domingo, 8 de junho de 2014

A Morte de Jimi Hendrix

A exata causa da morte ainda é vaga e uma autópsia deverá ser realizada em Londres em 30 de setembro. Para a polícia, foi uma overdose de drogas, já que, segundo as autoridades, Jimi teria tomado nove tipos de soníferos, morrendo asfixiado em seu próprio vômito, em 18 de Setembro.

De acordo com o cantor Eric Burdon, Hendrix, que morreu no apartamento da namorada, Monika Dannemann, deixou um "bilhete de suicídio", um poema de várias páginas, que agora está em sua posse. Burdon foi o último músico com quem Hendrix tocou antes de morrer.

Burdon fala: "O poema tem coisas que Hendrix já vinha dizendo, mas que ninguém escutava. Foi um bilhete de 'adeus' e um de 'olá'. Não acho que Jimi tenha cometido suicídio do jeito convencional, só decidiu ir embora quando quis."

Burdon apareceu no canal BBC em 21 de setembro - três dias depois da morte de Hendrix - dizendo que Jimi "se matou". Naquele dia, não mencionou o poema que informou à Rolling Stone dois dias antes. A autópsia deveria ter sido feita em 23 de setembro, mas no dia seguinte à aparição de Burdon na TV foi adiada em uma semana (Burdon se recusa a mostrar o poema).

"Não acredito que tenha sido suicídio", afirma Michael Jeffery, empresário pessoal de Jimi. "Simplesmente não acredito que Jimi Hendrix tenha deixado seu legado para Eric Burdon continuar. Ele era uma pessoa muito peculiar."

Hendrix passou a noite de quinta-feira, 17 de setembro, no quarto de Monika Dannemann, uma pintora alemã, no Samarkand Hotel. Ela o encontrou em coma na manhã de sexta-feira e chamou uma ambulância, que chegou ao hotel na Landsdowne Crescent, no bairro de Notinghill Gate, e o levou para o Hospital St. Mary Abbot's, onde foi pronunciado morto na chegada, às 11h45, horário de Londres. A polícia afirma que estavam faltando soníferos em um frasco no quarto de Monika, alugado por ela em meados de agosto por seis semanas e que Hendrix havia tomado algumas pílulas antes de dormir na noite anterior. O restante foi levado como evidência.

Hendrix estava na Europa desde que tocou no Festival da Ilha de Wight, em 30 de agosto. Foi seu primeiro show britânico em dois anos, e a Jimi Hendrix Experience (com Billy Cox no baixo e Mitch Mitchell na bateria) começou quase imediatamente uma turnê no continente. A turnê deveria terminar em Roterdã em 14 de setembro, mas essa data foi cancelada quando Cox sofreu um colapso nervoso e teve de voltar para os Estados Unidos. Noel Redding, baixista original da Experience, estava para sair de Nova York e se juntar ao grupo em Londres quando soube da morte do guitarrista.

Jimi estava hospedado no Hotel Cumberland ao lado da Park Lane desde sua chegada, no mês passado. Deveria ter feito checkout depois da noite de quarta-feira, mas pediu para o gerente lhe reservar mais uma noite. No entanto, não voltou ao hotel na quinta-feira à noite. A última vez em que Hendrix apareceu em público foi na quarta-feira, quando se juntou a Burdon e ao War no palco do Ronnie Scott's Club, em Londres.





"Sabia que ele estava mal há um ano", afirma Burdon. "Ele veio ao clube e perguntou se poderia tocar com a gente na noite seguinte, dia 16. No começo tocou mal, como um amador, usando truques de palco para esconder as deficiências, mas depois fez um solo que foi bom, e a plateia gostou. Ele saiu do palco e voltou, fazendo base para ' Tobacco Road'." Essa foi sua última música.

Há algum tempo, Hendrix vinha tentando se tornar mais independente em relação a seus negócios. Via o estúdio Electric Lady como um passo em direção a esse objetivo. Burdon diz que, uma semana antes de morrer, Jimi lhe contou que arranjaria empresários novos. "Ele reclamou várias vezes dos empresários, reclamou mesmo", conta Buddy Miles, que tocou com Hendrix na Band of Gypsies. "Não vou mentir e dizer que não sei, porque fiquei bastante com ele e o entendia de um jeito que muitos não conseguiam." Ele acrescenta: "Jimi merecia as pouquíssimas coisas que conseguiu, até mais. Quando saí da Band of Gypsies, sei que ele estava extremamente infeliz".

"Ele nunca me disse que queria trocar de empresário", responde Jeffery a essas alegações. "O que aconteceu é que nós dois estávamos nos expandindo em outras áreas, e às vezes ele precisava de muita atenção. Houve uma época em que ele queria expandir o grupo, só que metade da minha energia estava no estúdio e em outras coisas, e eu não tinha tempo para dedicar toda a minha energia para ajudar a aumentar o grupo. Sentíamos que a função tripla de empresário/artista/agente provavelmente desmoronaria, porque os tempos mudaram no show business. Algumas pessoas fora do círculo confundiram isso com descontentamento, mas não era o caso. Jimi era suficientemente inteligente e brilhante. Se ele quisesse terminar, teria feito isso", afirmou Jeffery.

"Ele falava coisas diferentes para todo mundo. Era assim, sempre mudando de ideia", disse Burdon no fim de semana. "Hendrix estava em um poço tão profundo que o único jeito de sair era parar de tocar música e tentar arrumar a bagunça. Mas ele sabia que, sem a música, ficaria destruído de qualquer forma. Percebeu que a única coisa a fazer era continuar tocando e mesmo assim morreu, porque estava sendo tolhido criativamente", completou o cantor.

Os negócios de Jimi estavam confusos. Em um momento, Gerry Stickles, seu empresário de turnê, disse que, no dia em que Hendrix morreu, ele (Stickles) havia ligado para Dick K atz, seu empresário europeu para lhe contar que Jimi queria fazer outra turnê europeia e uma britânica o quanto antes. Katz organizou uma turnê na Alemanha e algumas datas no Reino Unido um dia antes de saber a notícia, de acordo com Stickles.

Entretanto, em outro momento, Stickles afirmou que, a pedido de Jimi, fez reservas de passagens para voltar aos Estados Unidos em 21 de setembro, porque queria terminar algumas gravações para um novo álbum com o Experience. Tudo o que precisava ser feito naquele disco era a mixagem, o que o próprio Hendrix faria no Electric Lady.

Nenhum dos amigos ou conhecidos de Jimi, exceto Burdon, discutia a questão no início, e, na ausência de um relato completo, a imprensa de Londres decidiu partir para o sensacionalismo puro. Um jornal dominical publicou uma "história exclusiva" de uma fã que contou sobre orgias de cinco pessoas com Hendrix.

Nos Estados Unidos, o primeiro relato - divulgado por todo o país inicialmente por rádio FM horas depois de sua morte - foi que Hendrix tinha morrido de overdose de heroína. Os jornais americanos publicaram a notícia de sua morte na tarde de sexta e n a manhã de sábado.

Em 26 de setembro, a rádio Geronimo, na Inglaterra, tocou material inédito de Hendrix a noite inteira, incluindo uma fita de Jimi com Buddy Miles and the Last Poets, e outro álbum ao vivo inédito.

O funeral de Jimi Hendrix foi marcado para o dia 1º de outubro, em Seattle, Washington, a cidade natal do músico.

James Marshall Hendrix nasceu em 27 de novembro de 1 942. No dia de sua morte, seu pai, James, paisagista, falou sobre a infância do filho. A família Hendrix mora em uma casa simples com gramado e jardim na melhor parte do bairro negro de Seattle, perto do lago Washington. A estante está cheia de fotos, correias de guitarra, recortes de revistas e outras evidências da ilustre carreira de Jimi. O pai se casou de novo e teve duas filhas no segundo casamento. Também tem um filho, Leon, de 22 anos, do primeiro casamento. A última vez em que a família viu Jimi foi em 26 de julho de 1970, um dia depois de Leon começar a cumprir pena por roubo. Como sempre fazia quando estava em Seattle, Jimi passou o fim de semana na casa da família.

James recorda que Jimi começou a se interessar por música quando tinha 10 anos. O pai se lembra de entrar no quarto de Jimi uma noite, no escuro, e tropeçar em uma vassoura. Perguntou a Jimi por que a vassoura estava ali, já que obviamente ela não estava sendo usada para limpar o quarto. "É minha guitarra, pai", Jimi respondeu. "Estou aprendendo a tocar."

Quando tinha 11 anos, seu pai lhe deu um violão barato e, aos 12, Jimi ganhou sua primeira guitarra. Aprendeu rapidamente, e tocava em bandas aos 13 anos. Quando tinha 14, sua primeira guitarra (com "Jimmy" gravado) foi roubada e ele só conseguiu recuperá-la no 2º ano do ensino médio na escola Garfield High.

Membros das b andas de Jimi ficaram bastante surpresos quando ele se tornou um astro, porque parecia a pessoa com menos chance em todas elas de fazer sucesso. Então, era apenas um músico médio, e não dava indicação nenhuma da criatividade quase compulsiva que mostrou depois. Também era conhecido por ser muito tímido e reservado, e não tinha presença de palco alguma.

Jimi abandonou a Garfield High no meio do ultimo ano e foi trabalhar de faz-tudo para o pai, que na época fazia mais trabalhos de jardinagem e podas. Um dia, enquanto estavam trabalhando, Jimi disse ao pai que achava o serviço chato e que havia simplesmente decidido entrar para o Exército. Isso foi em 1963.

Ele saiu de Seattle poucos dias depois e entrou para a 101ª Divisão de Paraquedistas, alocada no sul. O pai se lembra de entrar no quarto de Jimi logo depois de ele ir embora, ver sua guitarra e ficar surpreso por ele não a ter levado. Alguns dias depois, recebeu uma ligação de Jimi, que disse que o Exército lhe estava deixando louco e que ele precisava da guitarra "imediatamente".

Exceto por uma foto recebida pelo correio, essa foi a última vez em que James teve notícias do filho até Jimi chegar à Inglaterra em 1966. Ele havia sido dispensado do Exército depois de 14 meses, quando machucou as costas em um salto de paraquedas, e tinha passado os anos seguintes cruzando os Estados Unidos, tocando com mais de 40 grupos de rhythm and blues. Usando o nome Jimmy James, tocou por seis meses com um grupo de Nova York chamado Blue Flames. Hendrix acompanhou Little Richard, Jackie Wilson, Isley Brothers, Wilson Pickett, Curtis Knight and the Squires e outros.

Em 1966, ele tocava (e, pela primeira vez, cantava) com um grupo no Cafe Wha?, na MacDougal Street, no Greenwich Village, quando Chas Chandler, então baixista do A nimals, s e apresentou. C handler fi cou empolgado com Hendrix, que havia montado a banda apenas dois meses antes, mas Jimi tinha dúvidas sobre sua própria capacidade musical. Duas semanas depois, após uma rápida turnê com o Animals, Chandler retornou a Nova York, confirmou suas primeiras impressões e convenceu Hendrix a ir para a Inglaterra com ele. Isso foi em setembro de 1966.

Alguns dias depois, James Hendrix recebeu uma ligação à s 4 da manhã. " Sou eu, o Jimi. Estou n a Inglaterra, pai", disse a voz do outro lado da linha. "Conheci umas pessoas e eles vão fazer de mim um astro. Mudamos meu nome para J-i-m-i."

O pai perguntou o motivo da mudança, e Jimi respondeu que era "só para ser diferente". James se lembra de dizer a Jimi que, se ele realmente estava ligando de Londres, a chamada ficaria muito cara. Ambos começaram a chorar no telefone.

Na Inglaterra, Hendrix formou uma nova banda. Noel Redding, que tinha feito teste para tocar guitarra no The Animals, conheceu Hendrix através de Chandler. " Você s abe tocar baixo?", foi a primeira pergunta que Jimi fez a Redding. Ele nunca tinha tocado antes, mas imediatamente se tornou baixista, e guitarrista ocasional, da Jimi Hendrix Experience. Mitch Mitchell, outro inglês, foi escolhido para baterista. Seis semanas depois de sair de Nova York, quatro dias depois de formar o trio, Hendrix se apresentou no Olympia, em Paris, abrindo para o astro pop francês Johnny Halliday.

Eles partiram para uma turnê na Europa. Oito dias depois e o Beach Boys bater recorde de público ao tocar para 7.000 pessoas em dois shows no Tivoli, em Estocolmo, a Experience atraiu 14.500 pessoas para dois shows, e se tornou a segunda banda (o Rolling Stones foi a primeira) a lotar o Sports Arena em Copenhague. No Seville Theater, em Londres, foram os primeiros artistas a lotar dois shows, e quando uma nova apresentação foi agendada para um mês depois os ingressos se esgotaram logo no primeiro dia. Era hora de voltar para os Estados Unidos. Com vários singles de sucesso e um álbum bem-sucedido na Europa, o Jimi Hendrix Experience fez sua estreia em solo norte- americano em 1967, no Monterey International Pop Festival. Poucos na plateia sabiam que, até nove meses antes, Hendrix tinha morado a vida inteira no país. Para muitos, esse "blueseiro inglês negro esquisito" estava fazendo sua "estreia americana".

Lou Adler, co-produtor do festival de Monterey ao lado de John Phillips, afirma que Paul McCartney lhe contou sobre Hendrix: "Ele me falou sobre um cara na Inglaterra que tocava guitarra com os dentes". Adler decidiu convidar Hendrix e Who como os "novos" artistas a serem apresentados ao público de Monterey.

Nas notas sobre a gravação ao vivo da apresentação de Jimi (ironicamente, foi a última gravação de Hendrix lançada antes de sua morte), Pete Johnson, da Warner Brothers, escreve o que aconteceu:

"Sua apresentação no festival foi mágica - sua aparência, o jeito como ele e sua banda tocaram estavam a anos-luz de distância de qualquer coisa já vista. A Jimi Hendrix Experience era a dona do futuro, e o público soube disso em um instante."

As histórias divulgadas sobre Hendrix depois de Monterey foram sufi cientes para levá-lo diretamente ao topo, especialmente na Europa. O single "Purple Haze" estourou nas paradas e Are You Experienced? se tornou um álbum de enorme sucesso. O Jimi Hendrix Experience com o tempo também tomaria a América de assalto.

Se o público sabia exatamente quem era Jimi Hendrix, o m esmo não pode ser dito dos cérebros da indústria musical. Em uma típica aberração do showbiz, a Experience partiu para uma turnê, abrindo para os Monkees, tocando basicamente para pré-adolescentes. Quando um promotor reclamou "sob pressão das Filhas da Revolução Americana" que sua performance de palco era "sexy demais," a Experience se recusou a modificá-la, abandonando a turnê e lotando os próprios shows.

Monterey foi onde Jimi ficou conhecido como "incendiador de guitarra" e achou necessário explicar o que se passava: "No Festival de Monterey, decidi destruir minha guitarra no final de uma das músicas. Era uma guitarra pintada. Eu a tinha acabado de pintar naquele dia e realmente estava gostando daquilo. Minha bolsa estava no palco, minha bolsa de couro cru, com tudo nela, inclusive querosene para o meu isqueiro, que ganhei do Chas no Natal. Destruí minha guitarra de novo Washington, D.C. Mas aí foi um acidente".

A revista pop Disc e o jornal de música Melody Maker, ambos britânicos, o elegeram Músico d o Ano em 1967. No ano seguinte, quando cada um de seus três primeiros álbuns já era disco de ouro - ele foi escolhido como Artista do Ano pela Rolling Stone.

Quando Jimi fez seu retorno triunfal a Seattle no início de 1968, recebeu a chave da cidade e um diploma honorário da Garfi eld High. Seu pai ficou abismado quando viu Jimi usando uma capa de veludo roxo e camiseta arco-íris. Ele não só não havia percebido a imensidão do estrelato de Jimi, mas também se lembrava do filho como alguém que se vestia de maneira conservadora, com uma personalidade reservada.

Mas se Hendrix se vestia ousadamente, se sua performance no palco era caos puro, ele também tinha uma clara ambivalência com relação a ser um astro do rock. No palco, era o que toda mãe temia quando expressava dúvidas sobre o efeito do rock and roll nas filhas. Fora dele, continuava o mesmo Jimi Hendrix quieto e vulnerável.

A ambivalência ficou evidente em 1969, seu ano mais improdutivo. Hendrix se tornou mais recluso e a Experience se separou. Em maio, foi preso pela primeira e única vez por posse de drogas. Aconteceu quando ele atravessou a fronteira do Canadá - a acusação foi de porte de heroína e haxixe. Hendrix alegou não saber o que estava na mala, que um fã a havia dado de presente alguns dias antes, e ele fez a mala sem olhar o que tinha lá. Em seu julgamento em dezembro, disse que havia experimentado de tudo, de maconha a cocaína - mas nunca heroína - algumas vezes, e que tinha "superado" drogas de qualquer tipo. O julgamento durou três dias e o júri o inocentou das duas acusações.

Mesmo assim, durante a maior parte do verão, ele ficou escondido. Billy Cox, velho amigo do Exército, foi anunciado como o novo baixista, e Mitchell permaneceu. Jimi passou a maior parte do verão com uma "família elétrica" de músicos - de velhos blueseiros a compositors clássicos de vanguarda - no norte do Estado de Nova York. Ele questionava se era levado a sério por outros músicos. Disse que a nova "família" faria o que ele chamava, na falta de um termo melhor, "música da igreja celestial" e que o grupo teria, além dele, outros cantores e compositores. "Não quero mais ser um palhaço", afirmou Jimi. "Não quero ser um astro do rock."

Mas a família musical não deu certo e , quando Hendrix reapareceu, era véspera de Ano-Novo no Fillmore East e ele estava tocando com Cox e o velho amigo Buddy Miles na bateria. Essa era A Band of Gypsys. Bill Graham dançou nas laterais do palco durante o show, depois foi ao camarim para dizer a Hendrix que era a melhor música que ele tinha ouvido em sua casa de shows.

Embora seus álbuns saíssem pela Warner/Reprise, Jimi ainda devia à Capitol um disco devido a um contrato antigo. Ele deu à gravadora o álbum da Band of Gypsys, embora em entrevistas posteriores tenha revelado que não ficou totalmente satisfeito com o desempenho porque sua guitarra estava desafinada. Poucas semanas depois, no show do Moratorium no Madison Square Garden, Hendrix largou sua guitarra no meio da segunda música e disse: "Não estamos acertando" e abandonou o palco. Estava deprimido com o novo grupo. A música não estava correspondendo e logo ele voltou com a Experience original.

Em uma entrevista concedida na época, Jimi explicou o que havia acontecido com a banda: "A Band of Gypsys era algo estranho. Eu estava muito cansado. Sabe, às vezes muitas coisas se juntam na sua cabeça sobre isso e aquilo e elas podem te atingir em um momento muito peculiar. E aqui eu estava lutando na maior guerra da minha vida. Dentro de mim, sabe?"

Supostamente, as coisas estavam melhores do que nunca entre os integrantes da Experience, mas isso não era verdade. As relações entre os três não estavam totalmente boas.

Uma das últimas entrevistas que Jimi Hendrix deu foi para o Melody Maker, mais ou menos na época do Festival da Ilha de Wight (em agosto de 1970). Jimi contou ao repórter Roy Hollingworth sobre seu medo de os europeus não gostarem dele como antes: "Enquanto estava desaparecido nos Estados Unidos, tive a sensação de que estava completamente eliminado da Inglaterra. Dei tudo o que tinha, pensei que talvez não me quisessem mais porque tinham algumas bandas boas. Talvez dissessem: 'Ah, é, tivemos o Hendrix, ele era ok'. Realmente achei que estava acabado aqui," afirmou. Mas ficou feliz ao descobrir que estava errado, que ainda gostavam dele na Europa, e a entrevista terminou com Jimi ressaltando: "Estou feliz, vai ser bom".

Na entrevista, Hendrix explicou que vinha "...pensando no futuro. Pensando que esta era da música - impulsionada pelos Beatles - havia chegado ao fim. Algo novo tem de surgir, e Jimi Hendrix estará lá. Quero uma banda grande, com músicos competentes que eu possa reger para e compor junto com eles. E com a música pintaremos imagens da Terra e do espaço para que o ouvinte seja levado a algum lugar. Será algo que abrirá um novo sentido na cabeça das pessoas. Elas estão preparando sua mente agora. Como eu, estão voltando para casa, ficando gordas e se aprontando para a próxima viagem."

Hendrix continuou filosofando sobre o que tocava mais fundo em seu coração - a música. "Sabe, a música é tão importante. Não curto mais as besteiras do pop e da política. Qualquer um pode sair por aí apertando a mão de bebês, beijando as mães e dizendo que isso é muito legal. Mas não dá para fazer isso na música. Para mim, a música não mente. Concordo até que ela possa ser mal interpretada, mas não mente."

Ironicamente, Hendrix falou também sobre drogas: " Sabe, o negócio das drogas está enfrentando um grande obstáculo. Ela abria coisas na cabeça das pessoas, dava a elas algo com o qual não podiam lidar. Bom, a música pode fazer isso, sabe, e você não precisa de nenhuma droga. O termo 'abrir a cabeça de alguém' é válido. As pessoas gostam que você abra a cabeça delas, mas, depois que abrimos a cabeça, daremos algo que preencherá o espaço aberto. Isso vai ser feito por uma forma completa de música".

Fonte e crédito: Revista Rolling Stones



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