quinta-feira, 17 de abril de 2014

Em defesa da vida e contra instintos perversos

Em uma Faculdade de Medicina, de algum lugar do Brasil, abandonada, transformada em ruínas, havia uma pequena leva de servidores públicos que mais se assemelhavam a cegos. Havia uma bibliotecária incompetente, dessas que ingressaram no serviço público pela janela. Um dia mandaram para a mesma um servidor que era concursado e que sabia trabalhar e administrar. Ele mudou o panorama do lugar. Deu vida e movimento àquele lugar abandonado. Cuidava de melhorar tudo. Certa ocasião resolveu tratar as árvores e chamou o setor competente da prefeitura local para exame e havia além da necessidade de podas de galhos apodrecidos, ou comprometidos. Recorreu ao Secretário de Meio ambiente uma vistoria técnica para mandar proceder a verificação de erradicação de uma árvore altamente comprometida, que oferecia risco à vida humana e ao patrimônio público. Os especialistas emitiram laudo e a erradicação foi consumada. Antes, porém, a bibliotecária que nada fazia, resolveu juntar seus companheiros de desocupação para protestarem, ou valerem-se do Jus sperniandi. 

O administrador cumpriu a obrigação e a bibliotecária foi interpela-lo sobre o ato e o mesmo indagou a servidora o que valia mais, a vida dela ou a erradicação de uma árvore, que oferecia risco de vida a mesma? Irritada e sem resposta foi praticar a única coisa que sabia fazer na vida: a arte da intriga. 

O irmão do governador da época, ciente de tudo, encontrou-se com o administrador que fazia oposição ao partido do governador e ouviu do irmão deste os parabéns pelas medidas adotadas e, mais que isso, "jovem, não se preocupe com os intrigantes, pois o que eles falam entra por um ouvido e sai pelo outro". Fim de papo.

Lidar com o gênero humano e suas contradições é algo aterrador para muita gente, mas não infunde terror às pessoas preparadas. Exige, contudo, o exercício salutar da paciência, da tolerância e de boas doses de raciocínio e inteligência.

Mas, há que se extrair uma lição do comportamento da bibliotecária : ela gostava do verde da árvore, apesar de não raciocinar bem devido aos maus sentimentos que nutria, oriundos das sucessivas frustrações vivenciadas. 

Gente com instintos perversos, não nos cabe analisa-los, existe em qualquer parte do mundo. O sadismo que revelam pode ser reparado em vários aspectos comportamentais. Ultimamente aconteceram fatos reprováveis de matança de animais, notadamente contra gatos e cães. Como ocorrem chacinas outras contra seres humanos. O ato de  defender a vida de seres vivos é louvável. O que me causa espanto é que, no caso de ocorrências de crimes contra dependentes químicos não gera protestos em redes sociais. Talvez seja por uma questão de mentalidade preconceituosa, de prejulgamentos arraigados, que gera a aceitação sem controvérsia alguma. Isso me leva a crer que é preciso que muita gente adquira uma nova consciência que valorize a vida de seres humanos, independentemente dos juízos valorativos que a visão social impõe em certas cabecinhas. 

Uma dependente química, filha de um juiz de direito, me disse: "minha vida não vale nada, sabia? se matarem um cachorrinho de madame a sociedade protesta, mas se me matarem vão dizer que morri porque estava envolvida com o tráfico, porque devia a traficantes, Viro estatística. Até mesmo meu pai vai silenciar". Daí começou a chorar e foi-se embora. De longe me deu um tchau e seguiu. Ela era apenas uma dependente química, uma pessoa doente, como um alcoólico rico que vai beber em botecos de favelas para não serem condenados pelos olhares de pessoas conhecidas. 

Não seria o momento de procurarmos valorizar vidas humanas, sem as contumazes versões que levam pessoas a conclusões errôneas e mal pensadas? Valorizar a vida em todos os aspectos e defender todos contra o sadismo, contra o desejo atroz de matar. 

Aos que lutam em defesa da vida de cães e gatos e aos ecologistas de modo geral, creio, deve ser incluída a defesa da vida humana, da dignidade do ser humano e do direito à vida que inclua o dependente químico como um ser humano, também, não como um dado estatístico.

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