sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Usuário entre a cruz e a espada

Este blog é a favor da vida, contra a violência, contra as drogas, pela paz social e uma política de combate as drogas equilibrada.

É possível enfrentar o tráfico de drogas, como vimos o que aconteceu no Complexo do Alemão, onde não foi necessário matar ninguém. Aquela arrogância toda que os traficantes revelavam, com toda selvageria, mostrou que são incapazes e incompetentes para o confronto policial. Ocorreu a ocupação pelas forças policiais, que foram prontas para um eventual combate e o que vimos foram os agentes do tráfico em debandada, fugindo, mostrando que toda aquela coragem e valentia não passava de figuração de verdadeiros "tigres de papel". 

As ações inteligentes, bem pensadas, ajustadas, equilibradas, militarmente corretas, precisam ser refletidas. 

É preciso observar que, em meio a esta guerra, os usuários de drogas, ficam entre a cruz e a espada e é isso que as forças policiais precisam compreender. O policial não deve ser visto pelo usuário da maneira que os agentes do tráfico desejam: como "alemães". Eis ai um grave erro das forças policiais, tratar o usuário como "inimigo", permitindo que estes entrem no jogo do tráfico.

Os usuários, muitas vezes, com receio das ações policiais, servem-se de locais impróprios para poder utilizar a droga que lhe causou dependência. Trata-se de gente de todas as classes sociais, sujeitas a toda sorte de situações imáginaveis e inimaginaveis, e que fique aqui um alerta às autoridades: muitas garotas, de muito boa criação, são sexualmente usadas, quer seja por medo, quer seja pela necessidade de obter a droga. Há casos de muitas venderem o corpo por apenas dois reais, para complementar o valor requerido, para aquisição do que ela(s) deseja(m) comprar. 

É preciso que os governantes e autoridades policiais encontrem um meio termo, pois todos sabem que, apesar de todos os esforços, de toda a inteligência empregada, o tráfico não acaba, apenas pode ser atenuado. 

Enquanto isso os usuários, que ainda não buscaram o caminho da recuperação, precisam de encontrar um CENTRO,  onde ele procure a paz que não encontra nas "bocadas", onde se mistura a toda sorte de gente que ele, enquanto usuário, desconhece, nem nas ruas, nem no lar. 

Deve existir um lugar onde ele seja acolhido por profissionais de diversas áreas, treinados, que se aproximariam, conversariam, buscariam ouvir o que os usuários têm necessidade de falar, além de serem ouvidos, também. 

Estes profissionais, com habilidade e inteligência, tratariam de orientar os usuários, mostrar-lhes novos horizontes e novos caminhos, revelando que nem tudo está perdido e que é possivel reconstruir a própria vida (nisso, o Estado e a iniciativa privada, deveriam ficar a postos para uma eventual necessidade de reinserção do recuperando em processo de ressocialização indicando-lhes alternativas de tratamentos)...

A questão das drogas não deve ser vista apenas como uma "guerra entre quadrilhas", ou uma "guerra por pontos de vendas", "acerto de contas", ou "ação policial" e as mortes não devem ser aceitas como um joguete de interesses policiais de "envolvimento com drogas", justificativa esta que tem se prestado a milicianos e grupos de exterminio, que não são menos bandidos que os traficantes. A sociedade merece respeito e os governantes precisam cobrar a verdade e a seriedade necessária neste terreno, sob pena de assistirmos um monstro se agigantando.  Policia para quem precisa de polícia, também nestes casos, com prisão e justiça, tudo na conformidade da lei.

Nisso tudo, é bom que se diga, existe um ser humano totalmente desamparado, que poderia ser filho de qualquer um de nós e é este cidadão, doente por natureza, dependente químico, que precisa, sobretudo, ter a vida salvaguardada. Os perigos que correm merecem ser atenuados por políticas governamentais inteligentes. 

Tirar os usuários das ruas, dos becos, das quebradas, debaixo das pontes e apontar-lhes um caminho, onde irão encontrar outros seres humanos, capacitados, para lhes dar instrução e conselhos úteis e, se for o caso, providenciar um internamento voluntário é uma ação meritória, para os dependentes químicos, seus familiares e toda a sociedade. Sair do campo do binômio "prevenção e repressão", onde quase sempre o que se observa é a repressão, face a inexistência, ou ineficiência, da prevenção.  É preciso refletir!

Mas é preciso retirar o usuário da "LINHA DE FOGO", inclusive do "fogo amigo". Políticas inteligentes é disso que a questão das drogas necessita. O policial não deve continuar a ser visto como sendo o "alemão". Esta denominação pejorativa é fruto de toda uma concepção construida por políticas repressivas do passado e que só reflete o modo repressivo  selvagem, com que, determinados agentes públicos, atuam nas comunidades. O ser "alemão", ou o ser visto como um "alemão", precisa acabar com políticas institucionais educativas,  afinal, quem é o inimigo no seio das comunidades?

Paz social, com inteligência, equilibrio e justiça, no âmbito das drogas, licitas ou ilícitas.

Você, leitor, pode opinar através dos seus comentários. Pode apresentar sugestões e críticas. Ninguém é dono da verdade e o processo dialético promovido pelos debates e confronto de ideias, só nos servirá para aprimorarmos o meio social em que vivemos.

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