domingo, 20 de abril de 2014

Mais uma estrela que brilha no céu!

Neusa Maria Goulart Brizola

Outro dia citei Neuzinha Brizola e esqueci de lembrar que a mesma já havia falecido, devido a complicações pulmonares decorrentes de uma hepatite C.

Lembrei dela, naquele dia,  porque foi ela quem divulgou para a nação brasileira que a heroína já estava sendo posta à venda no Brasil. 

Morreu em 27 de abril de 2011, recebeu a extrema-unção, pois era católica, e foi sepultada junto aos pais, no cemitério de São Borja, Rio Grande do Sul.

Neuzinha levou uma vida muito difícil, carregada de sofrimento, vendo e convivendo com dramas e com as incansáveis perseguições direcionadas ao, tio, Jango e ao pai, Leonel Brizola e, consequentemente, à família. 

Naturalmente a ditadura tirava proveito da adicção dela para atingir o pai, líder influente e que guarda uma história de bravura, em defesa das liberdades democráticas, no Brasil, desde antes e durante a fase obscurantista que vivemos a partir dos idos de 1964. 

Neusinha não foi a única filha de políticos perseguidos, pela ditadura, a cair nas garras da adicção; a diferença é que o grau de insanidades cometidas por ela, eram aproveitadas pela ditadura, através dos noticiários sensacionalista, da grande imprensa.  Ela era manchete, virava notícia, porque ela era do jeito que era e eu sempre compreendi as loucuras dela com os olhos da generosidade, da compreensão e nunca quis enxerga-la pelo prisma do ódio, vez que eu também lutei contra o ódio instaurado no Brasil, sem vínculo orgânico algum.

 Também tive um momento de "queda" e não foi por um vacilo meu, mas por uma armação que visava alcançar a reputação de meu pai, que foi mais um perseguido político.  A PF (que loucura e quantas coisas erradas foram cometidas antes da interceptação do carro, em que eu apenas pegava uma carona, forçado, por um amigo) me levou em cana, numa ação dramatológica e teatral impressionante. Tudo calculado. Fui algemado e jogado em uma cela da PF e sai porque tive excelente advogado. Também não devia nada. Não havia cometido crime algum, não portava nada, era totalmente inocente naquela encenação toda. Foi uma loucura, mais uma pitada de ação, em minha vida de aventuras. 

Esquecer é o melhor remédio! 

Ela, Neuzinha, contava 56 anos de idade quando partiu... Nos anos 70, era costume de adictos, na época meros toxicômanos, tomados de tristeza pela "partida" precoce de qualquer companheiro, olhar para o céu e dizer: "mais uma estrela brilha no céu!" 

Esta era uma manifestação da nossa solidariedade, expressão do nosso amor fraternal, do carinho, pois todos padecíamos do mesmo problema, com suas singularidades.

A pior das drogas  era a ditadura! 

Neuzinha, hoje, compõe a mais bela galeria de adictos que brilha lá do alto, no céu, acima de todos nós, no firmamento. A ela rendemos nossa singela homenagem!

Na paz, Neuzinha ! 

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