Usuários de drogas sofrem com o preconceito nos prontos-socorros, diz representante do Ministério da Saúde. Foto: Moreira Mariz
Além do estigma que sofrem da sociedade, os drogados ainda são alvos de discriminação nos hospitais públicos e na rede pública de saúde. Essa seria, segundo os próprios médicos, mais uma falha na formação dos profissionais de saúde que precisa ser corrigida para que hajam expectativas de recuperação dos drogados que buscam atendimento.
A denúncia é feita pelo próprio coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Roberto Kinoshita. “Os usuários de drogas, de álcool, de crack, essa população cada vez mais pobre, mais vulnerável, mais estigmatizada também é vítima de discriminação nos serviços de saúde”, afirma Roberto Kinoshita. Ele relata que, durante a triagem nos prontos-socorros dos hospitais, os profissionais agem com discriminação e relegam a segundo plano os drogados, mesmo que tenha sintomas graves.
“A convulsão é visível, você tem que intervir, não tem como fugir. Mas, se a pessoa que chegar andando e falar que não está se sentindo bem, estiver mal vestida, for negra e tiver histórico de uso de droga; ou ainda se essa pessoa vier carregada porque estava embriagada ou por outro motivo, a discriminação leva a situações em que o paciente é descuidado e acaba morrendo”, revela o coordenador do ministério sobre a situação nos hospitais.
Ele acrescenta que “não temos como enfrentar os preconceitos por lei, mas a discriminação, sim. Por isso, é preciso tornar a discriminação uma falta. A pessoa pode não gostar de quem está atendendo, mas tem que atender. Em toda a rede nacional, a ideia é de que as pessoas sejam habilitadas, capacitadas para atender do ponto de vista técnico e do ponto de vista ético. E isso, nos prontos-socorros, não é simples”.
A discriminação a drogados nos hospitais é uma triste realidade. O senador Eduardo Amorim (PSC-SE) lembra que “pode até faltar um medicamento ou equipamento, mas, um gesto de carinho na abordagem está na índole de cada um. Isso é intransferível e não pode faltar”.
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