quarta-feira, 22 de junho de 2011

Nova Carta denúncia sobre clínica de internação em São Paulo, interior

São Paulo...

A minha esposa E. e aos filhos L, C. e P.:

Meu pai e minha mãe contavam, durante minha infância, a história de um garoto que gostava de brincar de mentir, sempre que ia à praia com a família. Brincava de pedir socorro simulando estar sendo afogado. De tanto brincar de mentir, lá um dia solicitou por muito tempo socorro e ninguém mais o socorreu julgando que o mesmo mentia. Quanta ironia o destino nos prega, pondo-me, diante de vocês, como um mentiroso em apuros.

Antes que o descaso e insensibilidade se revelem, reclamo seriedade e honestidade quanto a leitura do que escrevo. Adianto-lhes que não pretendo lhes decepcionar fugindo de me cuidar e escrevo estas linhas para lhes revelar meus temores e alfição que não saem de mim.

Não sei se vocês sabem, mas eu e E. temos um plano de saúde com cobertura nacional, portanto posso internar-me em qualquer clínica que aceite meu plano. Porquê lhes digo isto? Talvez não saibam que me internaram em um modelo de clínica errado. Não vim para esta clínica, trazido por vocês, à força, mas de modo voluntário, acreditando no que me diziam e julgo que foram honestos comigo, do contrario o que imaginar de vocês caso não tenham sido honestos comigo? prefiro supor que foram, pois não mereço de vocês nada que não seja condizente com a boa educação que receberam, inclusive para respeitar os direitos fundamentais do ser humano. Pois vocês me colocaram em uma clínica fechada e sinto-me preso, pois a mesma lembra o sistema prisional. Somos tratado como prisioneiros e temos GAP´s (internos, em tratamento, cooptados pelo dono) que se comportam como carcereiros. Rídiculo, mas eles personificam tal entidade. Vivo por mais de 20 horas por dia confinado em uma casa superlotada de homens e apenas duas mulheres. Há um avarandado por onde ficamos em momentos de "folga" para fumar, enquanto outros residentes jogam cartas apostando cigarro, numa medida pouco condizente para quem se propõe recuperar seres humanos do vício. Mas o jogo vicia e é permitido.
Não há terapia salvo a leitura dos 12 passos por um terapeuta competente, mas sem recursos pedagógicos, obedecendo a filosofia da casa de não gastar e de não investir, em resumo, em não gastar dinheiro com nada, nem mesmo com contratação de funcionários.
A ausência de liberdade  me causa mal estar. Logo que cheguei, dois senhores se aproximaram e puxaram conversa e não custou para me orientarem a "não discordar de nada" que o dono dissesse em umas reuniões que costumava fazer sempre que algo o incomodava. Certa dia, após receber telefonema dos filhos, em que disse ter urgência em falar com eles, tive o segundo telefonema interrompido, antes porém, o dono queria que eu contasse a ele o que eu queria falar, isto de forma ríspida e pouco civilizada, com um rosto assemelhado ao de um ratinho faminto. Pois não satisfeito disse que não permitiria o acesso de meus filhos à clínica dele em evidente sinal de abuso de autoridade e manifesta prepotência. Aqui pacientes que chegam agitado são sossegados com um "mata-leão" que os deixam desmaiados. Já vi o monitor, sem motivo que justificasse, estrangulando, com raiva, um paciente de 47 anos, descendente de espanhois. Justificou o ato alegando que o paciente tinha lhe apontado o dedo contra o rosto dele. Aqui é assim: metodologia da violência. Em uma reunião o dono praticou uma sessão de auto-afirmação sexual dele, perante a mulher, enquanto, com palavrões proferidos contra um excepcional (G.) praticava a homofobia. O pior é que, o mesmo, mercê de tudo quanto disse e fez, tem um jeitinho delicado, perto do ser feminino. Mas foi uma sessão homofoba violenta contra um garoto indefeso que acabou esbofeteado. Nessas reuniões a falta de ética impera. Nomes de famílias e de ex-pacientes são citados em flagrante desrespeito com tais ausentes. Agride os presentes e desmoraliza seus recuperandos. Já fui vitima de uma dessas reuniões por ter reclamado da comida, que era feita pelos internos, pois aqui não se contrata funcionários, o regime é de usar a mão de obra gratuita dos internos, como mão de obra escrava.
Escrevo às escondidas e faço isso com dificuldade. Depois escrevo sobre a rotina diária, no que consiste a terapia e falarei sobre o tempo de internação. Não dou esta carta por acabada, continuarei a mesma pois o que almejo é mostrar a vocês o erro que cometeram. Isso não trata de ninguém, apenas acode o bolso do dono.

Um comentário :

  1. No comercial diz que tem "equipe multidisciplinar"!!!! (GAP´s internos!?)
    A Equipe é falaciosa!!!!

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soporhoje10@gmail.com

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