quinta-feira, 22 de maio de 2014

RENDIÇÃO “Na Opinião do Bill”


NAS MÃOS DE DEUS

Quando olhamos para o passado, reconhecemos que as coisas que nos chegaram quando nos entregamos nas mãos de Deus foram melhores do que qualquer coisa que pudéssemos ter planejado.

Minha depressão aumentou de forma insuportável até que finalmente me pareceu estar no fundo do poço, pois naquele momento o último vestígio de minha orgulhosa obstinação foi esmagado. Imediatamente me encontrei exclamando: “Se existe um Deus, que Ele se manifeste! Estou pronto para fazer qualquer coisa, qualquer coisa!”

De repente, o quarto se encheu de uma forte luz. Pareceu-me com os olhos de minha mente, que eu estava numa montanha e que soprava um vento, não de ar, mas de espírito. E então tive a sensação de que era um homem livre. Lentamente o êxtase passou. Eu estava deitado na cama, mas agora por instantes me encontrava em outro mundo, um mundo novo de conscientização. Ao meu redor e dentro de mim, havia uma maravilhosa sensação de presença e pensei comigo mesmo: “Então, esse é o Deus dos pregadores!”

AUTO CONFIANÇA E FORÇA DE VONTADE

Quando pela primeira vez fomos desafiados a admitir a derrota, a maioria de nós se revoltou. Havíamos nos aproximado de A. A. esperando aprender a ter auto confiança. Então nos disseram que, no tocante ao álcool, de nada nos serviria a auto confiança: aliás, ela era um empecilho total. Não era possível ao alcoólico vencer a compulsão pela mera força de vontade.

É quando tentamos fazer com que nossa vontade se harmonize com a vontade de Deus, que começamos a usá-la corretamente. Para todos nós, esta foi uma das mais maravilhosas revelações. Todo o nosso problema tinha sido o mau uso da força de vontade. Tínhamos tentado atacar nossos problemas com ela ao invés de tentar fazer com que ela se alinhasse com os planos de Deus para conosco. O propósito dos Doze Passos de A. A. é tornar isto cada vez mais possível.

A FORÇA NASCENDO DA FRAQUEZA

Se estamos dispostos a parar de beber, não podemos abrigar, de forma nenhuma, a esperança de que um dia seremos imunes ao álcool.
Tal é o paradoxo da recuperação em A. A.: a força nascendo da fraqueza e da derrota completa, a perda de uma vida antiga como condição para encontrar uma nova.

SOMENTE COM O PODER DA INTELIGÊNCIA?

Para o homem ou mulher intelectualmente auto suficiente, muitos Aas podem dizer: “Sim, éramos como você – inteligentes demais para nosso próprio bem. Adorávamos ouvir as pessoas nos chamarem de precoces. Usávamos nossa instrução para nos vangloriar, embora tivéssemos o cuidado de esconder isso dos outros. Secretamente, achávamos que poderíamos flutuar acima dos outros, somente com o poder da inteligência.

“O progresso científico nos dizia que não havia nada que o homem não pudesse fazer. O conhecimento era todo poderoso. O intelecto era capaz de conquistar a natureza. Uma vez que éramos mais brilhantes do que a maioria (assim pensávamos), os benefícios da vitória seriam nossos, automaticamente. O deus do intelecto substituía o Deus de nossos pais.
“Mas novamente o álcool tinha outras idéias. Nós, que tão brilhantemente tínhamos vencido, de repente nos convertemos nos maiores derrotados de todos os tempos. Percebemos que tínhamos que mudar ou morrer.”

A PEDRA FUNDAMENTAL DO ARCO DO TRÍUNFO

Tendo experimentado a destruição alcoólica, abrimos nossas mentes em relação às coisas espirituais. A esse respeito, o álcool foi um grande persuasor. Ele finalmente nos derrotou obrigando-nos a raciocinar.

Tivemos que deixar de fazer o papel de Deus. Isso não funcionou. Decidimos que dali por diante, nesse drama da vida, Deus ia ser nosso Diretor. Ele seria o Chefe: nós, os Seus agentes.
As boas idéias, na sua maioria, são simples, e esse conceito constitui a pedra fundamental do novo arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade.

PRELÚDIO AO PROGRAMA

Poucas pessoas tentarão praticar sinceramente o programa de A. A., a não ser que tenham “chegado ao fundo do poço”, pois praticar os Passos de A. A. requer a adoção de atitudes e ações que quase nenhum alcoólico que ainda bebe pode sonhar em adotar. O alcoólico típico, egoísta ao extremo, não se interessa por essa perspectiva, a não ser que tenha que fazer essas coisas para não morrer.

Sabemos que o recém-chegado tem que “chegar ao fundo do poço”, do contrário pouca coisa pode acontecer. Por sermos alcoólicos que o compreendem. Podemos usar a fundo o poderoso argumento da obsessão mais alegria, como uma força que pode destruir seu ego. Só assim ele pode se convencer de que unicamente com seus recursos tem pouca ou nenhuma chance.


NÓS NÃO ESTAMOS LUTANDO

Paramos de lutar com tudo e com todos – mesmo com o álcool, pois a essa altura a sanidade voltou. Agora podemos reagir sadia e normalmente, e constatamos que isso aconteceu quase automaticamente. Vemos que essa nova atitude face ao álcool é realmente uma dádiva de Deus.
Aí esta o milagre. Não estamos lutando com ele, nem estamos evitando a tentação. Tampouco temos que prestar juramento. Em vez disso, o problema foi removido. Ele não existe para nós. Não somos nem atrevidos nem medrosos.
É assim que reagimos – enquanto nos mantivermos em boas condições espirituais.


VITÓRIA NA DERROTA

Convencido de que nunca conseguiria fazer parte e jurando nunca me conformar com o segundo lugar, eu sentia que simplesmente tinha que vencer em tudo que quisesse fazer, fosse trabalho ou divertimento. Como essa atraente fórmula de bem viver começou a dar resultado, de acordo com a idéia que eu então fazia do que fosse sucesso, fiquei delirantemente feliz.

Mas quando acontecia de um empreendimento falhar, eu me enchia de ressentimento e depressão que só podiam ser curados com o próximo triunfo. Portanto, muito cedo comecei a avaliar tudo em termos de vitória ou derrota – “tudo ou nada”. A única satisfação que eu conhecia era vencer.

Somente através da derrota total é que somos capazes de dar os primeiros passos em direção à libertação e à força. Nossa admissão de impotência pessoal finalmente vem a ser o leito de rocha firme sobre o qual podem ser construídas vidas felizes e significativas.


ACEITANDO AS DÁDIVAS DE DEUS

“Embora muitos teólogos afirmem que as experiências espirituais súbitas representem alguma distinção especial ou algum tipo de preferência divina, eu questiono esse ponto de vista. Todo ser humano, qualquer que sejam seus atributos para o bem ou para o mal, é uma parte da economia espiritual divina. Portanto, cada um de nós têm seu lugar, e não posso aceitar que Deus pretenda elevar alguns mais do que outros.

Dessa forma, é preciso que todos nós aceitemos qualquer dádiva positiva que recebamos com profunda humildade, tendo sempre em mente que primeiro foram necessárias nossas atitudes negativas, como um meio de nos reduzir a um estado tal que nos deixasse prontos para receber uma dádiva positiva através da experiência da conversão. Nosso próprio alcoolismo e a imensa deflação, que finalmente daí resultou, constituem na verdade a base sobre a qual repousa nossa experiência espiritual.”


FORÇAS CONSTRUTIVAS

Minha opinião era tão arraigada, como a frequentemente vemos hoje em dia nas pessoas que se dizem atéias ou agnósticas, sua vontade de descrer é tão forte, que parecem preferir a morte a uma busca sincera de Deus, feita com a mente aberta. Felizmente para mim e para muitos como eu que buscaram A. A., as forças construtivas, produzidas em nossa Irmandade, quase sempre venceram essa colossal teimosia. Abatidos e completamente derrotados pelo álcool, frente a frente com a prova viva da libertação e rodeados por pessoas que podiam nos falar do fundo do coração, finalmente nos rendemos.

E então, paradoxalmente, nos encontramos numa nova dimensão, o verdadeiro mundo do espírito e da fé. Boa vontade suficiente, mente aberta suficiente – e pronto!


NUNCA O MESMO OUTRA VEZ

Descobrimos que quando um alcoólico plantava na mente de outro a idéia da verdadeira natureza de sua doença, este jamais voltaria a ser o mesmo. Após cada bebedeira, ele diria a si mesmo: “Talvez esses Aas tenham razão”. Depois de algumas experiências assim, e muitas vezes antes do começar a ter grandes dificuldades, ele voltaria a nós, convencido.

Nos primeiros anos, aqueles dentre nós que ficaram sóbrios em A. A., eram na verdade casos horríveis e completamente sem esperança. Mas depois começamos a ter sucesso com alcoólicos moderados, e mesmo com alguns alcoólicos em potencial. Começaram a aparecer pessoas mais jovens. Chegavam muitas pessoas que ainda tinham trabalho, lar, saúde e posição social.
Naturalmente foi necessário que esses recém-chegados chegassem emocionalmente ao fundo do poço, mas eles não tiveram que chegar a todos os tipos de fundo de poço possíveis para admitir que estavam derrotados.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

soporhoje10@gmail.com

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...