DROGAS
■ Não quero mais ficar usando drogas, a ponto de perder o fio da meada. E que nem doce: pode ser bom comer um doce de vez em quando, mas o excesso é que te faz perder a cabeça. Tudo que é excesso não presta, como excesso de discos vendidos e excesso de talento, que não é meu caso. Teve fase em que eu precisei tomar droga para funcionar. Agora, quero parar e ficar com os pés no chão. (1987)
■ Há um consumo de drogas muito grande em apresentações de rock, isso é notório. Uma coisa muito comum entre a juventude de Brasília é o loló, e ele leva à violência. Sou contra qualquer tipo de drogas. É como a gente diz em Conexão amazônica: "Alimento para cabeça nunca vai matar a fome de ninguém". (1988)
■ Parei não foi por medo, nem nada. Simplesmente não tinha mais prazer em tomar um ácido; me sinto bem quando estou feliz e careta. Antigamente, quando estava feliz, usava a droga para exacerbar e me
sentir melhor ainda. Bebida também não é a solução. As coisas estão de tal maneira que o que vai te dar felicidade é, justamente, ficar careta orque todo mundo está louco. (1988)
■ Você não pode ter uma boa relação com as drogas. As drogas são uma coisa muito negativa. (1989)
■ Em Brasília, rolou aquela coisa bem de Christiane E. Eu fiquei até muito chateado, porque depois, num review do show da Legião, falaram que eu fazia posturas nazistas, falava de drogas como se soubéssemos o que era aquilo. Eu não pude falar na época, mas me deu vontade de dizer: "Olha, a gente não só sabe como é, como a gente viveu isso também". Agente fazia qualquer coisa para se divertir. Se alguém tivesse uma idéia, tipo "vamos dar um passeio de bicicleta", todo mundo ia. Era tão louco! Passeio de bicicleta ou baseado! Não tinha muito parâmetro. Era uma coisa, naturalmente, muito irresponsável. (1989)
■ Deus me livre! Eu quase morri com isso. Eu tenho me esforçado muito para sair, e estou conseguindo. (1991)
■ Eu não sei se seria a favor da liberação total, mas acho que não pode continuar como está. A droga é só mais um sinal de que as pessoas são manipuladas. Porque, se as pessoas tivessem mais dignidade, mais respeito entre si, eu acho que a droga ficaria no seu devido lugar. Acredito que existem pessoas que gostam de usar drogas, gente que sente prazer com isso, mas elas devem ser uns três por cento da população. Hoje em dia, todo mundo usa, e quer, porque não se tem saída para nada. Ninguém se encontra. (1991)
■ A coisa vai num crescendo. Depois que você faz sucesso, todos te oferecem, aparecem os traficantes de plantão. Experimentei de tudo, mas sempre terminava em álcool e tranquilizantes. No bar e na farmácia.
(1994)
■ Eu era assim: o álcool eu pegava no bar e o tranquilizante eu pegava na farmácia. Hoje eu não faço mais nada, absolutamente nada. A única coisa que sobrou foi o cigarro, e eu estou tentando largar essa coisa. (1994)
■ De repente, é um saco ter a pessoa sempre de mau humor, pelos cantos. Todo mundo se divertindo na piscina do hotel e eu lá, trancado. No começo, tem até um certo glamour, mas não leva a nada. (1994)
■ Sei que, quando o Sid Vicious, do Sex Pistols, morreu, tomei o primeiro porre da minha vida. E, a partir daí, comecei a usar muitas drogas. É, quer dizer... eu já usava, mas era em fim de semana. Até essa época, eram só bagulhinho e álcool. A cannabis [maconha], você sabe, afeta a memória, mas acho que já tínhamos formado o Aborto Elétrico. (1995)
■ Eu acho muito bonito o Robert Plant e o Jimmy Page dizendo: "Quando a gente usava heroína, nossa espiritualidade foi para o buraco". E vai. Se você está quebrando o teu ritmo e a tua energia, você vai pagar por isso. É espiritualidade zero. Se você encher este copo pela metade, tem gente que vai achar que ele está quase vazio, mas tem gente que vai achar que ele está quase cheio. (1995)
■ Infelizmente, a droga é um meio de confraternização social. No meio artístico, quando você faz sucesso, todo mundo oferece droga. E você vai pegando porque o negócio é bom. De madrugada, no estúdio, quando alguém faz uma presença, você vai tomar um cafezinho? E comigo ainda tinha essa história de romantizar. E o pior é que a coisa chega a um ponto que é vergonhoso. Eu vi que a situação estava feia quando começaram a dizer que eu armei cena em festa que eu nem fui, só porque já era lugar-comum. É completamente degradante, e eu gosto de falar sobre isso porque me dá força. Faz parte da programação, para nos lembrar como era ruim. E o negócio é que não tem meio-termo.
(1995)
■ Tomei ácido umas quatro vezes, e foi uma coisa que realmente mudou minha cabeça. Foi uma coisa de "uh!", de sentir as moléculas, o ying-yang, tudo. Você chega para o sofá: "Oi, sofá, você é meu amigo, sabe?". É uma coisa muito assustadora. Agora que estou limpo, vejo o quanto a droga é pesada. Se eu preciso de um baseado para gostar de um filme, é porque o filme não presta, eu não deveria estar assistindo. (1996)
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