quarta-feira, 12 de maio de 2010

Anônimos

 
Anônimos
Sim, ainda somos anônimos. Não por medo, mas por prudência.
Somos milhões de seres humanos espalhados pelo mundo inteiro e, ainda temos que permanecer atrás da cortina do espetáculo chamado vida. Pode não ser assim, ou bem assim, mas é assim que me parece. 
Somos milhões de seres humanos com uma mesma estampa, com o mesmo problema. Somos adictos, como o diabético é, como o cardiaco é, como um doente/paciente qualquer, que precisa de tratamento. Uns podem, outros não. Todos deveriam poder, mas a realidade não é igual pra todo mundo.
Estamos evoluindo, é verdade, mas ainda somos um logotipo, ou dois logotipos: NA e AA.
Para uma infinidade de pessoas somos um "escândalo", ou uma "chaga social".
Infelizmente a sociedade, como um todo, padece pela falta de conhecimento e nem todos os seres são polídos. 
A ignorância é um grande desafio, vez que o ignorante desconhece que ignora. Tantas vezes me ignorei, sem saber que me  ignorava.
Nós aprendemos a nos modificarmos, mas temos que ter a coragem necessária para mudar muitas coisas passiveis de mudança. 
Só precisamos estalar os dedos das mãos, para empreendermos uma nova mentalidade a quem precisa, culturalmente falando. A Idéia por si só, não muda a realidade. É preciso atuar para transformar a realidade e isso só se opera mediante ações concretas e afirmativas.
Muitas vezes somos julgados equivocadamente. Muitos viram uma lenda, outros tornam-se mitos, mas a verdade permanece opaca, quando deveria ser transparente.
Aprendemos muito com o sofrimento, mas não nos consideramos vitimas de nada. Sabemos que ninguém quer levar uma vida sofrida. Não queremos excluir quem quer que seja e nem desejamos ser excluídos de nada. 
Temos uma doença que requer tratamento. Reconhecemos nossos erros. Pedimos desculpas e perdão e fizemos inúmeras reparações e, ainda assim, somos estigmatizados, rotulados e discriminados. Continuamos a caminhar de cabeça erguida. Levantamos, sacudimos a poeira e damos a volta por cima, no sentido figurado.
Nós mudamos, mas a sociedade, como um todo, não mudou. 
Buscamos nos aprefeiçoarmos cada vez mais. Nos esforçamos todos os dias para mantermos a nossa sobriedade readquirida, com serenidade, coragem e sapiência. 
Não desejamos a insanidade pra ninguém.
Queremos um mundo feliz, justo, igualitário. Um mundo novo, com novas concepções, com opiniões mais adequadas.
Estamos no inicio de um novo milênio e muita gente ainda pensa como se estivessemos no século XIX.
Enquanto isso trabalhamos nossos sentimentos, buscamos aperfeiçoar nossos defeitos e vamos nos aprimorando cada vez mais. Não somos mais com uma pedra bruta. Somos, diariamente, lapidados. Mas permanecemos anônimos.

O lado triste da nossa história ficou na cabeça de muita gente, no imaginário delas. 
Nós superamos muitas coisas e estamos adiante.
Não somos melhores, nem piores que ninguém.
Temos a revelar o nosso lado bom e humano. Os estigmas e toda forma de preconceito e discriminação são frutos do atraso mental.
Estamos fazendo a nossa história, anonimamente. Estamos esculpindo a história da mentalidade de uma época. Ninguém fez algo parecido, retratando a História da Humanidade através dos tempos.
Nós estamos fazendo isso, como os cristãos fizeram na época em que tinha que se reunir em catacumbas e cavernas. Guardadas as devidas proporções é assim que vejo o presente momento. Não ocupamos mais catacumbas, nem cavernas. Os arqueólogos fazem isso por nós, para o progresso da ciência.
Nós queremos o progresso e não o regresso. Não somos sub-especie da raça humana  e temos que ser respeitados.
Não somos presunçosos, nem pretensiosos. Aprendemos a ter humildade e, desde o primeiro passo, trocamos a negação pela honestidade.
Não somos paradigma de nada e nem queremos ser exemplo. Mas estamos dando exemplo. Não estamos pedindo a ninguém para ser educado, antes, porém, revelando nossa educação. 
Não somos uma invenção, nem uma fórmula mágica de nada. Somos seres vivos, reais, e não desejamos continuar no imaginário popular de modo deformado, mas humanizados. 
A maioria de nós fez mal a si mesmo, o que, por si só, parece imperdoável. Não queremos algozes, nem uma existência fantasmagórica. Não queremos e nem precisamos de juízos e vereditos. Precisamos da ciência em constante estado de evolução.
Queremos luz, queremos ciência e o despertar de consciências.
Sabemos da nossa responsabilidade. Somos responsáveis pela nossa recuperação, mas não somos responsáveis por qualquer tipo de doença. 
Ninguém quer adoentar-se. Todos desejam saúde e quem deseja o contrário está precisando de ajuda.
Somos milhões e, só por hoje, estamos escrevendo a história da mentalidade de uma época.
A civilização exige isso de todos nós e nós estamos fazendo a nossa parte.
SPH

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