Bom dia!
Dia 12 de maio, amanhã, completa um ano que fui para um pseudo-clínica em São Paulo, convencido de que estava indo me tratar. Fui feliz da vida. Pegamos um voo de última hora. pela AVIANCA, em um daqueles modelos de avião da GOL, que andavam caindo por demasiado. O ronco do motor era incomodo, mas o sabor e a alegria de estar indo buscar algo melhor pra mim, me deixava motivado e contente.
Tive uma pequena decepção depois que descemos em Guarulhos, por volta das 18 horas. Já estava escuro e não estava frio. A decepção foi a mudança repentina que meu filho e esposa demonstraram com a pressa de se livrarem de mim, logo.
Percebi a mudança e disse que só iria após ver meu filho, residente na capital. Vai, não vai. Ligam para o pastor que me pareceu um cara mais ou menos. Até então, não sabia o que me era reservado. Mulher e filho e pastor acordaram que eu iria pela manhã do dia seguinte.
Alugamos um carro e fomos para Sampa. O GPS do carro estava mais perdido do que cego em tiroteio. Pior é que eu estava ensinando o caminho certo sem conhecer porra nenhuma. Só de lembranças passadas.
Demorou, mas chegamos a um restaurante, ponto de encontro. Passava das 22 horas quando meu outro filho chegou. Eu estava tão animado que mais parecia um bobo e era. Mas um bobo desconfiado, pois não percebia a correspondente alegria em ninguém. Saímos tarde do restaurante.
Pegamos o rumo da Raposo Tavares. O filho mais velho estava com muita pressa e passava pelos quebra-molas feito um alucinado e eu me pipocava de rir. Fazia gozação. Depois ele se perdeu e eu estava gostando de ficar rodando de carro, na madrugada, como perdidos na noite fria.
De tanto rir, acabei descontraindo meus benfeitores. Tarde e verificando que a noite estava meio sinistra e por não termos achado vaga naquelas espeluncas de beira de pista, tomamos o rumo de São Roque, que me pareceu muito bonitinha. O Hotel era ótimo.
Tudo certo na portaria, fomos para o quarto, onde esculhambamos um pouco. Estava muito feliz, mesmo sabendo que iria passar meu aniversário dentro de uma "clínica".
Não cheguei a tomar banho. Sofro um frio medonho em São Paulo e temia sair de um banho quente para pegar uma corrente fria... O resultado seria aquela hipotermia que se assemelha a uma convulsão. Detesto ter calafrios. Transar no frio, sem aquecimento interno, deve ser uma proeza. E minha mala que eu não fiz e que mal sabia o que nela continha? Não havia roupas para o frio que me aguardava.
Amanheceu e já passava das dez da manhã e o café já estava encerrado. Conversei com uma copeira e ela foi condescendente permitindo que tomássemos o café... Estava no alto-astral!
Dai não custou muito e pegarmos a pista. Na ida me veio aquela sensação de quando chegamos em Guarulhos... sensação que me deixou frustrado, decepcionado, pois mais parecia que eu era um pacote, ou embrulho, que devia ser despachado urgentemente. Logo me recompus. Voltei a sorrir. Enfim, chegamos!
O pastor sorridente (que cara de pau!) nos recepcionou com um sorriso largo. Tinha uma luneta em um dos olhos.
Fomos até o escritório, onde conversamos bastante. Sabe, jogador de futebol, dizia um treinador baiano, a gente conhece pelo arriar das malas.
Aquele sujeito, dito pastor, me irritou algumas vezes pelo simples fato de ter um linguajar chulo, rasteiro, pornográfico e desrespeitoso. Depois ele disse uma merda: -"aqui nós tratamos a falta de vergonha".
Interiormente pensei: filho da puta! Bem, chegou o momento da despedida, abraços e beijos e o adeus final, além da promessa da mulher: "daqui a um mês venho lhe visitar, antes disso lhe telefono". Fui e eles foram.
No caminho, descendo, me bateu aquela tristeza peculiar ao momento da separação. Quase uma saudade.
Vi umas grades, arrodeamos e passamos por uma porta dessas que se assemelham aquelas de cadeia. Depois que entrei o rapaz foi muito rápido em trancar o portão. Puseram minha mala sobre uma mesa de ping-pong, revistaram, tiraram o que acharam por bem tirar e me deram o que restou. Até ai não fazia frio. Era tarde e só fui almoçar no jantar.
Que decepção aquela merda toda que eu ia reparando. Um estranho no ninho, totalmente desambientado e sem me dar conta de um ranço que paulistas tem com os baianos. Olhava tudo, tudo... Logo depois do jantar tive que colocar várias camisas, uma sobre a outra e o tempo ainda era suportável. Dias piores viriam.
Disseram-me que durante três dias eu estaria no "axé". Significa dizer que não teria que fazer tudo o que os demais faziam e que poderia até fumar uns cigarros enquanto o resto ficava no confinamento. Mas eu já tinha manjado tudo e os meus olhos eram de investigação, do tipo de quem procura um ponto vulnerável para fuga.
Logo percebi o regime carcerário em que estava metido. Bem, vou parando por aqui, só por hoje. Depois, talvez, continue contando algo mais. Só queria lembrar que amanhã faz um ano de um outro tipo de inferno que passei. Agora muita alegria e paz no coração é o que desejo a todos.
Tive uma pequena decepção depois que descemos em Guarulhos, por volta das 18 horas. Já estava escuro e não estava frio. A decepção foi a mudança repentina que meu filho e esposa demonstraram com a pressa de se livrarem de mim, logo.
Percebi a mudança e disse que só iria após ver meu filho, residente na capital. Vai, não vai. Ligam para o pastor que me pareceu um cara mais ou menos. Até então, não sabia o que me era reservado. Mulher e filho e pastor acordaram que eu iria pela manhã do dia seguinte.
Alugamos um carro e fomos para Sampa. O GPS do carro estava mais perdido do que cego em tiroteio. Pior é que eu estava ensinando o caminho certo sem conhecer porra nenhuma. Só de lembranças passadas.
Demorou, mas chegamos a um restaurante, ponto de encontro. Passava das 22 horas quando meu outro filho chegou. Eu estava tão animado que mais parecia um bobo e era. Mas um bobo desconfiado, pois não percebia a correspondente alegria em ninguém. Saímos tarde do restaurante.
Pegamos o rumo da Raposo Tavares. O filho mais velho estava com muita pressa e passava pelos quebra-molas feito um alucinado e eu me pipocava de rir. Fazia gozação. Depois ele se perdeu e eu estava gostando de ficar rodando de carro, na madrugada, como perdidos na noite fria.
De tanto rir, acabei descontraindo meus benfeitores. Tarde e verificando que a noite estava meio sinistra e por não termos achado vaga naquelas espeluncas de beira de pista, tomamos o rumo de São Roque, que me pareceu muito bonitinha. O Hotel era ótimo.
Tudo certo na portaria, fomos para o quarto, onde esculhambamos um pouco. Estava muito feliz, mesmo sabendo que iria passar meu aniversário dentro de uma "clínica".
Não cheguei a tomar banho. Sofro um frio medonho em São Paulo e temia sair de um banho quente para pegar uma corrente fria... O resultado seria aquela hipotermia que se assemelha a uma convulsão. Detesto ter calafrios. Transar no frio, sem aquecimento interno, deve ser uma proeza. E minha mala que eu não fiz e que mal sabia o que nela continha? Não havia roupas para o frio que me aguardava.
Amanheceu e já passava das dez da manhã e o café já estava encerrado. Conversei com uma copeira e ela foi condescendente permitindo que tomássemos o café... Estava no alto-astral!
Dai não custou muito e pegarmos a pista. Na ida me veio aquela sensação de quando chegamos em Guarulhos... sensação que me deixou frustrado, decepcionado, pois mais parecia que eu era um pacote, ou embrulho, que devia ser despachado urgentemente. Logo me recompus. Voltei a sorrir. Enfim, chegamos!
O pastor sorridente (que cara de pau!) nos recepcionou com um sorriso largo. Tinha uma luneta em um dos olhos.
Fomos até o escritório, onde conversamos bastante. Sabe, jogador de futebol, dizia um treinador baiano, a gente conhece pelo arriar das malas.
Aquele sujeito, dito pastor, me irritou algumas vezes pelo simples fato de ter um linguajar chulo, rasteiro, pornográfico e desrespeitoso. Depois ele disse uma merda: -"aqui nós tratamos a falta de vergonha".
Interiormente pensei: filho da puta! Bem, chegou o momento da despedida, abraços e beijos e o adeus final, além da promessa da mulher: "daqui a um mês venho lhe visitar, antes disso lhe telefono". Fui e eles foram.
No caminho, descendo, me bateu aquela tristeza peculiar ao momento da separação. Quase uma saudade.
Vi umas grades, arrodeamos e passamos por uma porta dessas que se assemelham aquelas de cadeia. Depois que entrei o rapaz foi muito rápido em trancar o portão. Puseram minha mala sobre uma mesa de ping-pong, revistaram, tiraram o que acharam por bem tirar e me deram o que restou. Até ai não fazia frio. Era tarde e só fui almoçar no jantar.
Que decepção aquela merda toda que eu ia reparando. Um estranho no ninho, totalmente desambientado e sem me dar conta de um ranço que paulistas tem com os baianos. Olhava tudo, tudo... Logo depois do jantar tive que colocar várias camisas, uma sobre a outra e o tempo ainda era suportável. Dias piores viriam.
Disseram-me que durante três dias eu estaria no "axé". Significa dizer que não teria que fazer tudo o que os demais faziam e que poderia até fumar uns cigarros enquanto o resto ficava no confinamento. Mas eu já tinha manjado tudo e os meus olhos eram de investigação, do tipo de quem procura um ponto vulnerável para fuga.
Logo percebi o regime carcerário em que estava metido. Bem, vou parando por aqui, só por hoje. Depois, talvez, continue contando algo mais. Só queria lembrar que amanhã faz um ano de um outro tipo de inferno que passei. Agora muita alegria e paz no coração é o que desejo a todos.
s/rev
Ver o lado da história de alguém que estava do lado de lá, de certa forma é triste e comovente, eu costumo sempre falar do sofrimento que senti quando por exemplo internei o meu ex pela a primeira vez, mas, sei que as sensações que el e teve, devem ter sido bem parecidas com as suas, é triste né, esse ciclo de sofrimento, onde todos sofrem, todos perdem...
ResponderExcluirBom, estou curiosa pelo resto da história, é bom sabermos como ela é na versão de quem esteve do outro lado...
Mas, falando de coisa boa, um ano se passou e o jogo virou certo?
Boas 24 horas, adoro as suas postagens.