domingo, 11 de novembro de 2012

OS DANOS NEUROPSICOLÓGICOS CAUSADOS PELO USO CRÔNICO DO CRACK

Por Camila Louis Oliveira


RESUMO
Este  trabalho  tem  como  objetivo  descrever  os  danos  neuropsicológicos  causados  pelo  uso crônico do crack. O crack é uma droga estimulante do sistema nervoso central que afeta as funções cognitivas,  principalmente,  a  atenção,  memória  e  as  funções  executivas.  Muitas  pesquisas  também apontam para prejuízos nas tarefas de nomeação, na capacidade de abstração, novas aprendizagens, fluência verbal, destreza manual e integração viso-motora. Estes déficits não podem ser ditos como permanentes, pois após um longo período de abstinência é possível que a neuroquímica e o cérebro vascular se regularizem, retornando ao seu funcionamento normal e o usuário pode recuperar as suas capacidades neuropsicológicas.

INTRODUÇÃO

O crack resulta da mistura de cocaína com bicarbonato de sódio, pode ser produzido tanto da pasta básica da coca, quanto do pó já refinado. Em sua fórmula há elementos corrosivos como solução de bateria e solvente e também pó de vidro e medicamentos. É uma droga estimulante do sistema nervoso central (SNC), seus efeitos são de intensa euforia, exaltação da energia e libido, sensação de onipotência.

Há diferentes vias de administração da cocaína e os efeitos e riscos de complicações podem variar, o crack é mais potente do que as outras formas de uso. A administração é realizada através de  cachimbos  onde  o  usuário  inala  a  fumaça  resultante  da  queima  da  pedra  (Figlie,  Bordin  e Laranjeira,  2004)  Segundo  Lambert  e  Kinsley  (2006)  estudos  de  neuroimagem sugerem que  o efeito psicológico da cocaína está associado à velocidade com que a droga afeta o organismo e não a quantidade de droga consumida. A absorção do crack no organismo é instantânea, alcança o pulmão e cai imediatamente na circulação sanguínea cerebral, esse processo leva em torno de 8 a 12 segundos e o efeito da droga perdura de 5 a 10 minutos. Em pouco tempo de uso o individuo passa a sentir a fissura, vontade incontrolável de sentir os efeitos da droga, que no caso do crack é  uma  compulsão  avassaladora,  fazendo  com  que  o  usuário  chegue  a  fumar  de  vinte  a  trinta pedras por dia.Além da euforia e do prazer, esta potente droga causa também insônia, perda da sensação de cansaço e falta de apetite, em menos de um mês a pessoa pode perder de oito a dez quilos e em um tempo menor de uso perde as noções básicas de higiene, ficando em um estado deplorável.  Em  longo  prazo  pode  acarretar  problemas  cardíacos,  pulmonares,  convulsões, distúrbios  neurológicos  como  isquemias  e  desordens  motoras  e  até  transtornos  psiquiátricos induzidos pela substancia, como transtorno psicótico, alucinações e delírios (Kolling et al 2007).

As   substâncias   psicoativas   presentes   no   crack   atuam   diretamente   no   Sistema   de Recompensa  Cerebral  (SRC)  composto  pelo  córtex  pré-frontal,  núcleo  accumbens  e  área tegumentar ventral. O SRC pode ser chamado também de “centro do prazer”, atos como comer, tocar um instrumento musical ou ter relações sexuais nos proporcionam prazer e vamos repeti- los, estes comportamentos são denominados de “recompensas naturais”, a cocaína vai atuar de tal modo  a  possibilitar  um  prazer  “não-natural”  (Figlie,  Bordin  e  Laranjeira,  2004).  O  principal neurotransmissor  atuante  no  circuito  de  recompensa  é  a  dopamina,  com  o  uso  do  crack  o funcionamento  dos  neurônios  vai  alterar  totalmente,  porque  a  cocaína  inibe  a  recaptação  da dopamina,   necessária   durante   a   sinapse.   Esse   excesso   neuroquímico   na   fenda   sináptica proporciona  a  sensação  de  prazer,  por  isso  a  cocaína  causa  uma  recompensa  “não-natural” alterando o SRC (Figlie, Bordin e Laranjeira, 2004).

Com o tempo esse circuito começa a necessitar da droga para poder executar suas funções normalmente,  passando  a  produzir  menos  dopamina  e  gerando  ansiedade,  humor  alterado, anedonia, diminuição da energia e até problemas cognitivos. (Cunha, 2006).


OS DANOS NEUROPSICOLÓGICOS DO CRACK


Há   diversas   complicações   neuropsicológicas   associadas   ao   consumo   de   crack.   A investigação   neuropsicológica   do   uso   de   substâncias   contribui   para   esclarecer   questões diagnósticas  sobre  as  funções  que  se  encontram  prejudicadas  (Andrade  et  al.  2004),  podendo assim  realizar  uma  reabilitação  cognitiva  através  de  atividades  que  visem  á  recuperação  ou amenização dos déficits cognitivos (Allen, Goldstein e Seaton, 1997). Em um estudo Ardila et al. (1991) comprovaram que os usuários de cocaína, com 30 dias de abstinência, tinham prejuízos


Crédito: Camila Louis Oliveira (autora)
Acadêmica do Curso de Psicologia ULBRA/Guaíba (Brasil)
Orientação:
Luciana Schermann Azambuja
Neuropsicóloga. Professora do Curso de Psicologia ULBRA/Guaíba
www.psicologia.pt
Documento produzido em 26-05-2011
[Trabalho de Curso]
Contacto:
lusazambuja@hotmail.com
Palavras-chave: neuropsicológicos, crack, funções cognitivas.
Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Neuropsicologia

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