segunda-feira, 20 de junho de 2011

Querida irmã, mais um trecho de carta de um interno denunciando mazelas dentro de uma clínica


Minha irmã,
Fiquei feliz ao ser notificado que você desejava falar comigo por telefone. Sabia, de antemão, que pouco poderia lhe transmitir quanto minha aflição. Mesmo assim fui com a intenção de lhe sinalizar o meu desconforto e mal estar, pra não dizer do desespero que já me afligia. 
Fui conduzido ao escritório da clínica, que fica em área aberta. Lá chegando, uma nova pessoa estava substituindo um ex-usuário de crack, ainda entusiasmado pelas suas recordações da ativa.
Uma pessoa do bem estava assumindo o lugar de um personagem muito louco, um tanto elétrico, desses que se assemelham aos que estão sob efeito da cocaína. Com isso não quero dizer que o mesmo estivesse sob efeito de drogas, mas empolgado por elas, conforme demonstrava.
Bem, sua ligação foi refeita e fui chamado a falar. Logo no começo suas perguntas foram embaraçosas e uma nova funcionário foi levada a responder suas perguntas. Depois o "secretário", ex-usuário de crack, ao ouvir você indagar sobre como eram ministrados os medicamentos, furtou-me o telefone e começou a falar. Lamentavelmente você não percebeu a manipulação. Fiquei privado de continuar a esperar para falarmos. Fui posto para fora por reagir diante das mentiras proferidas pelo secretário, ex viciado em crack e ainda entusiasmado com a droga. Fui levado para o confinamento e, dia seguinte estava punido, tendo que ficar sentado em um sofá, por onde passava uma corrente de ar gelado, durante um dia inteiro. Logo eu que sou tão friorento. Felizmente um poeta e um novato providenciaram para mim um cobertor que me acomodou do frio. Era um cobertor produzido pelo pai de um dos internos, a quem sou muito agradecido. Lamento não ter conseguido lhe contar as mazelas que ocorrem na pseudo clínica e sinto-me infeliz por - cada vez mais - achar-me desesperançado e receoso de vir a ser sepultado vivo nesta espelunca de clínica que me arrumaram como algo do primeiro mundo. O proprietário é uma figura maquiavélica e manipuladora. Já me fez ameaças de colocar cerca de 40 a 50 internos enfileirados para me desdizer. Ele me chama de manipulador e a esposa de "perigoso". Perigoso porque sei dos crimes que praticam ali dentro. Infelizmente os adictos mentem e caem no descredito e essa gente se prevalece disso, infelizmente. Os donos são arbitrarios e temperamentais, mas como posso fazer você acreditar em mim. Deus me proteja e ampare e abra os olhos de meus familiares. Aqui todos gemem e, ao final, quedam resignados... somos todos impotentes perante esta clínica.


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