quarta-feira, 16 de junho de 2010

Como consumo de álcool gera violência no trânsito

Estudante da UEG faz estudo sobre mortes por acidentes, homicídios e afogamentos provocados pela ingestão excessiva de bebidas

Com o objetivo de mostrar a relação do consumo de álcool com mortes violentas, o estudante Carlúcio Medeiros, do curso de Farmácia da UEG, oferecido na Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas de Anápolis, realizou um estudo no Instituto Médico-Legal da cidade.

Carlúcio Medeiros está concluindo o curso de Farmácia e é funcionário do IML de Anápolis, atuando como auxiliar de autópsia. A pesquisa desenvolvida pelo aluno da UEG contou com a orientação do professor mestre Fernando Honorato Nascimento e avaliou 246 vítimas de mortes violentas, nos anos de 2003 a 2005.

Os dados foram coletados nos livros de registro de óbito do Instituto Médico-Legal, que atende 16 municípios, e em exames de avaliação da quantidade de etanol ingerido pelas vítimas e que são analisados pelos laboratórios do Instituto de Criminalística da Polícia Técnico-Científica, em Goiânia.

Este estudo foi apresentado no 4º Congresso Goiano de Medicina Legal, promovido pela Universidade Federal de Goiás, e também como trabalho de conclusão de curso, sendo avaliado com a nota 9,8. A pesquisa despertou ainda a atenção de vários órgãos de comunicação, que publicaram matérias sobre o assunto, repercutindo os dados coletados na pesquisa.

De acordo com o estudante da UEG e baseado em estudos médicos, a ingestão de álcool afeta o desempenho intelectual e motor e prejudica também a discriminação sensorial. "As pessoas, na maioria das vezes, não conseguem perceber as mudanças por si próprias, o que as torna confiantes de que estão bem", relata.

Pesquisa : O estudante da UEG baseou sua pesquisa em estudos que evidenciam como o consumo excessivo de álcool pode levar a vários problemas de saúde e a mortes violentas ocasionadas por acidentes automobilísticos, homicídios, afogamentos, dentre outros tipos de óbitos.

Usando os dados coletados nos registros do IML, nos laudos cadavéricos e em amostras de sangue coletadas das vítimas para a análise da quantidade de etanol absorvido pelo organismo, Carlúcio chegou a várias conclusões. As maiores vítimas dos casos de mortes violentas, ocasionadas pela ingestão de álcool, são do sexo masculino. Dos 246 óbitos, 215 eram de homens e o teor médio de álcool presente nos organismos era de 9,80 dg/L (decigramas de álcool por litro de sangue).

As pessoas de cor branca (108) e parda (114), de acordo com a definição do IBGE e adotada pelo IML, constam como as maiores vítimas de mortes violentas. Porém, os negros, com registro de apenas oito mortes, são os que mais apresentaram teor alcoólico no sangue, com dosagem média de 13 dg/L.

Outros fatores analisados na pesquisa foram a idade, o estado civil e o horário mais freqüente dos óbitos. Carlúcio Medeiros observou que as vítimas têm idade entre 16 e 20 anos e 41 e 45 anos; são solteiras, embora os casados tenham apresentado maior índice de teor alcoólico e o horário em que os acidentes mais ocorrem está na faixa das 18 às 6 horas da manhã.

As vítimas morreram, em sua maioria, de acidentes de trânsito e homicídios, apresentando teor alcoólico de cerca de 9,5 dg/L, o que, segundo estudos, já é suficiente para ocasionar perda da coordenação motora e dormência em algumas regiões do corpo.

Traumatismo crânio-encefálico e politraumatismo são as ocorrências mais comuns em óbitos que aconteceram, em sua maioria, em vias públicas, principalmente aos sábados e domingos.

Para o estudante de Farmácia da UEG, com base nesses resultados, as políticas públicas "devem ser reanalisadas para coibir o consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Com base nesse perfil, podem se estudar medidas para evitar que mais pessoas percam a vida devido ao envolvimento com o álcool."

O estudante propõe ainda que sejam tomadas medidas de controle de venda, restrição do horário de compra e até mesmo a proibição de venda e consumo de bebidas alcoólicas para que a morte de muitas pessoas possa ser evitada pela violência estimulada pela ingestão abusiva de álcool. [Diário da Manhã]



O álcool é um dos maiores vilões do trânsito na Cidade de São Paulo. Das pessoas que morreram em acidentes de trânsito no segundo semestre do ano passado (2004), 42,7% tinham bebido além do permitido. O levantamento feito pela Secretaria de Estado da Saúde com base em laudos do Instituto Médico Legal mostra ainda que o homem jovem, entre 20 e 29 anos, solteiro, é a vítima em maior potencial dessas mortes. É mais uma prova de que bebida e direção não combinam.

"Não esperávamos uma proporção tão alta do uso de álcool entre os mortos no trânsito. Com tanto que já se falou, acreditávamos que as pessoas já tivessem se conscientizado desse perigo", conta Vilma Gawryszewski, coordenadora do grupo técnico de prevenção de acidentes da secretaria.

Dos 454 casos de mortes analisados, 76% eram de homens e 28,7% do total de vítimas tinham entre 20 e 29 anos. Na verdade, aconteceram pelo menos 761 mortes no trânsito naquele período, mas nem todos os casos puderam ser analisados. O fato de a maioria morrer no local do acidente também pode indicar que a vítima estava em alta velocidade.

"Você tem o jovem com sua inexperiência ao dirigir e a sensação de onipotência e junta com o álcool, duplicando os fatores de risco. Há alguns anos, o maior número ficava entre 18 e 25 anos. Está aumentando a faixa etária", comenta o presidente da Comissão de Estudos de Direito de Trânsito da OAB/SP, Cyro Vidal. Ele explica que isso se deve às mudanças impostas pelo Código de Trânsito Brasileiro.

Hoje, um jovem consegue a permissão para conduzir, com validade de um ano, quase aos 19 anos. Neste prazo, não pode ter faltas gravíssimas ou graves, nem reincidir em médias e leves, senão perde a permissão e tem de começar tudo de novo. "O jovem que está se habilitando colocou um freio na boca e no pé."

A pesquisa aponta também que os pedestres são as maiores vítimas - 6,8 mortes para cada 100 mil - , seguidos dos ocupantes dos veículos (5,8 por 100 mil) e motociclistas (1,4 por 100 mil). Para Vilma, é preciso fazer continuamente campanhas educativas para que a relação entre álcool e acidentes diminua - pela legislação, é permitida uma concentração de até 0,6 gramas de álcool por litro de sangue, o que representa o consumo de duas latas de cerveja.

OBS: Não se pode comparar pedestres com ocupantes e motociclistas desta forma, mas sim considerar o número de expostos em cada caso. O número de pedestres é enorme, seguido dos ocupantes e finalmente os motociclistas!

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