segunda-feira, 25 de novembro de 2013

João Gilberto


Ruy Castro, em seu livro, "Chega de Saudade", faz revelações de impressionante beleza a respeito do pai da bossa-nova. Possui um olhar generoso, bem aventurado e cheio de bondade, em suas abordagem a respeito de João Gilberto. Sua pena é leve e escreve magistralmente bem. Conta "a história e as histórias da Bossa Nova", com tamanha suavidade, que entretêm qualquer leitor à primeira leitura. 

Fala-nos de um João Gilberto, pai da bossa nova, pouco conhecido. Em cada linha ele dá um toque de mágica, abrido corações e mentes.  Aborda temas tabus, com sutileza, acariciando o leitor, com humanidade, e fala-nos sobre o tempo em que João Gilberto fez uso da marijuana. Naquela época deveria ser algo tão escandaloso, o fim do mundo, um verdadeiro tabu  fazer uso da erva, como ainda é até hoje, um bicho papão de sete cabeças.

Hoje a maconha não é mais a "Geni" das drogas...

Houve um tempo em que João tomou aversão à maconha e resolveu parar de usar "aquilo". Depois de perambular por várias cidades, voltou à sua terra natal, Juazeiro, na Bahia, quando "Sua alma cheia de calos doeu mais do que nunca". 

Joãozinho não tinha a paz e o sossego merecido, sequer era reconhecido em sua genialidade. O próprio pai fulminava ele quando dizia : - "Isto não é música. Isto é nhém-nhém-nhém." .

Para o Sr. Juveniano o filho, com aquele jeito novo de cantar, "parecia pouco másculo para os padrões juazeirenses".

Geralmente digo que a genialidade e a loucura são fronteiriças e, quando nossa capacidade de compreender algo novo falece,  encaramos o novo com estranheza. 

João Gilberto, como uma concha, estava produzindo uma pérola, mas o pai achava que o mesmo estava ficando "tantã". Essas sandices provincianas acontecem ainda hoje, por incompreensões diversas, em qualquer lugar, em qualquer família.

O diferente, ou tudo o que é novo, mexe com a cabeça da gente. Quem tem a mente aberta e olhar generoso, é capaz de ver beleza em tudo. Com a mente fechada a inteligência trava, congela...

Dando um salto na história, João Gilberto foi levado à capital da Bahia, pelo primo irmão, Dr. Dewilson, médico psiquiatra, para exames. Não ficou internado, mas hospitalizado no Hospital das Clínicas.

Lá um dia, ,no hospital, olhando a janela, "com ar perdido", comentou com u:ma das psicólogas, que estavam submetendo ele  "a uma bateria de entrevistas" :

- "Olha o vento descabelando as árvores"
- " Mas árvores não tem cabelos, João" 
- "E há pessoas que não têm poesia". "Fulminou, cortante".

Agora vamos em frente pois águas passadas não movem moinhos, servem apenas para revelarmos a tanta diferente gente, descabeladas e sem poesia, que nós guardamos o que há de bom em nós e só mostramos o verdadeiro valor, na hora certa. Afinal. Deus escreve certo em linhas tortas!
  

2 comentários :

  1. Boa noite, sou de Santo André e só por hoje me encontro numa situação complicadíssima em minha vida de relacionamento conturbado e mediante a estar institucionalizado a 6 meses, saída de ressocialização aconteceram fatos perturbadores e pude sentir ontem e hoje como é de fato a natureza de minha doença... usar drogas, e jogar meus valores no lixo. Já sou membro a 7 anos dessa irmandade que já me salvou e estava passando por um sentimento de angústia muito grande, por conta dessa situação que me foge o controle, é onde vejo que minha busca pela recuperação importa muito, pois ao ler esse artigo, mesmo lendo só o trecho final, foi o que o PS enviou pra mim... pois transformou o final da minha noite.

    Eu preciso de vocês! SPH!

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    1. Problemas sempre vão existir e as soluções existem. Haja o que houver, aconteça o que acontecer, pense com serenidade, tranquilize-se e entregue sua vontade ao seu PS. Só por hoje você não vai usar, haja o que houver. Nós estamos juntos, companheiro; é um ajudando o outro. Você vai vencer, porque você quer vencer. Força e fé!

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soporhoje10@gmail.com

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