COTIDIANO
A vida do adicto não é uma vida de recolhimento, de
clausura. Mas, muitas vezes, ela se torna mais ou menos assim. Pra sair tem que
ser acompanhado. Isso não é regra, nem exceção.
Nós cometemos muitos erros e somos responsáveis por eles.
Hoje,com sobriedade, observo, serenamente, o meu cotidiano e o cotidiano dos
meus co-dependentes, que não se cuidam, que não se tocam pra o problema deles,
que se imaginam perfeitos.
Tudo vejo e nada falo. Apenas medito e me
pergunto:
- eu sabia que confiança é uma batalha pra se conseguir,
então porque dei um passo errado, perdendo-a?
Quantos passos terei que dar, doravante, até ficar livre
da desconfiança e das amarras que me faz ver e silenciar coisas, fazendo de
conta que nada vejo?
Bom, dizem que quem canta seus males espanta e o adicto
deve cantar e buscar distrações saudáveis, sem sair do tom, sem notas
dissonantes, sem repiques e tremeliques. Eu sou desafinado e pra não incomodar
canto baixinho.
Recordo, quando passei uma temporada lá, naquela vila,
serena como o mar ao amanhecer, do bem que me fazia ouvir os companheiros e
companheiras tocarem. Ali eu conheci muita gente com talentos musicais. Então
lembrei dos companheiros(as) e pensei em me distrair um pouco, ouvindo e vendo
vídeos, não das canções que ouvia na vila, mas de velhas canções que me falam
alguma coisa neste exato instante e achei a composição, Cotidiano, de Chico
Buarque, como adequada e é por isso que estou postando o video aqui. Só pra
distrair.
Temos que fugir do lugar comum, vez em quando, né? Então,
tá
!
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