciente do buraco para o qual estava encaminhando não conseguia controlar a sua maneira de beber? 

Pois é, eu não tinha resposta para esta pergunta, mas o A.A. logo em seu Primeiro Passo para a recuperação me mostrou a dura realidade: o alcoolismo é uma doença incurável, progressiva e de fins quase sempre fatais. 

Que triste notícia, mas junto com essa triste notícia veio outra e essa outra era confortadora e me mostrava o caminho a ser seguido: - só existe uma forma de deter este anseio louco pela bebida alcoólica: Este caminho é evitar o primeiro gole, pois é ele que põe em movimento toda esta loucura mental, esta obsessão aliada a compulsão que leva o alcoólico cada vez mais para o fundo, cada vez mais para a escuridão do fundo de poço. E é esta fabulosa sugestão que eu venho seguindo com sucesso: evitando o primeiro gole e me apoiando nos companheiros através das reuniões venho conseguindo, um dia de cada vez, conter esta destruição chamada alcoolismo. Quero destacar dois pontos muito importantes que constam em nossa literatura:

01. Nos primeiros tempos de A.A era pensamento que somente os alcoólicos mais desesperados conseguiram digerir estas notícias amargas, mas com o passar dos anos puderam perceber que mesmo aqueles que apenas eram bebedores potenciais poderiam ser atingidos pela experiência salvadora de A.A. e conseguiram evitar muitos anos de puro inferno em suas vidas. Cada vez mais, alcoólicos mais jovens e com um fundo de poço menos doloroso vêm alcançando A.A.

2.  Existe um a pergunta de fundamental importância em nosso Primeiro Passo: Por que insistir que todo A.A. precisa chegar ao fundo do poço? E a resposta vem logo a seguir: porque para praticar os restantes onze passos de A.A. requer a adoção de atitudes e ações que quase nenhum alcoólico sonharia adotar. Quem se dispõe a ser rigorosamente honesto e tolerante? Honestidade, tolerância, compreensão, humildade, coragem e tantas outras virtudes até então desconhecidas para o alcoólico
passam a ter importância fundamental na prática do restante do programa. Mas não precisamos nos desesperar, pois estas virtudes virão aparecendo pouco a pouco, um dia de cada vez, necessitamos para que isso ocorra somente ter a mente aberta e boa vontade. Obrigada Revista Vivência, companheiros, amigos e amigas de A.A. pela oportunidade de crescimento proporcionada.


Revista Vivência nº111 - Jan./Fev./2008


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