sábado, 1 de maio de 2010

SEGUNDO E TERCEIRO PASSO

Segundo Passo


Após quebrar todas essas negações/mecanismos de defesa, nós temos que dar um segundo passo, que é justamente um passo relacionado com a auto-estima.

Não sei se vocês já perceberam que nos passos de A.A. / N.A., eles promovem o dependente e o familiar. Por que o familiar deixou ter nome, não é? Não é mais fulano de tal ou o cicrano de tal, é aquela louca mãe de fulano. O D.Q. deixou de ter nome: é o pipador, o bombeiro, o nóia, o pudim de cachaça... Ele deixou de ter nome, na rua quem bebe, bebe porque é sem vergonha; quem se droga se droga por que é marginal, essa é a nossa realidade. Dentro dos passos de AA / NA existe uma promoção.

O segundo passo diz: Viemos a acreditar que um poder maior do que nós poderia devolver-me a sanidade, ou a saúde. Nós só podemos devolver a saúde para quem? Para quem não há tem, quem não tem saúde é um doente, isso faz parte da sabedoria popular. Em 1935 a organização americana de saúde considerou o alcoolismo como doença, em 1977 a OMS (organização mundial saúde) considerou a dependência química como doença, dependência de outras substâncias que alteram uma ou mais funções no cérebro.

Então 30 anos antes da medicina o A.A. entrou com a sabedoria popular, então ele é promovido de sem vergonha para doente, de marginal para doente, de louca para doente. Por que nós não podemos aproveitar essa promoção e agarrar isso de todas as formas para que a gente possa ter um outro direcionamento de vida?

Porque a pergunta que se faz: onde foi que eu falhei para que acontecesse isso comigo? Onde foi que eu  errei para que não pudesse controlar o álcool ou a droga? Aí começo a atribuir: bem não consigo controlar  porque estão misturando alguma coisa na cachaça, não consegui controlar porque a droga não é pura.

Na realidade é um processo orgânico, chamado tolerância, esse processo orgânico simboliza o seguinte: hoje para você obter determinado efeito você toma uma dose, amanhã para obter o mesmo efeito você tem que tomar duas doses, depois de amanhã três doses, isso é chamado de tolerância.

No momento em que se instala a dependência a tendência dessa tolerância é de queda. Muitas vezes você vê isso no alcoólatra: ele está trêmulo de manhã, tomou uma... Passa a tremedeira, mas também fica ruim, chapado. Eu conheci pessoas que morreram de overdose e que não chegaram a usar uma grama de cocaína.

Então existe todo esse processo físico de tolerância, essa tolerância pode ser simbolizada por um pico ascendente de consumo e quando se instala a dependência, a tolerância vai caindo; pois da fase de uso inicial até a instalação da dependência existe o prazer físico, mas a partir do pico mais alto será só a manutenção da dependência, onde o D.Q. vai usar para não experimentar a síndrome de abstinência.

E o que é síndrome de abstinência? É o desconforto causado pela ausência da droga/álcool, podendo variar de insônia, tremores, alucinações até morte neuronal.

E se tratando de uma doença eu tenho que estar atento a questão da auto-estima, não houve falha nenhuma, não houve erro nenhum de minha parte e sim a predisposição orgânica em desenvolver a tolerância pela droga / álcool que culminou com a instalação da dependência. Esse processo é um processo seletivo. Existem estudos científicos que comprovam a existência de um componente genético nesse processo.

Então para isso eu preciso voltar a acreditar num Deus, acreditar em mim, num Deus que eu digo seria um poder superior a nós, porque aí entram também os papéis que nós vivemos dentro da dependência. 

Nós vivemos um papel muito comum, nós não vivemos o papel de Deus, nós vivemos o papel de irmão de Deus, tanto o D.Q. quanto o familiar; o familiar "chega perto de Deus e bate no ombro de Deus e diz : Deus tira ele do meio daquelas companhias que está levando ele para o buraco"; dando conselhos a Deus na cara dura, ou não? O dependente é a mesma coisa, chega perto de Deus e diz: Deus modifica minha mãe, meu pai, modifica fulano, Deus me ajuda arrumar dinheiro, eu estou sem dinheiro para pagar o bar, o traficante; sempre dando conselhos a Deus; tanto o DQ quanto o familiar. 

É esse o papel que nós temos que abandonar para podermos caminhar com nossas próprias pernas e aí entra o...


Terceiro Passo



O terceiro passo é um passo de decisão. Só que a partir de agora nós não podemos tomar uma decisão, somente uma decisão isolada, nós temos que tomar uma decisão em conjunto com uma ação, porque se não nós vamos ficar parados da mesma forma que nós estávamos há algum tempo atrás.

Eu decidi um monte de coisas e não coloquei nada em prática, tanto o D.Q. quanto o familiar..., é aquela história: amanhã eu paro..., amanhã eu faço. Para aqueles que estão dentro da programação de A.A. / N.A., NARANON / ALANON, o terceiro passo é isso: tomar uma decisão é colocar em ação, aquilo que eu posso fazer hoje, eu faço, o que eu não posso eu vou colocar no meu arquivo e deixar para quando chegar o momento. O terceiro passo é uma forma fácil de trabalhar a ansiedade..., se deixar a ansiedade um pouquinho de lado para ver qual é a nossa realidade. A realidade do familiar é que ele tem um elemento / pessoa doente dentro de casa que precisa de ajuda, a realidade do familiar e que ela está tendo comportamentos que não são próprios de uma pessoa da idade dela e que ela familiar precisa de ajuda também. A realidade do dependente é que eu / ele precisa de ajuda, e nessa hora eu não posso escolher a cor da bóia, eu estou me afogando e não sei nadar. Se jogarem uma bóia branca em digo, não eu não quero a bóia branca, eu quero a amarela. Não é hora de escolher o tipo de ajuda que eu posso receber, eu tenho que me agarrar nessa ajuda de AA / NA.

Esse tipo de procedimento, essa decisão juntamente com a ação traz de volta o direito de eu pensar o que é bom para mim e o que não é bom para mim; o que eu tenho condições de fazer agora e o que eu não tenho condições de fazer agora. 


Esse processo nós temos que começar a cultivar, nós temos que começar de alguma forma já colocar em pratica.

Esse terceiro passo é o passo da estruturação, é o passo que eu preciso pensar aquilo que eu tenho para decidir, eu não posso decidir pelo impulso, eu não posso decidir pelo simples fato da birra; eu quero fazer e fim de papo; não saber nem porque quer fazer; é próprio de um comportamento infantilizado que muitas vezes o familiar tem e o dependente também tem; fazer birra chega ao ponto muitas vezes dessa birra se refletir dentro de salas de mútua ajuda: 
- onde já se viu o fulano ir com a camisa do São Paulo na reunião, se apegando a coisinhas tão pequenas somente para não se focalizar dentro da sua própria recuperação. 


É uma maneira delas se olharem no espelho de costas, ela quer se enxergar no espelho, mas vira as costas para o espelho, porque dentro da sala, dentro de um grupo de mútua ajuda é necessário que eu passe a olhar para as pessoas para que as pessoas percebam como é que eu estou me sentindo e eu possa também perceber de que forma que eu possa estar ajudando estas pessoas, para que isso também possa - essa decisão e ação possam ser cultivadas com mais facilidade eu preciso de um...

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