Das minhas passagens por lugares destinados a cuidar da recuperação de dependentes químicos, apenas uma, me conduziu ao caminho duradouro da recuperação e só recaí foi por um ato de protesto voluntário. As outras instituições, com equipes de resgate, salas de contenção, agentes penitenciários, não me serviram de nada, salvo como uma espécie de castigo, em que vivia submetido a um regime prisional que feria de morte os 12 passos.
Mas porquê escrevo isto: porque a ignorância e o preconceito imperam e a mentira é amiga de quase todos os sentimentos doentios. Então quando alguém diz que fulano de tal foi internado, ou tomou um remédio tarja preta, significa, nessas cabecinhas, que o cara é louco.
Nunca estive em um manicômio, em um hospício. Nunca recebi nas "casas" prisionais, tratamento de ordem psiquiátrico. São lugares onde prevalece a lei do lucro. Porém, muita gente se serve destas instituições prisionais para depositar pessoas com transtornos e doenças mentais, como também depositam menores de idade e pessoas que cumprem "sentença" de ordem judicial. Um saco de gatos, onde logo aparecem facções, como em presídios.
Então o meu "tratamento" resumia-se aos 12 passos e tudo era diferente dos manicômios. Mas o bicho de sete cabeças me atingia. São locais inadequados para quem deseja, realmente, recuperar-se espiritualmente.
Mas pouco importa dizer essas coisas porque a maldade do gênero humano é por demais conhecida. Por isso faço questão de postar a letra de uma composição de Rita Lee e de Arnaldo Baptista, intitulada Balada do louco, que me diz muita coisa e que serve como uma sátira aos "normais" que são movidos por desajustes comportamentais que ferem a verdade. A Balada diz o seguinte:
"Balada Do Louco
Os Mutantes
Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim, sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz"
Assim, sem dar trela pra futricas e falsas versões de fatos, vou levando minha vida cantando e algumas vezes dançando, para os males espantar. Finalizo com aquele conhecido ditado popular: "De médico e louco, todos tem um pouco, ou, na visão de Caetano: de perto ninguém é normal!
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