O texto abaixo foi redigido faz um bom tempo. Não publiquei pois precisava retoca-lo em alguns aspectos, dando maior clareza ao mesmo e tentar sintetiza-lo. Acontece que ando avesso à escrita e resolvi posta-lo sem revisá-lo. Peço antecipadas desculpas. Vamos lá:
Dizem que se não provocarmos as pessoas a pensar elas continuarão agindo como automatos. Esta frase é bem interessante pois é assim que reparo muitas pessoas que passam a caminho do trabalho. Parecem tão mecânicos os movimentos e, até mesmo os sorrisos. Pelo menos, por serem automatos, não sofrem, eis uma vantagem de ser tal qual um robô. Mas vamos ao que escrevi sobre autodestrutividade sob inspiração freudiana:
Freud, em A Mente e seu Funcionamento, trata do aparelho psíquico e passa a denominar a energia total dispinível em EROS, como libido. Essa energia, presente no ego-id ainda indiferenciado "serve para neutralizar as tendências destrutivas que estão simultaneamente presentes. Confessa, Freud, não dispor de palavra análoga à libido para descrever a energia do instinto destrutivo, cujas vicissitudes são mais dificeis que as da libido. Mais tarde tal poder seria denominado Tanatos.
Este instinto destrutivo nada mais é do que o instinto da morte, que é silencioso e só desperta atenção quando se exterioriza. Esse desvio de dentro para fora tem componentes que parecem servir a nossa auto-preservação, também. Parece contraditório. O instinto da morte poderia ser denominado, no nosso entendimento, também, como instinto destrutivo de sobrevivência. No caso, poderiamos dizer que o estado de necessidade faz aflorar o instinto da morte determinando ao necessitado o componente de violência necessário para buscar sua preservação. A dosagem deste componente varia de individuo a individuo e depende das circunstâncias que envolve cada necessitado. O estado de necessidade não ficaria tão somente no campo das necessidades primárias humanas, mas no campo da alma. O desamor, a solidão, a indiferença, desprezo, horror, rejeição, exclusão e tantas coisas mais, afetam a psique individual. Quer objetiva, quer subjetivamente, despertando no ser o instinto de morte, que pode ser o da auto-preservação, como o da auto-destruição. Isso senti várias vezes no processo auto-destrutivo quando exposto a situações de risco de vida, sobrevindo minha auto-preservação instintiva.
Baixa-auto-estima, falta de amor próprio, descuido e desprezo consigo mesmo são sinais evidentes da existência do instinto destrutivo que existe em cada ser vivo. As razões que levaram alguém a chegar a tal estado, não vem ao caso neste momento.
O despertar do superego despeja considerável quantidade de instinto agresssivo, que se fixa no interior do ego e, é nesta região do aparelho mental que tal instinto se opera de modo autodestrutivo. Não é pensamento meu, mas uma analise de Freud. Para ele "este é um dos perigos para a saúde com que os seres humanos se defrontam em seu caminho para o desenvolvimento cultural". Conter a agressividade, para Freud, é, de modo geral, "nocivo e conduz à doença (à mortificação)." Parece-nos bastante didático o pensamento do pai da psicánalise. Vejamos a razão:
"Uma pessoa num acesso de raiva, com frequência demonstra como a transição da agressividade, que foi impedida, para a autodestrutividade, é ocasionada pelo desvio da agressividade contra si própria: arranca os cabelos ou esmurra a face, embora, evidentemente, tivesse preferido aplicar esse tratamento a outrem.
Isso me faz indagar se minha auto-destrutividade seria uma forma de reprimir minha agressividade contra outras pessoas? Isto é, minha agressividade contra outrem é desviada para meu próprio ser!
É muito interessante ler e entender Freud, através de exemplos. Imagine a agressividade sendo impelida pela autodestrutividade, canalizada contra si mesmo. Deve ser muito doloroso este processo para quem o experimenta. Imagino usuários de drogas, pessoas que se auto-flagelam, relações sado-masoquistas, pessoas deprimidas, pessoas com acessos de raiva e, até mesmo, nas doenças auto-imunes e, por que não avançar e levantar a hipotese do surgimento de determinados tipos de câncer, mas, isto é uma hipotese, nada mais que uma hipotese minha, que deixo no ar para alguém que deseje explorar este terreno, desenvolver um trabalho bem sedimentado. Só por hoje!