sábado, 26 de fevereiro de 2011

Drogas, O que não fazer

Enfrentamento

O que não fazer

Para prestar apoio a um dependente de crack, é fundamental saber a melhor forma de agir para incentivar a recuperação. Por excesso de zelo ou até mesmo por desinformação, muitos parentes e amigos podem adotar atitudes prejudiciais ao progresso de uma pessoa que tenta interromper o uso da droga - agir com truculência, por exemplo, é uma maneira inadequada de lidar com a situação.
Força de vontade e perseverança são essenciais para todos os envolvidos. “O apoio afetivo e social é fundamental. A família, no caso de uso de substâncias psicoativas, deve se livrar de preconceitos, reconhecer que as pessoas reagem de modos diferentes a diferentes substâncias e se colocar ao lado do paciente e não contra a droga, desconsiderando as circunstâncias sociais, pessoais e a própria substância consumida”, diz Antonio Nery Filho, professor e psiquiatra do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD), da Universidade Federal da Bahia.
Psicóloga da ONG Lua Nova de Sorocaba (SP), Raquel Barros tem a mesma opinião. “Para administrar as crises, a família deve saber ser firme e persistente nos limites, trazer para a realidade aquele usuário e com ele traçar planos buscando valorizá-lo, assim como a relação entre eles”, diz. “Os familiares precisam de suporte, mas eles devem ter na cabeça que quem usa a droga é o dependente, não eles”, ressalta Andrea Leite, assistente social do CETAD/UFBA e coordenadora do Consultório de Rua.
O afastamento e isolamento do usuário também prejudica o processo de recuperação. “Por mais que o familiar pense que o dependente não está nem aí para ele, é bom ficar junto. E esse apoio não deve vir só dos mais próximos, mas também fora de casa, com oportunidades institucionais, por exemplo. Às vezes a pessoa não vê grandes chances lá fora, como emprego, e foca ainda mais na droga“, completa Andrea Leite.
Apoiar um dependente de crack também requer ajuda de profissionais e ações que mostrem a ele que existe algo que possa lhe dar prazer tanto quanto a droga. “Fizemos uma ação com o futebol e, ao praticar o esporte, os dependentes tiveram uma amostra de outra coisa que podia dar prazer. Ninguém falou para pararem de usar a droga, eles que descobriram isso. Uns jogavam só dez minutos, depois vinte, trinta, e daí a coisa toda evoluía para eles”, diz Andrea.

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