quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Uso de drogas e violência não têm relação direta, indica pesquisa

Uso de drogas e violência não têm relação direta, indica pesquisa

Pesquisa “Prisioneiros das Drogas” entrevista presos do Rio e analisa impactos da droga na vida e no crime deles

Raphael Gomide, iG Rio de Janeiro | 18/08/2010 17:53 - Atualizada em 18/08/2010 17:53
 
Cerca de 80% dos presos em carceragens do Rio são usuários de drogas, como maconha, cocaína, crack e heroína. Porém dados preliminares da pesquisa “Prisioneiros das Drogas” apontam que, na maioria dos casos, os presos não cometeram crimes violentos.
Estabelecer a relação entre o uso de drogas por presos e a violência é o objetivo principal da pesquisa “Prisioneiros das Drogas”, que há três meses entrevista detentos do Rio de Janeiro. O projeto é uma iniciativa das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), com apoio da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa) e da Polícia Civil do Rio e a previsão de dois anos de duração.
“Existe a ideia de que a droga está ligada à violência e a crimes violentos, mas vemos que a maioria dos encarcerados está lá por crimes sem violência. Normalmente, o crime é uma questão política, havendo ou não condenação dependendo de onde a pessoa estava, de como estava vestida, onde mora, entre outras coisas”, disse Ana Beatriz Leal.
Para o delegado Orlando Zaccone, chefe das carceragens da Polícia Civil do Rio, “o que diferencia o traficante do bem do traficante do mal é onde ele nasce”, disse Zaccone, no seminário “Prisioneiro das Drogas”, no auditório da Emerj (Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro), no Tribunal de Justiça do Rio, no centro da cidade.
“É frequente e surpreendente ver que a destruição do indivíduo – fisicamente e psicologicamente, por estar preso – não teve repercussão na sociedade. O preso também é altamente vitimizado, pela droga e o estigma que ela traz, além do estigma de ser preso”, afirmou Oswaldo Munteal, coordenador-geral da pesquisa, que encontrou dois ex-alunos presos, durante a pesquisa.
De acordo com a coordenadora-executiva do projeto, Ana Beatriz Leal, outra importante meta do projeto é “criar ciência para o Estado agir, com políticas públicas” para a área e tornar visível à sociedade a questão da droga.
“Um dos fatos que favorecem a continuação do uso de droga é o estigma. Deve haver uma preocupação com a superação dos estigmas de usuário”, disse Maria Tereza Aquino, do Nepad (Núcleo de Estudos e Atenção ao Usuário de Drogas), da Uerj.

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