RESUMO
Este trabalho tem como objetivo descrever os danos neuropsicológicos causados pelo uso crônico do crack. O crack é uma droga estimulante do sistema nervoso central que afeta as funções cognitivas, principalmente, a atenção, memória e as funções executivas. Muitas pesquisas também apontam para prejuízos nas tarefas de nomeação, na capacidade de abstração, novas aprendizagens, fluência verbal, destreza manual e integração viso-motora. Estes déficits não podem ser ditos como permanentes, pois após um longo período de abstinência é possível que a neuroquímica e o cérebro vascular se regularizem, retornando ao seu funcionamento normal e o usuário pode recuperar as suas capacidades neuropsicológicas.
INTRODUÇÃO
O crack resulta da mistura de cocaína com bicarbonato de sódio, pode ser produzido tanto da pasta básica da coca, quanto do pó já refinado. Em sua fórmula há elementos corrosivos como solução de bateria e solvente e também pó de vidro e medicamentos. É uma droga estimulante do sistema nervoso central (SNC), seus efeitos são de intensa euforia, exaltação da energia e libido, sensação de onipotência.
Há diferentes vias de administração da cocaína e os efeitos e riscos de complicações podem variar, o crack é mais potente do que as outras formas de uso. A administração é realizada através de cachimbos onde o usuário inala a fumaça resultante da queima da pedra (Figlie, Bordin e Laranjeira, 2004) Segundo Lambert e Kinsley (2006) estudos de neuroimagem sugerem que o efeito psicológico da cocaína está associado à velocidade com que a droga afeta o organismo e não a quantidade de droga consumida. A absorção do crack no organismo é instantânea, alcança o pulmão e cai imediatamente na circulação sanguínea cerebral, esse processo leva em torno de 8 a 12 segundos e o efeito da droga perdura de 5 a 10 minutos. Em pouco tempo de uso o individuo passa a sentir a fissura, vontade incontrolável de sentir os efeitos da droga, que no caso do crack é uma compulsão avassaladora, fazendo com que o usuário chegue a fumar de vinte a trinta pedras por dia.Além da euforia e do prazer, esta potente droga causa também insônia, perda da sensação de cansaço e falta de apetite, em menos de um mês a pessoa pode perder de oito a dez quilos e em um tempo menor de uso perde as noções básicas de higiene, ficando em um estado deplorável. Em longo prazo pode acarretar problemas cardíacos, pulmonares, convulsões, distúrbios neurológicos como isquemias e desordens motoras e até transtornos psiquiátricos induzidos pela substancia, como transtorno psicótico, alucinações e delírios (Kolling et al 2007).
As substâncias psicoativas presentes no crack atuam diretamente no Sistema de Recompensa Cerebral (SRC) composto pelo córtex pré-frontal, núcleo accumbens e área tegumentar ventral. O SRC pode ser chamado também de “centro do prazer”, atos como comer, tocar um instrumento musical ou ter relações sexuais nos proporcionam prazer e vamos repeti- los, estes comportamentos são denominados de “recompensas naturais”, a cocaína vai atuar de tal modo a possibilitar um prazer “não-natural” (Figlie, Bordin e Laranjeira, 2004). O principal neurotransmissor atuante no circuito de recompensa é a dopamina, com o uso do crack o funcionamento dos neurônios vai alterar totalmente, porque a cocaína inibe a recaptação da dopamina, necessária durante a sinapse. Esse excesso neuroquímico na fenda sináptica proporciona a sensação de prazer, por isso a cocaína causa uma recompensa “não-natural” alterando o SRC (Figlie, Bordin e Laranjeira, 2004).
Com o tempo esse circuito começa a necessitar da droga para poder executar suas funções normalmente, passando a produzir menos dopamina e gerando ansiedade, humor alterado, anedonia, diminuição da energia e até problemas cognitivos. (Cunha, 2006).
OS DANOS NEUROPSICOLÓGICOS DO CRACK
Há diversas complicações neuropsicológicas associadas ao consumo de crack. A investigação neuropsicológica do uso de substâncias contribui para esclarecer questões diagnósticas sobre as funções que se encontram prejudicadas (Andrade et al. 2004), podendo assim realizar uma reabilitação cognitiva através de atividades que visem á recuperação ou amenização dos déficits cognitivos (Allen, Goldstein e Seaton, 1997). Em um estudo Ardila et al. (1991) comprovaram que os usuários de cocaína, com 30 dias de abstinência, tinham prejuízos
Crédito: Camila Louis Oliveira (autora)
Acadêmica do Curso de Psicologia ULBRA/Guaíba (Brasil)
Orientação:
Luciana Schermann Azambuja
Neuropsicóloga. Professora do Curso de Psicologia ULBRA/Guaíba
www.psicologia.pt
Documento produzido em 26-05-2011
[Trabalho de Curso]
Contacto:
lusazambuja@hotmail.com
Palavras-chave: neuropsicológicos, crack, funções cognitivas.
Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Neuropsicologia
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