quarta-feira, 11 de junho de 2014

RAUL SEIXAS EM NOITES TROPICAIS - NELSON MOTTA


Raul Seixas se afirmava como um rebelde independente e libertário, se tornando ao mesmo tempo um ídolo popular nas favelas e um admirado ponta-de-lança da contracultura. Com ironia debochada e grande sentido crítico, num canto quase falado, à maneira de Bob Dylan, ele transformou “Ouro de tolo” num dos maiores sucessos do ano, fustigando os sonhos da classe média e o “milagre brasileiro”: 

“Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar / Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais no cume calmo de meu olho que vê assenta a sombra sonora dum disco voador.” 

Lançada em compacto, a música não aconteceu no Rio, mas foi muito bem recebida em São Paulo. 

Por sugestão de Paulo, Raul, de terno, gravata e violão, convocou a imprensa e provocou grande tumulto na Avenida Rio Branco, juntando uma multidão à sua volta, cantando e promovendo ao vivo, direto ao consumidor, a sua nova música. 

Apareceu até no “Jornal nacional”. A música era irresistível: estourou no país inteiro. 

Logo depois, Paulo e Raul enfrentaram pela primeira vez problemas com a Censura, que exigiu a modificação de dois versos de “Como vovó já dizia”: “quem não tem papel dá recado pelo muro/ quem não tem presente se conforma com o futuro” foi mudado para “quem não tem filé come pão e osso duro/ quem não tem visão bate a cara contra o muro”. Mas liberou o debochado refrão, que pulsava hipnoticamente e levou a música ao sucesso popular: 

“Quem não tem colírio usa óculos escuros...” 

Empapuçados de maconha e ácido, Paulo e Raul se tornavam cada vez mais audaciosos. 

Imaginavam, ingenuamente, que suas músicas anárquicas e sua contraditória tentativa de “organização” da “Sociedade Alternativa” não eram levadas a sério pelo sistema repressivo, que eram vistas como coisa de “roqueiros americanizados”e não de “subversão política”. Mas foram presos, apertados em longos depoimentos e finalmente libertados, assustadíssimos. Mudaram o jogo e abriram o leque para o misticismo oriental. Feita em dez minutos, “Gîtã” foi um dos maiores sucessos de 1974, gravada por Raul e depois por uma poderosa Maria Bethânia, num dos maiores sucessos populares de sua carreira. Assim, os brasileiros conheceram uma versão tropicalizada das milhares de páginas em sânscrito do Bhaghawad-Gitâ, condensadas por Paulo Coelho e Raul Seixas num sucesso popular. Parecia mágica. 

Talvez fosse algo além do talento e oportunismo da dupla, que andava enfiada até o pescoço no mundo da magia e do ocultismo, eram estudiosos e seguidores do mago e satanista inglês Aliester Crowley, de quem me falavam com grande entusiasmo e devoção: o homem era o “cão”. 

Também gostavam muito de Thomas De Quincey e suas Memórias de um comedor de ópio, gostavam de tudo que era proibido, pecaminoso, secreto e misterioso. E diziam que detestavam política. 

Raul, além de magro e abusado, fumava, bebia e cheirava cada vez mais, embora a cocaína apenas começasse a aparecer no meio musical carioca, basicamente alcoólico, canábico e lisérgico. Os hippies maconheiros e viajandões, místicos e pacifistas, eram radicalmente contra o pó: era coisa “dele”, do “cão”. Tim Maia detestava. Envolvido com a seita “Universo em desencanto”, do pai de santo “Seu Manuel” de Belford Roxo, ele tentava converter os amigos ao naturalismo. 

Uma tarde, no apartamento de Raul na Rua Figueiredo Magalhães, testemunhei uma acalorada discussão entre o gordo e o magro sobre as grandezas e misérias da cocaína e da maconha. Raul falava mal da maconha, dizendo que ela deixa as pessoas prostradas e ; sem vontade de nada, que a cocaína dava força e velocidade. Tim contradizia dizendo que a planta era santa, dava paz e inspiração. A coisa foi esquentando e quando Raul começou a debochar do “pacifismo naturalista” de Tim, os ânimos se exaltaram e Tim encerrou a discussão advertindo o machista Raul para tomar cuidado porque a cocaína, além de impotência, provoca no usuário uma irresistível vontade de ser sodomizado. Ou, em suas palavras imortais, “afrouxa o brioco”. Discussão encerrada. Tim acendeu mais um e Raul esticou mais uma e quase fizeram uma música juntos. 

Depois da prisão, assustados, Paulo e Raul viajaram para os Estados Unidos no início de 1974. Raul pela primeira vez, Paulo já tinha feito, um ano antes, de mochila nas costas e de carona, uma road trip de Nova York à Califórnia. Com Raul pagando tudo, os dois parceiros e respectivas mulheres desembarcaram em Los Angeles para a primeira etapa da viagem, exigência do satânico Raulzito: a Disneylândia. 

No desembarque, um pequeno suspense. Sem saber da fartura californiana e correndo graves riscos, Raul tinha levado um cinto recheado de maconha, convenientemente envolvida em panos encharcados de perfume. Passou incólume pelos cachorros e pela alfândega mas, quando chegou ao hotel, se decepcionou: a preciosa carga estava inutilizada pelo perfume. Em Los Angeles, Raul ficou maravilhado com as “head shops”, lojinhas hippies que vendiam tudo que servia para usar (e para esconder) maconha e cocaína. 

Uma imensa variedade de papéis para enrolar (em vários sabores), cachimbos, narguilês, vidros, canudos, trituradores, pilões, filtros, vaporizadores, sprays desodorizantes com vários aromas, embalagens com fundos falsos, toda uma parafernália de artigos para drogados e farta literatura sobre maconha, ácido e cocaína. 

Nas “head shops” só não se vendiam os próprios. 

Da Disneylandia, doidões, eles foram para New Orleans e de lá para Memphis, em peregrinação ao santuário de Elvis Presley, Graceland. Em Nova York, por dias cercaram o Edifício Dakota, no Central Park, onde moravam John Lennon e Yoko Ono, em busca de um encontro. Em vão: nunca foram recebidos, mas na volta ao Brasil deram longas e detalhadas entrevistas sobre as idéias que trocaram com o famoso casal. 

Em seguida, Raul lançou o Lp Novo Aeon, completamente ideológico, com músicas como “A maçã”, que pregava a liberdade sexual e o casamento aberto, “Rock do diabo” (“enquanto Freud explica as coisas o diabo fica dando o toque/ O diabo é o pai do rock”) e a bela balada “Tente outra vez”, uma das melhores da dupla. Sucesso relativo mas muito abaixo do padrão de Raul e nenhum hit popular. 

Entupidos de cocaína e cada vez mais paranóicos, no fim do ano Paulo e Raul foram outra vez para os Estados Unidos, de novo bancados por Raul, mas dessa vez com o objetivo de ficar morando e trabalhando. Fizeram letras em inglês para as músicas, iam procurar empresários, produtores e gravadoras, começar tudo de novo nos Estados Unidos. Não procuraram ninguém. Paulo ficou em Nova York e Raul em Atlanta, com a família de Gloria, e dois meses depois voltaram ao Brasil de rabo entre as pernas. Brigaram, se separaram, e Paulo começou a fazer letras para Rita Lee. 

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Crack - uma droga mutante e de fundo de quintal, atualmente

Na foto o uso feito não é do crack, mas de haxixe

Atualmente é complicado alguém dizer que fumou ou usou crack, isto porque esta droga vem sendo fabricada em fundos de quintais, sem conhecimento algum, de modo empírico, na base da tentativa e erro. Dificilmente alguém acerta. Depois, como já abordamos, é outra droga que vem sendo adulterada. Um risco para a saúde dos usuários que usam sem se dar conta de muita coisa. O que dizem ser crack, hoje em dia, parece ser uma combinação de parafina, ou vela, com outras maluquices. 

Quando queimado o crack crepitava. Hoje em dia já não mais faz aquele efeito sonoro que deu nome à droga. Simplesmente queima. Noutras fica acesso como uma chama de vela. O cheiro não é mais o mesmo. O pior de tudo é que essas experiências e o modo de produção podem ser muito mais danosos à saúde que o próprio crack. É uma loucura !

Para que algumas pessoas possam se situar posto um link em que um sujeito faz o crack caseiro, com técnica. Como está em outro idioma e por ser trabalho do National Geografic, posto o link, desaconselhando qualquer leitor a tentar efetuar qualquer tipo de experiência e muito menos ensinar a quem quer que seja como se dá tal processo. 

Eis o link que aborda outras questões pertinentes às drogas:

http://www.natgeotv.com/pt/o-negocio-da-droga/videos/como-fazer-crack

Outro link desaconselhável é:

http://saude.hsw.uol.com.br/crack2.htm


Drogas adulteradas - Muito cuidado!

A você, camarada, que não tem muito tempo para pensar na droga que está comprando, pois a pressa em obtê-la e usa-la o impede de raciocinar, tanto no que concerne a procedência desconhecida, que é segredo, quanto a manipulação tóxica, para torna-la mais rentável. 

Muita gente não sabe, por exemplo, que andam misturando maconha com o crack (= craconha). Você, usuário, muitas vezes no afã de usar esquece pormenores e no final das contas paga um elevado preço, que pode até mesmo custar sua vida. Além de contrair um novo vício.

Quem está na ativa é afoito e não acredita muito em conselhos, muito menos no que diz  respeito a sua droga de preferência, que adquire contornos de uma "Deusa". No mercado de drogas todo mundo se diz esperto, mas quem compra é um "mané" em potencial. 

Dai resolvi escrever este artigo para quem acredita nessas "misturas" e busque revelar aos desavisados que tenha muito cuidado antes de usar qualquer droga. Existe uma cartilha muito boa, que se acha disponibilizada no link :   

          http://www.psicotropicus.org/pdf/livreto_web.pdf

É interessante pois trata do tema em pauta. Seria muito bom que este trabalho fosse lido por todos, não apenas por quem faz uso. Assim  os detentores do conhecimento podem revelar a quem está nas trevas da adicção ativa, certas falcatruas, levando usuários a tomar ciência do que estão fazendo com ele ao venderem drogas "batizadas". 

O pessoal do Psicoblog (Blog do Centro Brasileiro de Política de Drogas - Psicotropicus) que é muito acreditado, além de polêmico e que realizou um trabalho criterioso sobre o tema. Não é trabalho feito por amadores e precisa ser levado a sério. 

Relembro de duas personalidades do mundo do rock que usaram heroína misturada com estricnina e o resultado foi quase mortal. Uma delas foi Keith Richards e a outra o falecido Jonh Lennon. Portanto estas misturas são bastante antigas.  

Não pretendemos que ninguém continue no uso, pelo contrario, queremos desestimular pessoas que usam a permanecerem no erro, pois cada vez mais estas misturas se revelam perigosas. Quem visa o lucro parece não estar nem ai. Então, usuário, se cuide e não compre mais gato por lebre. 

Fique esperto!

Além da CRACONHA (maconha+crack) existe o Ecstasy, o selo de LSD e a Cocaína, dentre outras drogas. Seria prudente, baixe a cartilha, leia e passar adiante. 

No que concerne a cocaína é bom ressaltar que também usam crack na mistura, dentre outras substâncias reveladas na cartilha, disponibilizada no link

 http://www.psicotropicus.org/pdf/livreto_web.pdf 

Chegou o momento de quem está na ativa repensar o seu uso e não se deixar levar mais pela fissura ou por outros estímulos e impulsos e pare de ser um "otário" lucrativo.

Pare e pense e veja se não é hora de proceder uma mudança radical em sua vida, procurando ajuda e deixando o vício de lado. 

Não há neste artigo nenhuma dose de alarmismo, nem pretendemos infundir medo na cabeça de ninguém, apenas buscamos conscientizar pessoas, para evitar tragédias.

Infelizmente não postarei outras misturas que são levadas a efeito, apenas deixarei um pequeno dado, para você que é usuário, repensar seu uso.

A cocaína, por exemplo, tem propriedades químicas: não tem cheiro (é inodora) e mesmo assim você compra cocaína com cheiro, não é mesmo? Ela também é cintilante, por isso brilha, mas você compra mesmo assim. Outra qualidade que diz respeito é a cor do pó que é branco. Mas você compra coca psicodélica, não é verdade? Pois é, ainda tem uma galera persuasiva que vai querer lhe vender dizendo que a cor significa que ela é sintética e vão até chama-la de "pink" e outros nomes, atraentes. "Nine-Nine" é outra mentira. Você pode descobrir isto esticando uma carreira em um prato e, depois, é só coloca-la em local úmido. Depois de certo tempo o percentual minimo e ínfimo de cocaína vai se revelar diante dos seus olhos, que constatará que comprou 90% de adulterantes e 10% de cocaína. Na cartilha não consta isto... Vale ressalvar que também compra-se em farmácias, grandes quantidades de Ácido Bórico, nos mercadinhos, fermento em pó Royal, goma e o restante que muita gente já conhece, por ouvir falar. 

Não vá mais nessa onda e corte o barato de quem quer lhe trapacear e colocar sua vida e sua saúde em risco! 

Visite o psicoblog ( http://psicotropicus-blog.blogspot.com.br/2013/07/drogas-adulteradas.html ) e fique esperto! Agora não esqueça de baixar a cartilha e  boa leitura. 



domingo, 8 de junho de 2014

Jim Morrison


por BEN FONG-TORRES

Jim Morrison, um homem que cantou, compôs e bebeu excessivamente quando era vocalista do The Doors, morreu - em paz - aos 27 anos, em Paris.

A morte de Morrison, apesar (e por causa de) esforços estratégicos de sua esposa, Pamela Courson, e dos amigos, foi coberta de mistério. Ele morreu na madrugada de sábado, 3 de julho, mas só em 9 de julho, dois dias depois de ser enterrado em Paris, seu empresário divulgou a notícia à imprensa norte-americana.

Bill Siddons, 23 anos, empresário do The Doors, explicou em uma declaração: "A notícia inicial de sua morte e do funeral foi mantida em segredo porque aqueles de nós que o conhecíamos intimamente e o amávamos queríamos evitar toda a notoriedade e a atmosfera de circo que cercou a morte de Janis Joplin e Jimi Hendrix".

Siddons fez a declaração após voltar de Paris, onde ele, Pamela e três amigos foram ao enterro, no célebre cemitério Père Lachaise, onde estão enterrados nomes famosos das artes e das letras como Honoré de Balzac, Oscar Wilde, Molieri e Edith Piaf. Siddons afirmou que não haveria missas em Los Angeles, cidade onde Morrison frequentou por um tempo a UCLA (Universidade da Califórnia) e começou a cantar com o The Doors em 1965.

Segundo Siddons: "Jim foi para lá para escrever e descansar. Em Paris, encontrou alguma paz e felicidade e tirou Los Angeles de seu sistema. Pode ser difícil de entender, mas era difícil morar aqui [em Los Angeles] e viver o que todos pensavam que ele era. Não houve velório, o que deixou tudo melhor. Só jogamos algumas flores e terra e dissemos adeus." Sobre a falta de uma autópsia, Siddons justificou: "Simplesmente porque não queríamos fazer desse jeito. Queríamos deixá-lo em paz. Ele morreu em paz e com dignidade".

Mesmo assim, alguém estragou as coisas. Boatos vazaram de Paris a Londres naquele fim de semana dizendo que Morrison havia morrido, mas quando repórteres ligaram para o apartamento de Jim e Pam, perto da Bastilha, ouviram que Morrison "não estava morto, e sim muito cansado e descansando em um hospital". Em 8 de julho, depois do enterro do cantor-compositor-poeta, a redação da United Press International em Paris noticiou que Morrison estava "se recuperando e sendo tratado em um hospital ou clínica". Um jornal pop de Paris publicou uma foto de Morrison com a manchete: JIM MORRISON NÃO MORREU, novamente divulgando que ele estava "cansado" devido a "uma doença simples".

A Morte de Jimi Hendrix

A exata causa da morte ainda é vaga e uma autópsia deverá ser realizada em Londres em 30 de setembro. Para a polícia, foi uma overdose de drogas, já que, segundo as autoridades, Jimi teria tomado nove tipos de soníferos, morrendo asfixiado em seu próprio vômito, em 18 de Setembro.

De acordo com o cantor Eric Burdon, Hendrix, que morreu no apartamento da namorada, Monika Dannemann, deixou um "bilhete de suicídio", um poema de várias páginas, que agora está em sua posse. Burdon foi o último músico com quem Hendrix tocou antes de morrer.

Burdon fala: "O poema tem coisas que Hendrix já vinha dizendo, mas que ninguém escutava. Foi um bilhete de 'adeus' e um de 'olá'. Não acho que Jimi tenha cometido suicídio do jeito convencional, só decidiu ir embora quando quis."

Burdon apareceu no canal BBC em 21 de setembro - três dias depois da morte de Hendrix - dizendo que Jimi "se matou". Naquele dia, não mencionou o poema que informou à Rolling Stone dois dias antes. A autópsia deveria ter sido feita em 23 de setembro, mas no dia seguinte à aparição de Burdon na TV foi adiada em uma semana (Burdon se recusa a mostrar o poema).

"Não acredito que tenha sido suicídio", afirma Michael Jeffery, empresário pessoal de Jimi. "Simplesmente não acredito que Jimi Hendrix tenha deixado seu legado para Eric Burdon continuar. Ele era uma pessoa muito peculiar."

Hendrix passou a noite de quinta-feira, 17 de setembro, no quarto de Monika Dannemann, uma pintora alemã, no Samarkand Hotel. Ela o encontrou em coma na manhã de sexta-feira e chamou uma ambulância, que chegou ao hotel na Landsdowne Crescent, no bairro de Notinghill Gate, e o levou para o Hospital St. Mary Abbot's, onde foi pronunciado morto na chegada, às 11h45, horário de Londres. A polícia afirma que estavam faltando soníferos em um frasco no quarto de Monika, alugado por ela em meados de agosto por seis semanas e que Hendrix havia tomado algumas pílulas antes de dormir na noite anterior. O restante foi levado como evidência.

Hendrix estava na Europa desde que tocou no Festival da Ilha de Wight, em 30 de agosto. Foi seu primeiro show britânico em dois anos, e a Jimi Hendrix Experience (com Billy Cox no baixo e Mitch Mitchell na bateria) começou quase imediatamente uma turnê no continente. A turnê deveria terminar em Roterdã em 14 de setembro, mas essa data foi cancelada quando Cox sofreu um colapso nervoso e teve de voltar para os Estados Unidos. Noel Redding, baixista original da Experience, estava para sair de Nova York e se juntar ao grupo em Londres quando soube da morte do guitarrista.

Jimi estava hospedado no Hotel Cumberland ao lado da Park Lane desde sua chegada, no mês passado. Deveria ter feito checkout depois da noite de quarta-feira, mas pediu para o gerente lhe reservar mais uma noite. No entanto, não voltou ao hotel na quinta-feira à noite. A última vez em que Hendrix apareceu em público foi na quarta-feira, quando se juntou a Burdon e ao War no palco do Ronnie Scott's Club, em Londres.


O Adeus a Janis Joplin



Já eram 18h e Janis Joplin ainda não havia aparecido no Sunset Sound Studios. Paul Rothschild, o produtor da cantora, teve uma sensação estranha e mandou John Cooke, um dos roadies da Full Tilt Boogie Band, até o Landmark Motor Hotel para ver por que ela não estava atendendo ao telefone. "Eu nunca tinha me preocupado com ela antes, apesar de seus atrasos. Normalmente era porque parava para comprar uma calça ou fazer alguma outra coisa de mulher", disse Rothschild. Mas o dia 4 de outubro era um domingo e havia poucos lugares abertos, mesmo em Hollywood. O Landmark é uma construção grande de estuque na Franklin Avenue. Fica perto dos estúdios de gravação no Sunset Boulevard e é próximo aos escritórios das gravadoras e das editoras de música. Um ambiente bem tolerante a algazarras. Era o tipo de lugar de que Janis gostava.

Quando John Cooke chegou lá, eram quase 19h. Ele viu que o carro de Janis estava no estacionamento e que as cortinas do quarto dela, no andar térreo, estavam fechadas. Ela não atendeu a porta quando ele bateu, nem quando ele esmurrou a madeira e berrou. Cooke falou com o gerente, Jack Hagy, que concordou em entrar no quarto. Janis estava estirada entre a cama e a mesa de cabeceira, usando uma camisola curta. Os lábios dela estavam ensanguentados quando eles a viraram, e seu nariz estava quebrado. Ela segurava US$ 4,50 em uma mão.

Cooke chamou um médico e então ligou para o advogado de Janis, Robert Gordon. Ele afirma ter examinado o quarto com muito cuidado, mas sem encontrar qualquer narcótico ou equipamento para o uso de drogas. A polícia foi chamada. Quando os oficiais chegaram, por volta das 21h, também não encontraram drogas nem "apetrechos". Mas disseram aos repórteres que Janis tinha "marcas novas de seringa no braço, entre dez e 14, no braço esquerdo".

Quando o apresentador do telejornal das 23h tinha terminado seu breve relato, telefonemas espalhavam boatos malucos: Janis tinha sido morta por algum sujeito ciumento, por um traficante, até mesmo pela CIA; ela teria acabado com a própria vida por causa de algum homem, porque achava que estava caindo no ostracismo ou porque sempre tinha sido uma pessoa autodestrutiva. Cada nova teoria tinha alguma pessoa "informada" por trás, e cada uma delas era igualmente sem embasamento.

Thomas Noguchi, legista do condado de Los Angeles, não contribuiu em nada para esclarecer a confusão, muito pelo contrário: seu relatório preliminar, emitido na manhã seguinte, dizia que ela "morreu de overdose de drogas", mas não especificava quais drogas - álcool, soníferos ou algo mais pesado.

Gordon tentou rebater muitos dos boatos bizarros e amenizar as manchetes mais loucas, dizendo acreditar que as alusões a drogas não tinham embasamento e que Janis teria morrido de overdose de soníferos, seguida de uma queda da cama. Na terça-feira, no entanto, Noguchi relatou que Janis, que estava com 27 anos, tinha de fato injetado heroína no braço esquerdo várias horas antes de morrer, e que uma overdose a tinha matado. Disse que um inquérito seria instaurado.


Orlando Silva – o “Cantor das Multidões


Orlando Garcia da Silva (Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1915 — Rio de Janeiro, 7 de agosto de 1978)
Em 1932, com 17 anos, Orlando Silva perdeu parte do pé esquerdo em um acidente de bonde, o que o obrigou a ficar quatro meses hospitalizado, com dores que só cediam com doses de morfina. Após seu restabelecimento, tornou-se trocador de ônibus.

Costumava cantar para os amigos e vizinhos até que um conhecido o apresentou ao cantor Luiz Barbosa, que o levou para a Rádio Cajuti. Um dia, em 1934, o violonista e compositor Bororó o ouviu e levou-o ao Café Nice, onde o apresentou ao homem mais influente da música popular na época - Francisco Alves. Duas semanas depois, Orlando Silva estreava no programa do Chico Alves na própria Rádio Cajuti. Em 1935 gravou seus primeiros discos.

Em março de 1937 lança o que seria um de seus maiores sucessos: "Lábios que Beijei" (J. Cascata/ L. Azevedo), com o inovador arranjo de cordas feito pelo maestro Radamés Gnattali.

Por volta de 1940 a carreira de Orlando Silva, então no auge da fama, começa a entrar em declínio. Uniu-se à atriz Zezé Fonseca, num relacionamento turbulento que perdurou até 1943. Além disso, fazia uso freqüente de morfina, tornando-se dependente químico e tendo crises de abstinência quando não podia usar a droga. A partir de maio de 1942, passou alguns meses afastado dos estúdios, em parte por ter sido acometido por uma gengivite ulcerativa necrosante aguda, precisando extrair os dentes da arcada superior, em parte porque ficou internado para livrar-se da morfina. Tentando livrar-se de uma dependência, acabou vitimado por outra, o alcoolismo.

Quando Orlando voltou aos estúdios, em novembro de 1942, suas cordas vocais já não eram as mesmas. Era como se o cantor tivesse envelhecido muitos anos em seis meses - e ele estava com apenas 27 anos. Não se sabe exatamente a raiz do problema, mas o que se especula é que a voz não resistiu aos problemas pessoais, à perda dos dentes, ao álcool e à morfina. O próprio Orlando não tocava no assunto. Na verdade, nunca admitiu que sua voz declinara.

Não há dúvidas que, de 1935 a 1942, Orlando Silva foi o mais perfeito cantor popular que o Brasil já teve. Voz cristalina de tenor, viajava dos graves aos agudos com extrema facilidade. Timbre de beleza e maciez inigualáveis. Técnica respiratória perfeita, que entrelaçava frases e palavras sem se permitir respirar entre elas. Suas interpretações do período são magistrais, assim como o repertório, que alternava canções, sambas e valsas que se tornaram clássicos da nossa música. Boa parte está na caixa “O cantor das multidões”, lançada em 1995, com 66 das 152 gravações de Orlando no período ( http://300discos.wordpress.com/2009/03/04/027-orlando-silva-o-cantor-das-multidoes-1995/ ). Incluo mais uma de suas gravações, do início de 1942, o samba “Aos pés da Cruz” (Marino Pinto / Zé da Zilda), que mostra que, na ocasião, sua voz ainda estava perfeita.

Ele ensaiou diversas "voltas", prosseguindo na carreira com alguns sucessos, mas já não era mais o mesmo cantor que influenciou várias gerações de cantores. Para comparação, anexo as mesmas músicas anteriores, com “a outra voz de Orlando Silva”, em gravações da década de 1950. Aquela maciez da voz e suavidade de interpretação se perderam para sempre, ficando um bom cantor, mas com uma voz cansada e sem cor. 

Fonte: Brasilianas.org


O que é dependência física e psicológica?


Atualmente esses termos não são mais utilizados, ou, para melhor dizer, os conceitos de dependência física e de dependência psíquica são compreendidas dentro de um contexto único: ambas precisam estar presentes em maior ou menor proporção para que o diagnóstico de dependência possa ser firmado.

Por dependência física entendia-se como a necessidade de consumir uma substância para evitar sinais de desconforto trazidos pela falta da droga e manter o equilíbrio criado entre a presença constante da droga e o organismo. A dependência psicológica era entendida como a percepção da incapacidade de vivenciar sensações de prazer psicológico sem que uma substância estivesse presente e das alterações de comportamento implementadas pelo usuário a fim de garantir o suprimento constante da droga, muitas vezes em detrimento de campos importantes de sua vida (emprego, posição social, relacionamentos...).

Não pensamos mais em dependência hoje, sem a presença de ambos.

Site Álcool e Drogas sem Distorção (http://www.einstein.br/alcooledrogas/ ) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein



por Maluh Duprat - psicóloga componente do NPPI

"No hábito, não há privação de outras funções ou comportamentos, não ocupamos o espaço de atividades importantes com aquilo de que passamos a depender, seja trabalho, estudo, lazer, contatos familiares e sociais. Temos controle sobre nossos hábitos, não somos controlados por eles. No vício, o controle se inverte, passamos a ser dominados por ele"

Dualismos, polaridades, são formas muito costumeiras de se definir ou atribuir valores a comportamentos e atitudes sociais. Certo ou errado, bom ou mau, normal ou patológico, em que categoria me encaixo? Estou dentro dos padrões morais e culturais aceitáveis, ou sou um desvio, uma exceção à regra, a ser corrigida o quanto antes, para voltar a ser aceita (ou para o conforto do próximo)? Questões como essas, pertinentes a tantas facetas humanas, desde os primórdios da nossa história, hoje se estendem a um dos seus mais recentes artefatos: o uso da Internet.

Dentre as consultas que nos chegam, um dos temas mais freqüentes se refere ao polêmico uso compulsivo do computador. A Internet vem exercendo tal fascínio entre muitos dos seus usuários, que está se tornando, para eles, cada vez mais difícil viver sem ela, criando uma verdadeira dependência, a ponto de definirmos como vício o que parecia ser apenas um hábito.

Se nos atermos à colocação inicial deste artigo, polarizando as possibilidades de uso do computador, não há como negar suas fantásticas qualidades e a quase impossibilidade total de prescindirmos dele no nosso dia-a-dia, voluntária ou involuntariamente. Uma ferramenta de trabalho das mais comuns e também das mais sofisticadas, pré-requisito para um sem-número de atividades humanas. Em função disso, é cada vez maior o número de pessoas que passam a maior parte do dia diante dessa máquina. Outros tantos, que não a utilizam apenas para o trabalho, mantêm uma extensa rede de comunicação social, absolutamente atualizada, minuto a minuto! Suas virtudes, tanto no campo da informação, como da comunicação em tempo real, são de valor indiscutível, não caberia aqui enumerar seus predicados. No entanto, no outro pólo, surgem suspeitas de possíveis malefícios que o uso contínuo possa estar trazendo aos usuários mais compulsivos.

Não há como distinguir, em certo sentido, o vício em Internet dos vícios de outra natureza, da dependência por outros elementos, como os químicos, os alimentares, sexuais, de consumo, em jogo. Cria-se dependência por algo que dá prazer, muito prazer. Esse é o primeiro mote de qualquer vício, até mesmo por aquilo que não consideramos vício, apenas hábito, como o cafezinho, o chocolate, o cachimbo. Então, em que difere o hábito do vício?

No hábito, não há privação de outras funções ou comportamentos, não ocupamos o espaço de atividades importantes com aquilo de que passamos a depender, seja trabalho, estudo, lazer, contatos familiares e sociais. Temos controle sobre nossos hábitos, não somos controlados por eles. No vício, o controle se inverte, passamos a ser dominados por ele, o prazer que antes era sentido como tal, passa a ser sempre insuficiente e aquém das expectativas, sempre exigindo mais e mais. E a ocupar o tempo e o espaço de outras atividades, se não prazerosas, não menos importantes, prejudicando o usuário em algum nível. O comportamento do viciado, que geralmente não se admite como tal, costuma tornar-se refratário a todo tipo de crítica, reagindo com rigor a qualquer limitação que se interponha à satisfação de seu vício. O prazer se desloca do bem-estar ocasional para a destrutividade, consciente ou não, de algo com o que não se consegue conviver.

Situar a Internet entre esses dois extremos, virtude ou vício, seria atribuir a ela características humanas que não lhe pertencem, que não são de sua natureza. Seu potencial é incalculável, o do homem nem se fala. Cabe a ele lidar construtiva ou destrutivamente com seus artefatos. Se algum dom ela tem, que seja o de revelar ao seu usuário ou às pessoas próximas que alguma coisa não vai bem com ele; que ela tem seus encantos, é verdade, mas outras coisas, por alguma razão, estão deixando de ser vividas no mundo real. Mundo esse muito complicado do lado de cá da tela, mas que também tem suas virtudes. Resgatá-las é reaver a pulsão de vida que o vício, inopinadamente, pode roubar de qualquer um de nós. 


Alcoolismo: qual a diferença entre hábito e dependência?

Priscila e Maxwell Palheta

Escrito por Dra. Rita Maria Henriques da Silva

Como funciona a dependência psicológica do álcool?

A dependência psicológica se caracteriza por uma voracidade contínua ou intermitente pela substância, neste caso o álcool, com a finalidade de evitar um estado disfórico, ou seja, mal-estar provocado pela ansiedade.

Qual a diferença entre hábito e dependência?

O hábito é uma tendência (inclinação, propensão), pela repetição de um procedimento, por ex., ter o hábito de escovar os dentes após as refeições, ou ter o hábito de comer salada antes dos pratos quentes ou tomar banho pela manhã antes de sair para o trabalho. Nesse caso, se houver mudanças no hábito, como deixar de escovar os dentes após as refeições, ou comer a salada depois dos pratos quentes ou tomar banho no final do dia, essas mudanças não trarão comprometimentos maiores, como ansiedade, tristeza, depressão e sintomas físicos como tremores, insônia, náuseas. Isso não ocorre na dependência. Como o próprio termo diz, a pessoa fica dependente, subordinada física e psicologicamente, e apresenta os sintomas da abstinência.

 Por que o alcoolista se sente angustiado quando não satisfaz seu vício?

No início a pessoa bebe na busca pelo prazer e uma dose de bebida é suficiente para dar uma leve sensação de tranquilidade. Com o passar do tempo essa dose já não é suficiente e é preciso aumentá-la para se obter a mesma sensação. Isso significa que o indivíduo está desenvolvendo tolerância ao álcool. Quanto mais se eleva a dose do álcool para suprir a tolerância, mais alta ela fica, e maiores doses são necessárias. A tolerância acontece antes da dependência e, quanto maior a tolerância, maior a dependência que ocorre na sequência. Além dessa busca inicial pelo prazer, com o passar do tempo e a instalação da tolerância, o indivíduo busca a bebida para evitar situações de desprazer. Assim, a pessoa não consegue parar de beber, pois ao experimentar ficar sem a bebida sente sintomas desagradáveis da abstinência, e então volta a beber para não ter essas sensações.


Fonte: IDMED  

Vícios, hábitos, manias e drogas

Atualmente, o conceito de droga é amplo, abrangendo medicamentos e outras substâncias que podem levar ao vício

Atribui-se ao o médico suíço Teofrasto Paracelso (Idade Média) a seguinte frase: "todos os comportamentos podem se converter em droga". 

Hoje a "droga" é definida como qualquer substância ou ingrediente usado em farmácia, tinturaria; produto alucinógeno que leve à dependência química; substância ou produto tóxico de uso excessivo; substância que leve a um estado satisfatório ou desejável. Exemplos cotidianos: álcool, cocaína, cola de sapateiro, crack, éter, haxixe, heroína, lança perfume, maconha e nicotina (cigarro).

As drogas são classificadas em: narcóticas, depressoras, estimulantes e alucinógenas, além dos derivados da cannabis, que não se encaixam a rigor em uma única dessas categorias.

Algumas drogas são usadas em medicamentos, como analgésicos, anestésicos, tranqüilizantes ou moderadores de apetite. O conceito de vício pode ser caracterizado como o defeito ou imperfeição grave de uma pessoa ou coisa; hábito ou costume persistente de fazer algo; mania; dependência que leva ao consumo irresistível, por exemplo, de bebida alcoólica ou substâncias estupefacientes. Normalmente, são atividades prazerosas que ensejam a dependência. Entre as definições para a palavra hábito, está a maneira permanente ou freqüente, regular de agir, sentir, comportar-se (mania).

A mania pode ser explicada, a grosso modo, como um hábito extravagante; prática repetitiva; costume esquisito, excentricidade; gosto ou preocupação excessiva. Também tem como sinônimos: costume nocivo e vício. O que diferencia o hábito do vício é que este sempre traz efeitos perigosos para a pessoa. O perigo, aqui, está no excesso.

A característica comum entre o vício em drogas e o vício, por exemplo, quanto a um comportamento, é a síndrome de abstinência que é caracterizada por angústia, apatia, longos períodos de sono, depressão, desorientação, delírios paranóicos ou mesmo dores físicas.

São exemplos de vícios que independem de drogas estas 8 condições: bulimia; consumismo (vício em consumir); monoideísmo (fixação em uma única idéia ou modo de pensar); sexolatria (vício em sexo - associado a uma forte tendência à promiscuidade); vício em adrenalina (no caso, por exemplo, dos esportes radicais); vício em endorfina (em situações de tensão); vício em trabalho: workaholic; videomania (vício em videogames que leva a perder o contato com a realidade). Especialistas no assunto afirmam que são quatro as marcas que separam enfermos (viciados) e normais: o doente sempre perde o controle quando se entrega a uma atividade; quando não a realiza, sofre síndrome de abstinência; sua dependência cresce com o passar do tempo; e, finalmente, perde o interesse por tudo, menos pelo vício.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Curiosidade a respeito da Cocaína



A cocaína no século 19

 Escrito por John E. Burns, PhD

Foi somente em 1860 que Albert Nieman, um estudante de graduação em farmacologia em Gottingen, isolou a base alcalóide que viria a ser conhecida como cocaína.[x]  Seu uso foi imediatamente controlado na Europa mas não nos Estados Unidos, onde cresceu a proporções epidêmicas no final do século 19.[xi]

Em 1884, a companhia farmacêutica Merck produziu 3.179 libras de cocaína (aproximadamente 1.442 kg).  Em 1886, a Merck produziu 158.352 libras de cocaína (aproximadamente 71.733 kg).[xii]

Arthur K. Donoghue cita três razões pelas quais a cocaína era interessante para a profissão médica naquele tempo:

Albert Nieman isolou o alcalóide concentrado de cocaína em 1860;

A agulha hipodérmica foi inventada em 1853; e

Médicos buscavam desesperadamente soluções para problemas clínicos já que eles não podiam fazer muito além de aliviar a dor com morfina e isto estava sendo reconhecido como causa de severas conseqüências.[xiii]

Freud pode ter estado sozinho na Europa ao defender as virtudes da cocaína, mas ele tinha muitos colegas com a mesma convicção nos Estados Unidos.[xiv]

Influência das experiências norte-americanas.

Freud citou freqüentemente fontes norte-americanas, como em seu artigo “Contribuições ao conhecimento e o efeito da cocaína”: “A Detroit Therapeutic Gazette publicou, em anos recentes, uma série completa de reportagens sobre abstinência de morfina e ópio que foram superadas com a ajuda da cocaína...”[xv] Havia mais de dezesseis artigos relacionados ao tema.[xvi]

Um efeito colateral do episódio da cocaína na vida de Freud talvez tenha sido a sua subseqüente amargura com a América do Norte.  Ele confiava bastante no apoio das autoridades norte-americanas quanto à sua afirmação de que a droga era inofensiva.  A experiência e o tempo mostraram-lhe seu equívoco.  O seu primeiro encontro com a América do Norte havia sido uma decepção.  Embora os EUA tenham sido o país mais receptivo à psicanálise a partir das palestras de Jung e Freud na Clark University este, mesmo no fim de sua vida, poucas vezes deixou de encontrar falhas e emitir julgamentos, argumentando a favor de posicionar a análise contra a psiquiatria americana e a medicina.[xvii]

Uso pessoal.

Por muitos anos, Freud sofreu de depressões periódicas e de fadiga ou apatia, sintomas neuróticos que, mais tarde, tomaram a forma de ataques de ansiedade antes que fossem dissipados por sua própria análise.[xviii]

Em minha última depressão severa, eu usei coca novamente e uma pequena dose elevou-me às alturas de uma forma maravilhosa.  Agora mesmo, estou envolvido em pesquisar a literatura para uma canção de louvor a esta substância mágica.[xix]

Um pouco de cocaína, para soltar a minha língua [para visitar Charcot].  Fomos para lá numa carruagem... R. estava terrivelmente nervoso, eu estava bem calmo com a ajuda de uma pequena dose de cocaína...  Essas foram as minhas conquistas (ou melhor, as conquistas da cocaína), que me deixaram muito satisfeito.[xx]

Os primeiros anos de Freud como jovem médico no Hospital Geral de Viena foram tempos muito difíceis para ele.  Ele buscava reconhecimento, não tinha dinheiro e estava separado de sua noiva:

Nessa situação, cansaço, humor deprimido, ansiedade, preocupações e indigestão repetiam-se, diminuindo sua felicidade e sua eficiência no trabalho.  Alguns desses estados podem ter-lhe parecido, de alguma forma, conectados à sua situação frustrante e inquietante... mas todos eles enfraqueceram seu poder de concentração e auto-controle... A cocaína, para ele, era um remédio quase perfeito contra seus acessos neurastênicos.[xxi]

Naquela época, eu estava fazendo uso freqüente da cocaína, para reduzir desagradável congestão nasal  e eu havia ouvido, alguns dias antes, que uma de minhas pacientes, que tinha seguido meu exemplo, desenvolveu uma extensa necrose da mucosa nasal.  Eu fui o primeiro a recomendar o uso da cocaína, [entretanto] essa orientação fez com que eu me censurasse severamente.  O mal uso dessa droga apressou a morte de um caro amigo meu.[xxii]

Sabemos, através da “Interpretação dos sonhos”, que Freud ainda estava usando a droga em 1895[xxiii], um uso de onze anos entre as idades de 28 e 39 anos, entretanto não há nenhuma indicação de que ele era dependente ou que a usava compulsivamente.  Como faz notar um autor:

O desejo de erguer-se acima e além foi canalizado, por Freud, para a ciência.  Reconhecimento profissional imediato era o tipo de libertação que ele buscava.  Ele não esperava o Nirvana diretamente através do seu próprio uso de cocaína e é por isso que ele não corria o risco da dependência. 

E novamente:

O fator arquetípico que influencia a compulsão pela droga (“craving”), que concede tamanha intensidade ao desejo e convicção à crença, nunca venceu Freud completamente.  A ciência significava muito mais para ele.  A razão e um respeito pelos fatos faziam-no ficar sóbrio.[xxiv]

Aplicações terapêuticas

“Freud ainda considerava o campo da cocaína, por assim dizer, sua propriedade particular”[xxv] e estava fazendo experiências com ela em diversas aplicações terapêuticas:

Eu, agora, encomendei um bocado dela e, por razões óbvias, vou experimentá-la em casos de doenças do coração e, depois, em exaustão nervosa, particularmente na condição horrível que se segue à abstinência de morfina...[xxvi]

Ele esperava curar diabetes com cocaína[xxvii] e experimentou cocaína em muitos amigos, colegas e pacientes.[xxviii]

Freud insistia que a dependência ou o abuso da cocaína nunca fora reconhecido como um fenômeno em si, mas, em vez disso, que ocorria entre pessoas que haviam sido, anteriormente, dependentes da morfina[xxix] e que se fosse usada por um longo período, mas moderadamente, não seria prejudicial ao corpo.[xxx] Freud concluiu que a cocaína não tinha ação direta no sistema neuromuscular, podendo, porém, atuar sobre ele, em certas circunstâncias, quando melhorava o bem-estar geral.[xxxi]


"Em 1863, a substância foi adicionada ao vinho por um francês, Angelo Mariani. O seu “Vinho Mariani” continha 6 g de cocaína alcalóide por onça e era mundialmente popular para uma variedade de enfermidades, especialmente na abstinência de opióides. Entre os usuários famosos desse preparado estão Thomas Edison, Robert Louis Stevenson, Júlio Verne e o Papa Leão XIII. "



Nota do blog: O texto foi publicado parcialmente. Não citamos as fontes que se encontram na íntegra, no link abaixo e que nos serviu de fonte:

O que não é Esquizofrenia?


Há alguns mitos sobre a esquizofrenia bastante enraizados na opinião popular. Boa parte desses mitos se originou na mídia, através de filmes e romances sobre “loucos” e psicóticos que, além da qualidade literária e artística, não guardam, obrigatoriamente, uma coerente relação com a verdade científica. 

A Esquizofrenia não é a dupla pessoalidade. Apesar do termo esquizofrenia cunhado por Bleuler em 1911 significar mente partida, hoje sabemos que a síndrome de esquizofrenia é muito mais ampla que isso e não tem por que incluir nela os Transtornos de Personalidade Múltipla.

A Esquizofrenia não é uma violência sem sentido. O mito da violência psicótica provavelmente se deve, em boa parte, à midia, como o grande diretor Alfred Hitchcock e afins, cujo trabalho consiste em dirigir e vender filmes de agrado popular mas não, necessariamente, com bases científicas e reais. Também é possível que este mito se deva ao tratamento da Esquizofrenia com medicamentos sedativos. Mas, na maioria das vezes, a sonolência é um efeito secundário da medicação antipsicótica mais do que uma imperiosa necessidade de “dopar” o paciente.

A porcentagem de pacientes psicóticos esquizofrênicos que pode ser violenta é, felizmente, pequena. A agressividade dos psicóticos costuma ocorrer em proporção igual a que acontece com a população em geral. Aliás, podemos dizer, de maneira geral, que quem mais agride é a sociedade ao “louco” do que o contrário; é a sociedade das pessoas normais quem prende, agride, amarra, interna sem consentimento, seda, dopa, exclui e estigmatiza.

A Esquizofrenia não acomete pessoas pouco inteligentes, como pode se acreditar erroneamente. A Esquizofrenia afeta tanto as pessoas com alto quanto baixo nível inteleitual, atinge igualmente os ricos e pobres, os mais cultos e os mais simplórios. Não é monopólio de quem tem a mente fraca e nem depende da pessoa ser “esclarecida e inteligente”.


Fonte: PsiqWeb

Nota do Blog: Porquê publiquei um trecho de um artigo científico sobre o que não é esquizofrenia? Esclareço que fui embalado pelo que muitos anos atrás ouvi falarem sobre a "esquizofrenia tóxica". Falava-se que o uso de diversas drogas podiam produzir os sintomas da doença, o que levava muita gente a supor que o drogadicto, sob efeito, seria esquizofrênico. Contudo descobriu-se que tais sintomas eram desencadeados pelo uso abusivo de drogas. Particularmente, creio, que existem muitos usuários de crack, cocaína e outras drogas, que parecem ter a doença em estado latente. Existe uma predisposição e não são todos os usuários que apresentam quadros que possam levar à crença de que é a droga quem determina os sintomas. No meu entendimento a droga só faz revelar a existência da doença, em estágio latente. Pode ser que a composição química da droga tenha uma ação neurofisiológica, ou neuroquímica, capaz de alterar de tal maneira os centros sensoriais do cérebro, enquanto altera a percepção da realidade do usuário; muita gente acredita que os surtos e crises de pânico, medo, associadas a delírios, alucinações auditivas e visuais, além de ideias persecutórias, são comuns a todos que usam, indistintamente. Isso não é algo comum a todos os usuários de drogas, o que não corresponde a  certas conclusões.  

domingo, 1 de junho de 2014

Reflexões Diárias - Alcoólicos Anônimos

 

Domingo, 01 de Junho de 2014.

UM NOVO PONTO DE VISTA

Todos os nossos pontos de vista e atitudes perante a vida irão se modificar.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 103



Quando bebia, minha atitude era totalmente egoísta, totalmente auto-centrada: meu prazer e meu conforto vinham em primeiro lugar. Agora que estou sóbrio, o egoísmo começou a ir embora. Toda minha atitude em relação à vida e às outras pessoas está mudando. 

Para mim, o primeiro “A” em nosso nome significa “atitude”. Minha atitude é mudada pelo segundo “A” em nosso nome que significa “ação”. 

Praticando os Passos, assistindo às reuniões e transmitindo a mensagem, posso recuperar minha sanidade. 

Ação é a palavra mágica! Com uma atitude positiva de ajuda e uma ação regular em A.A., posso manter-me sóbrio e ajudar os outros a alcançar a sobriedade. 

Minha atitude agora é a de estar disposto a caminhar qualquer distância para manter-me sóbrio.

REFLEXÕES DIÁRIAS, p. 161

Meditação do Dia - Narcóticos Anônimos


DOMINGO, 01 DE JUNHO DE 2014

Volta que isto resulta 
"Não precisamos estar limpos quando aqui chegamos, mas depois da primeira reunião sugerimos que os recém-chegados continuem a voltar e voltem limpos. Não precisamos esperar por uma 'overdose' ou pela prisão para conseguirmos a ajuda de Narcóticos Anônimos." 
Texto Básico, p. 12 

Muito poucos de nós chegam a NA a transbordar de boa-vontade. Alguns de nós estão cá porque os tribunais assim os obrigam. Alguns vieram numa tentativa de preservar as famílias. Alguns vêm num esforço de salvar uma carreira à beira da ruína. Não importa porque é que estamos aqui. O que importa é que estamos. 

Temos ouvido dizer que "se trouxermos o corpo, a mente virá a seguir." Podemos vir às reuniões um pouco contra vontade. Podemos ser daqueles que se sentam nas últimas filas com os braços cruzados, a olhar ameaçadoramente para quem se aproxime. E se calhar até saímos antes do fim. Mas se continuarmos a voltar veremos que as nossas mentes começam a abrir-se. Baixam as nossas defesas e começamos a escutar realmente o que os outros partilham. Podemos até ouvir alguma partilha com a qual nos identifiquemos. Iniciamos o processo de mudança. 

Após algum tempo em NA, vemos que aquilo que nos acompanha às reuniões já é mais do que apenas as nossas mentes. Mais importante ainda, também os nossos corações já nos acompanham. Depois disto acontecer, começam realmente os milagres! 

Só por hoje vou esforçar-me por escutar com uma mente aberta aquilo que for partilhado.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...