segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O blog e o crack

Este blog não se destina a focalizar o crack como se esta droga fosse única, mas, em virtude do pânico que gerou, depois que adquiriu visibilidade ao penetrar nas camadas sociais mais favorecidas, acabamos abrindo espaço para debater a mesma. Em torno do crack reina muita ignorância. A imprensa não abre espaço para analises de cunho sociológico, não comprometidas com as questões politico-partidárias, extremamente prejudiciais para a evolução dos estudos sobre o crack. 

Os profissionais da área de saúde ainda estão aprendendo como tratar dependentes desta droga, de maneira eficaz, enquanto proliferam clínicas de toda sorte, prometendo tratamentos miraculosos. Porque devo acreditar nesses magos da terapia do desconhecido? São muitos os mágicos que vivem da exploração dessa indústria lucrativa, de clínicas, que se estabeleceu no Brasil. Elas prosperam pois existe uma mentalidade, fruto de um paradigma, de que só com internação é possível tratar aqueles que chegaram ao fundo do poço.

É uma droga muito louca, que muda o comportamento do usuário quando sob efeito da mesma. O usuário torna-se uma pessoa irreconhecível. Voltando ao seu normal, volta a ser o que era. Nestes momentos em que o usuário está fora do uso, com possibilidade de aceitar o diálogo, parece-me ser o momento apropriado para abordagens pedagógicas, sem chateações e recriminações, mostrando ao mesmo o valor que possui, demonstrando carinho e afeição, ao invés de raiva, negociando (contrariando o que aconselham os experts do desconhecido crack) e até admitindo que o viciado use a droga em seu próprio lar, ao invés de ficar exposto nas ruas. A família precisa recuperar o terreno perdido e desabituar seu familiar, a permanecer nas biqueiras, bocadas e quebradas, exposto a toda sorte de mal. Com paciência e inteligência é possível abordar o usuário ganhando sua confiança, mostrando verdades que o mesmo precisa compreender, até ele aceitar o momento da rendição. A clínica de internação tem um valor muito maior para a desintoxicação e para sustentar a abstinência, que não ultrapassa o lapso de tempo que vai dos 30 a 45 dias. Se houver condições de, neste período, levar a ele o programa das irmandades e se a clínica for dotada de terapias, psicoterapias, psicanalise, reuniões típicas da irmandades de AA e NA, com um programa paralelo de tratamento familiar, não sendo uma clínica fechada, mas aberta e capacitada,  é possível ajudar na recuperação do usuário... Nestas clínicas, que não usam métodos violentos, eu acredito, porque usam a inteligência. Os familiares precisam ser re-educados...

Então temos dado muita ênfase ao crack, esquecendo de tratar de outras drogas e de outros temas voltados à recuperação de dependentes químicos, que são um caso de saúde, não um caso de polícia. Voltaremos a tratar de outros tópicos, contudo, não iremos desprezar a questão relativa ao crack.

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