sábado, 18 de junho de 2011

MODELO MINNESOTA



Minnesota é um dos estados americanos menos conhecidos no Brasil. Está localizado ao norte dos Estados Unidos, possui uma agricultura dinâmica, onde faz muito frio e é povoado por imigrantes do norte da Europa. Minnesota  não foi o primeiro lugar a ter um centro de tratamento baseado nos 12 Passos de AA, mas foi de lá que um modelo específico se desenvolveu, modelo esse que predomina nos Estados Unidos até hoje e que está rapidamente se espalhando por outros países.
Não há uma boa explicação do porque isto aconteceu em Minnesota e não em outra localidade mais urbana.
Quando a organização de Alcoólicos Anônimos foi fundada, em 1935, sentiu-se a necessidade de um local para internar os alcoólatras que estavam sofrendo e queriam parar de beber.


Manicômios e Tratamento de dependentes químicos
Enquanto isso, no manicômio estadual de Minnesota chamado Wilmar State Hospital, um psiquiatra, juntamente com o psicólogo Dr. Daniel Anderson tentaram desenvolver um trabalho juntos aos alcoólatras que ocupavam uma grande parte dos 1.600 leitos daquele hospital. Eles convidaram o grupo de AA que colaborava com a Hazelden a lhes ajudar no manicômio e logo perceberam que, através das reuniões de uma equipe multidisciplinar, incluindo os membros de AA que atuavam com conselheiros. Assim foi desenvolvido um dos primeiros grupos de profissionais multidisciplinares, incluindo dependentes em recuperação, baseados nos princípios de AA.
Logo se tornou claro que o manicômio não era um local apropriado para tratamento de dependentes químicos. Uma das medidas que o grupo multidisciplinar adotou foi a de permitir que os alcoólatras entrassem e saíssem do hospital livremente, gerando assim conflitos com a administração do mesmo.
A clínica na Hazelden, que não estava indo bem, contratou Dr. Dan Anderson para dar continuidade ao trabalho que ele começou no manicômio de Wilmar.
Assim nasceu o Modelo Minnesota, precursor de todos os modelos para tratamento de dependência química, que tem sua base estruturada nos 12 Passos de AA e que faz uso de uma abordagem multidisciplinar.
O Modelo Minnesota baseia-se nas seguintes concepções:
  1. Dependência química é uma doença e não um sintoma de outra patologia
  2. É uma doença multifacetada e multidimensional
  3. O motivo inicial que leva ao alcoolismo não está relacionado com o resultado
  4. Focaliza a causa que desencadeia o processo e não a pré-disposição para a dependência.
O Modelo Minnesota rege-se pelos seguintes princípios:
  1. A meta é tratar, mas não curar. O paciente é motivado a aprender a viver com o seu alcoolismo que é uma condição crônica. Não em procurar as causas e esperar por uma cura.
  2. Baseia seu programa de tratamento nos 12 Passos de AA especialmente nos primeiros cinco.
  3. Recomenda-se abstinência total de substâncias psicoativas.
  4. Cria um ambiente onde a comunidade terapêutica é totalmente aberta e honesta, o que propicia uma troca de experiências em todos os níveis.
  5. Tem uma equipe multidisciplinar que inclui um profissional denominado “conselheiro em alcoolismo”, que pode ser um alcoólatra em recuperação.
  6. Apresenta um programa essencialmente didático que é aplicável a qualquer pessoa, mas utiliza um plano de tratamento que é específico para cada paciente.
Pontos Fracos do Modelo Minnesota:
  1. É complexo para descrever seu funcionamento e depende muito das características pessoais daqueles que compõem o ambiente terapêutico. É de difícil avaliação objetiva devido à particularidades de cada caso. Ainda hoje desperta polêmica, havendo aqueles que o apóiam fanaticamente e aqueles que o criticam rigidamente.
  2. Devido à complexidade metodológica, é difícil sua avaliação mediante estudos dos processos dessa natureza.
  3. Apresenta uma mistura de princípios científicos com sabedoria, o que dificulta a avaliação e descrição do processo.
  4. Os papéis terapêuticos nem sempre são desempenhados por profissionais de formação formal. Isto cria muitas críticas dos profissionais de classes, especialmente entre os psiquiatras e psicólogos, além de problemas referentes a licenciamento e credenciamento.
  5. Existe tanta diversidade dentro do Modelo Minnesota que às vezes torna-se difícil determinar nitidamente o que é e o que não é o Modelo Minnesota. Sendo do domínio público, não existe nenhuma organização que faça esse controle e a Hazeiden não exerce esse papel.
  6. Devido à mescla de filosofias e profissionais, a administração de um programa dentro do Modelo Minnesota torna-se bastante trabalhosa.
  7. O modelo Minnesota não é a resposta definitiva para o tratamento de dependência química. É um método que não permite prognosticar com segurança para quem ele vai dar resultado sem antes experimentar.
Resumo do Modelo Minnesota:
  1. Os profissionais de tratamento e os pacientes colaboram na definição do caminho da recuperação.
  2. O foco do tratamento é a mudança do estilo de vida.
  3. O tratamento é de longo prazo.
  4. O tratamento é multidisciplinar.
  5. A reabilitação depende do apoio de sistemas naturais como a família, amigos e grupos de ajuda-mútua.
Contrastes desse modelo de reabilitação com o modelo médico tradicional onde:
  1. Os pacientes são passivos.
  2. Os medicamentos e a cirurgia são os instrumentos mais utilizados.
  3. O tratamento focaliza na cura



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