Enfrentamento
O que não fazer
Para prestar apoio a um dependente de crack, é
fundamental saber a melhor forma de agir para incentivar a recuperação.
Por excesso de zelo ou até mesmo por desinformação, muitos parentes e
amigos podem adotar atitudes prejudiciais ao progresso de uma pessoa
que tenta interromper o uso da droga - agir com truculência, por
exemplo, é uma maneira inadequada de lidar com a situação.
Força de vontade e perseverança são essenciais para todos os
envolvidos. “O apoio afetivo e social é fundamental. A família, no caso
de uso de substâncias psicoativas, deve se livrar de preconceitos,
reconhecer que as pessoas reagem de modos diferentes a diferentes
substâncias e se colocar ao lado do paciente e não contra a droga,
desconsiderando as circunstâncias sociais, pessoais e a própria
substância consumida”, diz Antonio Nery Filho, professor e psiquiatra
do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD), da
Universidade Federal da Bahia.Psicóloga da ONG Lua Nova de Sorocaba (SP), Raquel Barros tem a mesma opinião. “Para administrar as crises, a família deve saber ser firme e persistente nos limites, trazer para a realidade aquele usuário e com ele traçar planos buscando valorizá-lo, assim como a relação entre eles”, diz. “Os familiares precisam de suporte, mas eles devem ter na cabeça que quem usa a droga é o dependente, não eles”, ressalta Andrea Leite, assistente social do CETAD/UFBA e coordenadora do Consultório de Rua.
O afastamento e isolamento do usuário também prejudica o processo de recuperação. “Por mais que o familiar pense que o dependente não está nem aí para ele, é bom ficar junto. E esse apoio não deve vir só dos mais próximos, mas também fora de casa, com oportunidades institucionais, por exemplo. Às vezes a pessoa não vê grandes chances lá fora, como emprego, e foca ainda mais na droga“, completa Andrea Leite.
Apoiar um dependente de crack também requer ajuda
de profissionais e ações que mostrem a ele que existe algo que possa
lhe dar prazer tanto quanto a droga. “Fizemos uma ação com o futebol e,
ao praticar o esporte, os dependentes tiveram uma amostra de outra
coisa que podia dar prazer. Ninguém falou para pararem de usar a droga,
eles que descobriram isso. Uns jogavam só dez minutos, depois vinte,
trinta, e daí a coisa toda evoluía para eles”, diz Andrea.
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