Tem momentos na vida que desejamos escrever e as palavras parecem fugir e ficamos a expressar o nosso pensamento de modo que nos parece inadequado. Ainda assim decidi desabafar por escrito, neste blogger, Só Por Hoje.
Há momentos em nossas vidas que nos desconhecemos, nem sequer nos reconhecemos. Ontem fui me ver no espelho. Estava cabeludo e com a barba em péssimo estado, de tal forma, que o meu aspecto indicava abandono. Isso é fruto de um desprezo total pelo próprio ser, uma perda da auto estima que não consigo entender muito como isso me ocorre e me deixa relapso ao ponto de me largar, me abandonar, de me permitir viver ao léu da sorte. Não, não quero isso, mas é assim que fico até que vem o momento da reação e da busca por melhorias em meu estado de alma.
Há momentos em que negamos tudo o quanto pensamos, fomos e somos. Perdemos o referencial, perdidos, nem passado, presente e sem futuro, em total desorganização mental. Não somos nada...É o que sinto, até que me chega o momento de reagir.
Há momentos em que mudamos para melhor, ou para pior. Momentos em que buscamos nos proteger e momentos que nos perdemos por completo, até que a consciência nos faça despertar para o erro que estamos cometendo e nos chama de volta ao eixo. Ficamos aprumados, mas, este estado não é duradouro pois nos falta algo que não posso definir, por falta de entendimento. Talvez me faltem tantas coisas, por dentro e por fora.
Não tenho razão alguma de esconder que me perdi em algum momento da minha vida e não faz muito tempo. Sou, antes de tudo, um depressivo crônico. Isso é um fato relevante que pouca gente compreende e entender um ser que padece em função de uma outra doença, que é a depressão e que me leva a sofrer milhares de juízos errôneos.
Mas vamos ao que interessa. Como iniciei este processo que não desejo a ninguém e não quero pra mim, embora me envolva de tal modo que não consigo me desprender totalmente ?
De franco defensor de inúmeros valores e princípios, lá um dia, submetido a uma crise conjugal, em que a esposa foi embora, para o interior, furtivamente e me deixou só. Fiquei abalado, e desconjuntado, talvez por estar em uma faixa etária que não é mais nenhuma primavera. Vivo o outono da minha existência. É a vida que agora desce ladeira abaixo iniciando o processo da velhice.
Em meio a essa crise conjugal, só e esquecido, ouvindo emissoras de televisão falando, repetidamente, contra drogas, enfatizando o mal que o crack causa ao ser humano, fui tomado por uma perturbação mental; deprimido, desarrumado, desnorteado, sem ter com quem conversar, me veio um instinto destrutivo tomar conta dos meus pensamentos. A propaganda funcionou de modo inverso.Veio a idéia pessimista do está-tudo-acabado e, em meio a isso tudo, ocorreu-me experimentar a droga mais perversa que alguém pode experimentar, ao menos no Brasil.
É algo muito estranho o que me ocorreu e não sei explicar tamanha insensatez e loucura.
Havia próximo de casa uma invasão, onde, sabia-se, usava-se e vendia-se crack. Confuso e em meio a este estado mental debilitador, com a voz de quem fala pra dentro, cheio de timidez, busquei ir a tal invasão para conhecer a tal droga. Uma pessoa conhecida, que fazia uso da mesma, foi compra-la. Não sabia sequer como era. Feito a compra ele me indicou como alternativa, para fumar, um barraco de um conhecido dele. Fomos para o local. Ele me deu a droga, mas eu não sabia o que fazer e disse ao mesmo. Então ele disse: isso é fácil, vou lhe ensinar ! Ensinou. Entretanto, usava e achava que a mesma não estava fazendo efeito. Não sabia usar a droga. Na verdade, para minha felicidade, nunca soube mesmo usar a droga. Como achava que não estava fazendo efeito e nada sentia de anormal, pedia que comprasse mais. Comprava e era - para mim - jogar dinheiro fora.
Depois, voltando para casa, me achei tão incapaz que nem mesmo a droga de uma droga eu sabia usar. Voltei à invasão dia seguinte. Dessa vez fui ao sujeito que vendia. Um pobre coitado. Fodido. Um miserável que vendia a merda, para sobreviver com uma mulher e filhos. Desolador o quadro. Comprei e fui ao segundo estágio e nada funcionou direito. Fui repetindo, enquanto jogava dinheiro fora e, outras pessoas vinham se apresentando para ver e pedir um pouco da droga., que, submetido a uma pressão destes usuários, não tem quem não ceda, principalmente por me achar indefeso e em local estranho.
Fui usando e, não me dava conta de que estava sendo furtado. Tanto na droga, quanto no dinheiro posto no bolso, fácil de, com apenas dois dedos, me retirarem alguns trocados.
A droga, nos incautos, como eu, nos inofensivos, julgados como otários, face a boa índole e capacidade de tolerar o intolerável, pela boa educação e por ser de outro nível social, ao usar, ficava desatento, sem noção exata de onde deixava a própria droga, que tem como efeito imediato a perda da memória recente, que se apaga. Neste quadro, confuso, os malandros tiravam proveito. Terminamos sempre como otários explorados, pois não vamos nos tornar violentos, nem nos nivelarmos por baixo. Apenas registramos o fato e fazemos de conta que nada aconteceu.É comum policiais utilizarem a droga e, usando da autoridade conferida, subtraem tudo de um usuário. Apresentam-se como tal, se é, ou não é, é outra conversa. O usuário é vítima de muitas armações e este detalhe deve ser observado pelas diversas autoridades e profissionais qualificados a lidar com a questão da dependência química.
Eis que cheguei ao estágio de sentir algo diferente dentro de mim. Vergonha e medo, até chegar a um estado de paranóia e idéias persecutórias, características do que via e ouvia na TV; um quadro meio esquizóide. Nesse aspecto, a maioria dos usuários sente-se desta maneira, cheios de medos, fundados, ou infundados, enquanto outros nem parece que usam e ficam extremamente tranqüilos.
Neste processo é que percebemos que o medo, nada mais é que o medo de morrer, de ser preso, de sofrer algum tipo de agressão e/ou retaliação e, até mesmo ser assaltado e traído, vitimado por qualquer armação.
Nesse momento é que o sujeito descobre que dentro de si o instinto da vida permanece vivo, e se revela lutando contra a morte e o ser humano sente necessidade de estar vivo, de sair daquele inferno e ai vem o medo de ser abordado pela polícia, ou de ser assaltado por bandidos. Na maioria dos casos tudo é ilusório.
Foi assim, em um momento de abandono e solidão, que iniciei a negação de tudo quanto fui, e sou pois não perdi meus valores, nem o caráter, nem a boa índole, nem nada, salvo dinheiro e outros pertences. Mas, a droga é perversa e, muitas vezes parece ter algo em comum com a escopolamina, em grau diminutivo. Ficamos sujeitos a obedecer certos tipos de sugestões e comandos. Ela, o crack, muda as pessoas. Leva o sujeito a negação do próprio ser e pode sujeita-lo às circunstâncias em que se acha envolvido., preservada a essência da boa formação. Mas a droga é diabólica !
Mas é preciso que se compreenda que o meio é um universo complexo onde nem todos são iguais, salvo quanto ao uso da droga.As pessoas se misturam, sem outro envolvimento senão o uso da droga em si.
Nessa minha experimentação também observava que havia, psicológicamente, uma fraqueza mental e espiritual em todo este processo que me conduziu ao crack e que facilita muito o processo da dependência.
O consumo aumentou e as finanças caíram, enquanto eu decaía. Quando a mulher voltou eu já estava habituado a consumir a droga. Quando não tinha dinheiro oferecia algo em troca, decompondo-me e me humilhando. Quando passava o efeito me recompunha e me contestava, vinha o arrependimento atroz, mas ineficaz. Prometia a mim mesmo não mais cair na repetição do que eu, conscientemente, em estado sóbrio, considerava um erro e, em estado sóbrio jamais faria. A mulher, portanto, voltou. Ao ficar sabendo deu para me investigar e iniciou um outro processo de crise. Metia-se nos mesmos ambientes que ia, para fazer uso, degradando-se, também. É um processo louco em que o codependente parece ter enlouquecido e perdido a noção do que está fazendo. Cria uma rede de informantes de onde colhe verdades e mentiras.
Meu processo de dependência dela, inexplicavelmente transferiu-se para a droga. Dependente, acabei por criar uma codependente, sem saber e, dai, nasceu um tipo de relação muito diferente, onde a codependente, em meu quadro, não tinha sossego. Começou uma fase horrível de convivência, e, a cada briga no lar, era lançado, cada vez mais, nos antros de proliferação de uso e venda. Minha vontade não era mais a minha vontade. O lar vira outro inferno. Havia dentro de mim um desgosto que só se aprofundou. Era como se dentro de mim estivessem em luta a vida contra a morte e, ao mesmo tempo a desarmonia do lar, como fator complicador. O que mais se deseja nestas horas não é briga, mas carinho, amor e atenção. Inferno por inferno, o sujeito vai para as ruas. Um codependente não sabe como agir, torna-se violento e autoritário, quer trancafiar a pessoa e perde completamente a razão. Sai pelas ruas, desgovernada, sem senso de orientação e comedimento.
Sem saber me misturei com pessoas (para usar) cujos comportamentos e hábitos , nas ruas, desconhecia. Infelizmente isso acontece por falta de lugares adequados a outros tipos de usuário. E esse problema se agrava e as inteligências superiores deveriam meditar e refletir sobre esta questão, que é um novo problema. Tem muita gente de classe média e classe alta, entrando no vício e, queira, ou não, acabam se misturando com gente que sequer conhece. Nesses antros fui explorado e o processo de dependência nos deixa cego. Acrescento aos senhores pais que muitas mulheres e rapazes estão se envolvendo e a mistura pode não resultar em coisas muito boas, como, no caso da mulher, por livre e expontânea vontade, entregar o corpo para obter a droga. Não é uma regra, mas uma exceção que só aumenta em graus de proporção. Não vejo sinais de maus tratos, pelo contrário. Mas o uso da droga permite a mulher torne-se permissiva devido a própria vulnerabilidade em que se acha. O diabo não é tão feio quanto parece e já ouvi conselhos, bons, de pessoas que vendem e que sentem pena de mim e, até, recusam me vender a droga. Por mais incrível que possa parecer isto é uma realidade e eles fazem o mesmo com garotas que fogem ao padrão habitual do usuário comum. Não abusam delas. Eles são como comerciantes. Claro que isso não deve ser observado como regra. Mas a maioria vende para o auto-sustento. Há, ai, um grave componente de desajuste social que as autoridades governamentais precisam avaliar, que só contribui para alavancar a proliferação de "vendedores", que buscam sobreviver. O olhar humano é necessário, tanto do lado de quem vende, quanto do lado de quem reprime. Há, ai, no meio de tudo, uma questão social grave a ser equacionada. Falar dessa maneira pode desagradar autoridades policiais, mas é uma realidade. Por isso sempre invoco as inteligências superiores à confabulação sem elocubrações que não tragam soluções inteligentes. Lembro, ainda, que violência só gera violência. Também acrescento que ir a qualquer bocada é um ritual de medo. O usuário fica sempre entre a cruz e a espada. Isso não é bom.
Bem, havia momentos, em que, por conta própria, eu parava e deixava de usar e passava a me ocupar de outras coisas, mas sempre chegava um momento, não sei qual o elemento propulsor, que me tirava do rumo certo para recomeçar tudo outra vez. Assim fui evoluindo para um estágio de maior degradação.
Bem, vou poupar o leitor de certos detalhes, mas chegou o dia em que me rendi e pedi ajuda e fui imediatamente atendido. Fui internado e o tratamento não era medicamentoso e, baseava-se no que podemos assistir no filme, estrelado por Sandra Bullock, "28 DIAS". Fiquei 45 dias e sai após o carnaval. Levei meses limpo, até que um dia, algo desencadeou em mim o processo de recaída. Ao sair da clínica o codependente passa a ser nocivo na superproteção e, até mesmo, inconveniente. Agravam o estado de quem se acha em recuperação.
Devo ressaltar que ao sairmos da Clínica especializada, temos que traçar metas a cumprir. Procurei cumprir as 4. Mas, por razões que não merecem exposição, acresço que só cumpri o período da "Quarentena", enquanto busquei ir a algumas reuniões de grupos. Mas, meus co-dependentes, não se cuidaram pois nunca se renderam a evidência de que portam uma doença que eles contrairam face a minha dependência. Por mais que um co-dependente, que não se cuida, ache que está bem com o seu dependente, ele não vai proceder de maneira adequada.
Enclausurar, instituir uma liberdade vigiada, viver remexendo nas coisas do dependente, manter o clima de descrédito e desconfiança e tantas coisas mais, não podem levar a bons caminhos, ou a bons resultados.
Amor e ódio não casam bem.
Quando ocorre a recaída a relação entre o dependente e o co-dependente mescla inúmeros sentimentos negativos com bem poucos sentimentos benignos. Daí em diante a relação torna-se de mal a pior. Vem a deteriorização. Ocorre o afastamento, cria-se um isolamento e o dependente passa a ouvir agressões de toda sorte, é estigmatizado e ninguém se põe no lugar do mesmo. Amor ao próximo deixa de existir. Novamente abandono, indiferença, isolamento e solidão, além do ódio e da repressão injustificada, porquanto desinteligente.
A falta de conhecimento e informação é enorme nos co-dependentes que não se cuidam. Nasce um novo mundo de descrença, descrédito, desconfiança que beira à raiva e o ódio. Ódio muitas vezes com caracteristicas mortais, como o procedimento de um filho que sai armado para matar o próprio pai. São situações extremadas que envolve uma preocupação exacerbada do co-dependente com a própria vaidade e a própria reputação, que enxergam maculada pelo dependente. Dai nasce o ódio que não nasce do desejo de ver o dependente bem, na verdade.
O sentimento que passam, que transmitem, e que captei, é o pior possivel. Não é, no fundo, a nossa saúde e bem estar que está em jogo, mas a reputação alheia, a vaidade alheia, os desejos alheios, e se inicia um processo destrutivo da personalidade do dependente, enquanto o codependente também padece.
Em meu caso específico, creio que no fundo a cura está no amor. Mas, comigo esse amor não mais existe se é que um dia existiu. Para o dependente é um amor impossível e, se no coração de uma esposa havia realmente amor, só ela pode restaurar tudo o que se perdeu através do amor, de uma boa relação estabelecida através da verdade e do dialogo aberto, franco e absolutamente sincero, sem desprezo ou menosprezo, sem indiferença, com carinho e o cuidado provenientes de um companheirismo que nem toda parceira está disposta a ter e ser, no mundo atual.Além de buscar tratar-se, evidentemente, junto com seu dependente.
Ninguém quer sacrificio, embora nos primeiros tempos do amor se tenha jurado viver com o seu amado, na saúde, ou na doença. Mas, na hora da crise a primeira coisa que ocorre é a fuga.
Acresço, ainda, que não sendo bastante a falta de informação dos co-dependentes, ainda há o envolvimento de aderentes e de terceiras pessoas que passam a servir de conselheiros. Tudo isso, somado às intromissões indevidadas e até impróprias, geram o agravamento do quadro do dependente. Se o co-dependente não tratado já é ruim, imagine terceiros e aderentes se envolvendo na questão, com os péssimos e extremados conselhos. Não, não é por ai o processo em que o dependente vai se reencontrar.
Falo por mim e nem tudo está dito, pois este relato não é um livro, nem uma autobiografia. Devo infinitas reparações, inúmeros pedidos de desculpas e de perdão pelo meu mal procedimento, tudo fruto de um estado de insanidade desencadeado pela fraqueza mental, na minha apreciação.
Abstrai deste texto tudo quanto aprendi e o deixo do jeito que se encontra para que o leitor possa analisa-lo, com um olhar mais complacente, mais condescendente e, sobretudo, com os olhos de quem ama o próximo. Aos profissionais, ai está o meu relato sincero, passivel de crítica, mas, sobretudo, sincero e verdadeiro. Não sou uma equação matemática, não sou exato, sou humano.
Não pretendo recair, mas recaio e, com isto, elevo o grau de ódio e raiva que nutre muitos corações, seja no lar, seja na rua. Infelizmente, como diz uma canção, A HUMANIDADE É DESUMANA.
Para finalizar tem umas frases sugestivas, tipo, "Quando a gente ama, claro que a gente cuida" e, outra: SÓ O AMOR CONSTRÓI.
Quando leio em algum canto escrito: SÓ JESUS SALVA, eu entendo a mensagem da seguinte forma: SÓ O AMOR SALVA.
Só por hoje me mantenho limpo.
Há momentos em nossas vidas que nos desconhecemos, nem sequer nos reconhecemos. Ontem fui me ver no espelho. Estava cabeludo e com a barba em péssimo estado, de tal forma, que o meu aspecto indicava abandono. Isso é fruto de um desprezo total pelo próprio ser, uma perda da auto estima que não consigo entender muito como isso me ocorre e me deixa relapso ao ponto de me largar, me abandonar, de me permitir viver ao léu da sorte. Não, não quero isso, mas é assim que fico até que vem o momento da reação e da busca por melhorias em meu estado de alma.
Há momentos em que negamos tudo o quanto pensamos, fomos e somos. Perdemos o referencial, perdidos, nem passado, presente e sem futuro, em total desorganização mental. Não somos nada...É o que sinto, até que me chega o momento de reagir.
Há momentos em que mudamos para melhor, ou para pior. Momentos em que buscamos nos proteger e momentos que nos perdemos por completo, até que a consciência nos faça despertar para o erro que estamos cometendo e nos chama de volta ao eixo. Ficamos aprumados, mas, este estado não é duradouro pois nos falta algo que não posso definir, por falta de entendimento. Talvez me faltem tantas coisas, por dentro e por fora.
Não tenho razão alguma de esconder que me perdi em algum momento da minha vida e não faz muito tempo. Sou, antes de tudo, um depressivo crônico. Isso é um fato relevante que pouca gente compreende e entender um ser que padece em função de uma outra doença, que é a depressão e que me leva a sofrer milhares de juízos errôneos.
Mas vamos ao que interessa. Como iniciei este processo que não desejo a ninguém e não quero pra mim, embora me envolva de tal modo que não consigo me desprender totalmente ?
De franco defensor de inúmeros valores e princípios, lá um dia, submetido a uma crise conjugal, em que a esposa foi embora, para o interior, furtivamente e me deixou só. Fiquei abalado, e desconjuntado, talvez por estar em uma faixa etária que não é mais nenhuma primavera. Vivo o outono da minha existência. É a vida que agora desce ladeira abaixo iniciando o processo da velhice.
Em meio a essa crise conjugal, só e esquecido, ouvindo emissoras de televisão falando, repetidamente, contra drogas, enfatizando o mal que o crack causa ao ser humano, fui tomado por uma perturbação mental; deprimido, desarrumado, desnorteado, sem ter com quem conversar, me veio um instinto destrutivo tomar conta dos meus pensamentos. A propaganda funcionou de modo inverso.Veio a idéia pessimista do está-tudo-acabado e, em meio a isso tudo, ocorreu-me experimentar a droga mais perversa que alguém pode experimentar, ao menos no Brasil.
É algo muito estranho o que me ocorreu e não sei explicar tamanha insensatez e loucura.
Havia próximo de casa uma invasão, onde, sabia-se, usava-se e vendia-se crack. Confuso e em meio a este estado mental debilitador, com a voz de quem fala pra dentro, cheio de timidez, busquei ir a tal invasão para conhecer a tal droga. Uma pessoa conhecida, que fazia uso da mesma, foi compra-la. Não sabia sequer como era. Feito a compra ele me indicou como alternativa, para fumar, um barraco de um conhecido dele. Fomos para o local. Ele me deu a droga, mas eu não sabia o que fazer e disse ao mesmo. Então ele disse: isso é fácil, vou lhe ensinar ! Ensinou. Entretanto, usava e achava que a mesma não estava fazendo efeito. Não sabia usar a droga. Na verdade, para minha felicidade, nunca soube mesmo usar a droga. Como achava que não estava fazendo efeito e nada sentia de anormal, pedia que comprasse mais. Comprava e era - para mim - jogar dinheiro fora.
Depois, voltando para casa, me achei tão incapaz que nem mesmo a droga de uma droga eu sabia usar. Voltei à invasão dia seguinte. Dessa vez fui ao sujeito que vendia. Um pobre coitado. Fodido. Um miserável que vendia a merda, para sobreviver com uma mulher e filhos. Desolador o quadro. Comprei e fui ao segundo estágio e nada funcionou direito. Fui repetindo, enquanto jogava dinheiro fora e, outras pessoas vinham se apresentando para ver e pedir um pouco da droga., que, submetido a uma pressão destes usuários, não tem quem não ceda, principalmente por me achar indefeso e em local estranho.
Fui usando e, não me dava conta de que estava sendo furtado. Tanto na droga, quanto no dinheiro posto no bolso, fácil de, com apenas dois dedos, me retirarem alguns trocados.
A droga, nos incautos, como eu, nos inofensivos, julgados como otários, face a boa índole e capacidade de tolerar o intolerável, pela boa educação e por ser de outro nível social, ao usar, ficava desatento, sem noção exata de onde deixava a própria droga, que tem como efeito imediato a perda da memória recente, que se apaga. Neste quadro, confuso, os malandros tiravam proveito. Terminamos sempre como otários explorados, pois não vamos nos tornar violentos, nem nos nivelarmos por baixo. Apenas registramos o fato e fazemos de conta que nada aconteceu.É comum policiais utilizarem a droga e, usando da autoridade conferida, subtraem tudo de um usuário. Apresentam-se como tal, se é, ou não é, é outra conversa. O usuário é vítima de muitas armações e este detalhe deve ser observado pelas diversas autoridades e profissionais qualificados a lidar com a questão da dependência química.
Eis que cheguei ao estágio de sentir algo diferente dentro de mim. Vergonha e medo, até chegar a um estado de paranóia e idéias persecutórias, características do que via e ouvia na TV; um quadro meio esquizóide. Nesse aspecto, a maioria dos usuários sente-se desta maneira, cheios de medos, fundados, ou infundados, enquanto outros nem parece que usam e ficam extremamente tranqüilos.
Neste processo é que percebemos que o medo, nada mais é que o medo de morrer, de ser preso, de sofrer algum tipo de agressão e/ou retaliação e, até mesmo ser assaltado e traído, vitimado por qualquer armação.
Nesse momento é que o sujeito descobre que dentro de si o instinto da vida permanece vivo, e se revela lutando contra a morte e o ser humano sente necessidade de estar vivo, de sair daquele inferno e ai vem o medo de ser abordado pela polícia, ou de ser assaltado por bandidos. Na maioria dos casos tudo é ilusório.
Foi assim, em um momento de abandono e solidão, que iniciei a negação de tudo quanto fui, e sou pois não perdi meus valores, nem o caráter, nem a boa índole, nem nada, salvo dinheiro e outros pertences. Mas, a droga é perversa e, muitas vezes parece ter algo em comum com a escopolamina, em grau diminutivo. Ficamos sujeitos a obedecer certos tipos de sugestões e comandos. Ela, o crack, muda as pessoas. Leva o sujeito a negação do próprio ser e pode sujeita-lo às circunstâncias em que se acha envolvido., preservada a essência da boa formação. Mas a droga é diabólica !
Mas é preciso que se compreenda que o meio é um universo complexo onde nem todos são iguais, salvo quanto ao uso da droga.As pessoas se misturam, sem outro envolvimento senão o uso da droga em si.
Nessa minha experimentação também observava que havia, psicológicamente, uma fraqueza mental e espiritual em todo este processo que me conduziu ao crack e que facilita muito o processo da dependência.
O consumo aumentou e as finanças caíram, enquanto eu decaía. Quando a mulher voltou eu já estava habituado a consumir a droga. Quando não tinha dinheiro oferecia algo em troca, decompondo-me e me humilhando. Quando passava o efeito me recompunha e me contestava, vinha o arrependimento atroz, mas ineficaz. Prometia a mim mesmo não mais cair na repetição do que eu, conscientemente, em estado sóbrio, considerava um erro e, em estado sóbrio jamais faria. A mulher, portanto, voltou. Ao ficar sabendo deu para me investigar e iniciou um outro processo de crise. Metia-se nos mesmos ambientes que ia, para fazer uso, degradando-se, também. É um processo louco em que o codependente parece ter enlouquecido e perdido a noção do que está fazendo. Cria uma rede de informantes de onde colhe verdades e mentiras.
Meu processo de dependência dela, inexplicavelmente transferiu-se para a droga. Dependente, acabei por criar uma codependente, sem saber e, dai, nasceu um tipo de relação muito diferente, onde a codependente, em meu quadro, não tinha sossego. Começou uma fase horrível de convivência, e, a cada briga no lar, era lançado, cada vez mais, nos antros de proliferação de uso e venda. Minha vontade não era mais a minha vontade. O lar vira outro inferno. Havia dentro de mim um desgosto que só se aprofundou. Era como se dentro de mim estivessem em luta a vida contra a morte e, ao mesmo tempo a desarmonia do lar, como fator complicador. O que mais se deseja nestas horas não é briga, mas carinho, amor e atenção. Inferno por inferno, o sujeito vai para as ruas. Um codependente não sabe como agir, torna-se violento e autoritário, quer trancafiar a pessoa e perde completamente a razão. Sai pelas ruas, desgovernada, sem senso de orientação e comedimento.
Sem saber me misturei com pessoas (para usar) cujos comportamentos e hábitos , nas ruas, desconhecia. Infelizmente isso acontece por falta de lugares adequados a outros tipos de usuário. E esse problema se agrava e as inteligências superiores deveriam meditar e refletir sobre esta questão, que é um novo problema. Tem muita gente de classe média e classe alta, entrando no vício e, queira, ou não, acabam se misturando com gente que sequer conhece. Nesses antros fui explorado e o processo de dependência nos deixa cego. Acrescento aos senhores pais que muitas mulheres e rapazes estão se envolvendo e a mistura pode não resultar em coisas muito boas, como, no caso da mulher, por livre e expontânea vontade, entregar o corpo para obter a droga. Não é uma regra, mas uma exceção que só aumenta em graus de proporção. Não vejo sinais de maus tratos, pelo contrário. Mas o uso da droga permite a mulher torne-se permissiva devido a própria vulnerabilidade em que se acha. O diabo não é tão feio quanto parece e já ouvi conselhos, bons, de pessoas que vendem e que sentem pena de mim e, até, recusam me vender a droga. Por mais incrível que possa parecer isto é uma realidade e eles fazem o mesmo com garotas que fogem ao padrão habitual do usuário comum. Não abusam delas. Eles são como comerciantes. Claro que isso não deve ser observado como regra. Mas a maioria vende para o auto-sustento. Há, ai, um grave componente de desajuste social que as autoridades governamentais precisam avaliar, que só contribui para alavancar a proliferação de "vendedores", que buscam sobreviver. O olhar humano é necessário, tanto do lado de quem vende, quanto do lado de quem reprime. Há, ai, no meio de tudo, uma questão social grave a ser equacionada. Falar dessa maneira pode desagradar autoridades policiais, mas é uma realidade. Por isso sempre invoco as inteligências superiores à confabulação sem elocubrações que não tragam soluções inteligentes. Lembro, ainda, que violência só gera violência. Também acrescento que ir a qualquer bocada é um ritual de medo. O usuário fica sempre entre a cruz e a espada. Isso não é bom.
Bem, havia momentos, em que, por conta própria, eu parava e deixava de usar e passava a me ocupar de outras coisas, mas sempre chegava um momento, não sei qual o elemento propulsor, que me tirava do rumo certo para recomeçar tudo outra vez. Assim fui evoluindo para um estágio de maior degradação.
Bem, vou poupar o leitor de certos detalhes, mas chegou o dia em que me rendi e pedi ajuda e fui imediatamente atendido. Fui internado e o tratamento não era medicamentoso e, baseava-se no que podemos assistir no filme, estrelado por Sandra Bullock, "28 DIAS". Fiquei 45 dias e sai após o carnaval. Levei meses limpo, até que um dia, algo desencadeou em mim o processo de recaída. Ao sair da clínica o codependente passa a ser nocivo na superproteção e, até mesmo, inconveniente. Agravam o estado de quem se acha em recuperação.
Devo ressaltar que ao sairmos da Clínica especializada, temos que traçar metas a cumprir. Procurei cumprir as 4. Mas, por razões que não merecem exposição, acresço que só cumpri o período da "Quarentena", enquanto busquei ir a algumas reuniões de grupos. Mas, meus co-dependentes, não se cuidaram pois nunca se renderam a evidência de que portam uma doença que eles contrairam face a minha dependência. Por mais que um co-dependente, que não se cuida, ache que está bem com o seu dependente, ele não vai proceder de maneira adequada.
Enclausurar, instituir uma liberdade vigiada, viver remexendo nas coisas do dependente, manter o clima de descrédito e desconfiança e tantas coisas mais, não podem levar a bons caminhos, ou a bons resultados.
Amor e ódio não casam bem.
Quando ocorre a recaída a relação entre o dependente e o co-dependente mescla inúmeros sentimentos negativos com bem poucos sentimentos benignos. Daí em diante a relação torna-se de mal a pior. Vem a deteriorização. Ocorre o afastamento, cria-se um isolamento e o dependente passa a ouvir agressões de toda sorte, é estigmatizado e ninguém se põe no lugar do mesmo. Amor ao próximo deixa de existir. Novamente abandono, indiferença, isolamento e solidão, além do ódio e da repressão injustificada, porquanto desinteligente.
A falta de conhecimento e informação é enorme nos co-dependentes que não se cuidam. Nasce um novo mundo de descrença, descrédito, desconfiança que beira à raiva e o ódio. Ódio muitas vezes com caracteristicas mortais, como o procedimento de um filho que sai armado para matar o próprio pai. São situações extremadas que envolve uma preocupação exacerbada do co-dependente com a própria vaidade e a própria reputação, que enxergam maculada pelo dependente. Dai nasce o ódio que não nasce do desejo de ver o dependente bem, na verdade.
O sentimento que passam, que transmitem, e que captei, é o pior possivel. Não é, no fundo, a nossa saúde e bem estar que está em jogo, mas a reputação alheia, a vaidade alheia, os desejos alheios, e se inicia um processo destrutivo da personalidade do dependente, enquanto o codependente também padece.
Em meu caso específico, creio que no fundo a cura está no amor. Mas, comigo esse amor não mais existe se é que um dia existiu. Para o dependente é um amor impossível e, se no coração de uma esposa havia realmente amor, só ela pode restaurar tudo o que se perdeu através do amor, de uma boa relação estabelecida através da verdade e do dialogo aberto, franco e absolutamente sincero, sem desprezo ou menosprezo, sem indiferença, com carinho e o cuidado provenientes de um companheirismo que nem toda parceira está disposta a ter e ser, no mundo atual.Além de buscar tratar-se, evidentemente, junto com seu dependente.
Ninguém quer sacrificio, embora nos primeiros tempos do amor se tenha jurado viver com o seu amado, na saúde, ou na doença. Mas, na hora da crise a primeira coisa que ocorre é a fuga.
Acresço, ainda, que não sendo bastante a falta de informação dos co-dependentes, ainda há o envolvimento de aderentes e de terceiras pessoas que passam a servir de conselheiros. Tudo isso, somado às intromissões indevidadas e até impróprias, geram o agravamento do quadro do dependente. Se o co-dependente não tratado já é ruim, imagine terceiros e aderentes se envolvendo na questão, com os péssimos e extremados conselhos. Não, não é por ai o processo em que o dependente vai se reencontrar.
Falo por mim e nem tudo está dito, pois este relato não é um livro, nem uma autobiografia. Devo infinitas reparações, inúmeros pedidos de desculpas e de perdão pelo meu mal procedimento, tudo fruto de um estado de insanidade desencadeado pela fraqueza mental, na minha apreciação.
Abstrai deste texto tudo quanto aprendi e o deixo do jeito que se encontra para que o leitor possa analisa-lo, com um olhar mais complacente, mais condescendente e, sobretudo, com os olhos de quem ama o próximo. Aos profissionais, ai está o meu relato sincero, passivel de crítica, mas, sobretudo, sincero e verdadeiro. Não sou uma equação matemática, não sou exato, sou humano.
Não pretendo recair, mas recaio e, com isto, elevo o grau de ódio e raiva que nutre muitos corações, seja no lar, seja na rua. Infelizmente, como diz uma canção, A HUMANIDADE É DESUMANA.
Para finalizar tem umas frases sugestivas, tipo, "Quando a gente ama, claro que a gente cuida" e, outra: SÓ O AMOR CONSTRÓI.
Quando leio em algum canto escrito: SÓ JESUS SALVA, eu entendo a mensagem da seguinte forma: SÓ O AMOR SALVA.
Só por hoje me mantenho limpo.
Casualmente entrei neste blog e resolvi ler o depoimento. Fiquei chocado. Não sei se estou certo: o abandono da esposa deixou o depoente em frangalhos, predispondo-o ao inusitado. O vazio deixado pela esposa, foi preenchido pela droga. O amor fracassou, não importando as razões. Me identifico com o remédio chamado amor, acrescentando apenas que amor e compreensão são fortes aliados por experiência própria. Dois anos, quatro meses e dezenove dias limpo, graças ao poder superior. Minha esposa é meu orgulho. Só por hoje.
ResponderExcluirFui alcoólico. Minha mulher jamais me abandonou. Jamais me condenou. Sempre esteve ao meu lado e foi, através do amor dela, da compreensão que teve comigo, que me fez ir abandonando o vício, até encontrar o AA. Dou graças a Deus por estar salvo dos maus momentos que a fiz sofrer e ela, sempre forte e convencida de que sairia vencedora, ficou do meu lado. Estamos juntos e jamais nos separamos. É por ela que faço bonito. Não tenho filhos vivos. Tenha força e muita coragem e busque estar do lado de quem gosta de você. Frequente os NA da sua localidade. Creia em seu poder superior, vertical e horizontal e não deixe de orar. Parabéns por partilhar, publicamente o que lhe ocorre. Deus lhe dará forças para vencer!
ResponderExcluirLeia bons livros, viaje, ocupar seu tempo de modo saudável. Também é importante dar e receber afeição, carinho. Sem dúvida o amor é um santo remédio. Erga a cabeça, levante o astral. Se está sem um amor, tente outro. Acredite sempre. Fortaleça o corpo e a alma. Tente ser feliz. Se estiver ocioso procure não ficar neste estado. Um dia você se encontra consigo mesmo. Lute!
ResponderExcluirA mulher teria dado espaço às drogas. Tudo bem! Tenho duas perguntas a fazer, pois não ficou claro: tens amigos? Tua esposa ainda está ao teu lado?
ResponderExcluirSeja qual for a resposta viver é lutar. Não desista nunca.
Você escreveu:
ResponderExcluir01. "submetido a uma crise conjugal, em que a esposa foi embora para o interior e me deixou só"
Isso o afetou profundamente, deixando-o desnorteado. Será que ela o ama? Mas, pelo visto, a razão da partida não foi nada que envolvesse seu problema com o crack, que nasceu após seu abandono, correto?
Também escreveu: "Foi assim que iniciei a negação de tudo quanto fui e sou, pois, não perdi meus valores, nem o caráter, nem nada, mas, a droga é perversa. Ela muda as pessoas. Leva o sujeito a negação do próprio ser e o adequa às circunstâncias impostas pelo consumo. É uma droga diabólica!"
Cara, tenho um amigo que teve em uma situação parecida, sem que existisse crise conjugal. Tanto a mulher (não eram oficialmente casados), quanto a família, conseguiram fazer com que C.R.
se recuperasse de modo quase miraculoso e a formula empregada foi a do dialogo, da compreensão, do aconselhamento, sem restrição alguma a liberdade de ir e vir. A família, como um todo, valeu-se do amor para trazer C.R. de volta ao seu mundo, de volta ao lar. Cerca de cinco meses sem uso, obteve um emprego e hoje é gerente de uma empresa renomada. Está completamente ligado ao trabalho, a esposa e filhos e oao lar. Reintegrou-se. Testemunhei tudo vez que sou casado com uma prima do mesmo. O apoio foi irrestrito. Houve tropeços e quedas, mas, felizmente, ele venceu. A família unida venceu. Não houve internamento e ele usou crack cerca de dois anos. É um milagre de Deus e prova de que o amor funciona.
Sua família, certamente, vai descobrir a força poderosa do amor e, caso ainda tenha esposa, que não o tenha abandonado, não importando motivos e razões, poderá ajuda-lo bastante. Onde há amor, não há espaço para as drogas. Pense nisso, dialogue e abra-se, como fez nesta partilha comovente.
Cada pessoa tem um drama particular. Talvez você não tenha amigos. A família, por certo, não era ajustada. Você escreveu sobre um filho e deixou uma especie de interrogação no ar. Foi com você que aconteceu o caso? Sua esposa tem lhe apoiado?
ResponderExcluirEu, sou solteiro. Tenho uma namorada e ela me conheceu depois que me tratei. Conhece meu passado e é muito companheira e amorosa. Vivemos um para o outro e não há espaço para a droga em minha vida, graças ao bom Deus, que é misericordioso. Que este mesmo Deus lhe ajude a encontrar o caminho da sobriedade.
tú é muito dependente dessa muler. Se te ama, não há crise que não seja superável. Se te abandonou, caia na real, não serve. Te afasta, supere e, não espere que mulher de certos tipos lhe dê a mão. Deixa o que é ruim de lado e te recompõe a vida. Olhe pra frente. Cuida da tua saúde e não espere por ninguém. A vida é tua, então cuida-te bem e procure viver a vida com alegria.
ResponderExcluirCamarada, certas mulheres é melhor não ter, do que ter e ter lhe causado um problemão. Se depender desse tipos, você tá fodido.
ResponderExcluirtomei a liberdade de postar seu depoimento no meu blog, acho que podemos ajudar aos outros como outros noa judaram.... Parabéns pelo 12passo
ResponderExcluirNão é bom culpar quem quer que seja por termos ingressado no mundo das drogas, seja ela lícita, ou ilícita. Tornei-me alcoólico devido ao uso cotidiano da bebida. De repente veio uma crise conjugal e passe a beber mais e mais, minha mulher me deixou. Era do tipo escandalosa, desnorteada e desinformada. Estou próximo a ingressar no AA, levado por um amigo que se dispõe em querer me ajudar, pois manifestei a ele que não quero viver e morrer como um alcoólico. O peso que minha mulher teve neste meu estado deplorável é enorme. Agora devo esqueçe-la por completo, pois sei que vou me reerguer e sei que, quando isto acontecer, ela vai tentar se reaproximar para tirar proveito de minha boa situação. Boto muita fé em mim, em Deus e em quem acredita na minha recuperação.
ResponderExcluirBom companheiros, cada "caso é um caso". Concordo que o amor, a compreensão,a esperança e os demais adjetivos positivos relacionados cooperam muito e podem realmente surgir efeitos desde que realmente o adicto não só queira, mas coloque em prática cada dia sua sobriedade, custe o que custar! Pois até quando a familia, a namorada, esposa; enfim; pessoas queridas vao ficar sendo coodependentes; regredindo mentalmente, socialmente, espiritualmente? Até quando terão que sofrer aguentando, na expectativa de que um dia, algo melhore??? Ilusão?! claro que não; para Deus nada é impossivel, porem o adicto tem que fazer acontecer para que a cada dia seja uma dia de sobriedade, e que a cada pensamento insano ele busque o equiliibrio rapidamente para depois nao ocorrer de a doença se instalar e ocorrer uma recaida, que na qual estragará todo o proceso de abstinencia fisica e os valores reconquistados.
ResponderExcluirQuanto aos relacionamentos amorosos, tem um certo ponto que a mulher não aguenta mais a coodependencia,esta que destroi a propria vida e ela como não pode salvar o conjuge apesar de varias chances serem oferecidas com muito amor, carinhos compreensão,o adicto insiste em recair; é obvio que por força de sobrevivência ela vai desistir. Saibam que também não é facil para uma coodependente se deligar assim de um relacionamento. Ela passa por todas as abstinencias que um adicto em recuperação passa também. Ela se separa para viver tambem sua sobriedade, pois o adicto a deixou totalmente debilitada. Portanto caros companheiros (as), há quem tem um poder superior bem dentro de si que com sua fé move montanhas e tambem consegue carregar a cruz por anos e anos, porém há tb pessoas que tem o poder superior que toca o seu coração pedindo para desistir pois senão ambos vao manter-se insanos...
Complicado??!!!! Sim!!! Cada caso é um caso! Força para todos e vivam só por hoje!!!
Pelo meu entendimento, o depoente(a) manifesta a existência de uma relação de dependência sentimental, amorosa, com o(a) conjuge, antes de cair na dependência do crack. Havia uma "adicção" anterior à do crack. Não tenho dados suficientes para avaliar a relação de dependência de quem quer que seja em relação ao amor. Alguém que abandona o lar, deve ter seus motivos que podem ser inúmeros. Mas, pelo relato, a partida de alguém foi prejudicial à sobriedade de quem ficou na solidão do sesamor. A superficialidade de outra modalidade de análise não nos conduz a um melho entendimento das razões que levam alguém às drogas, seja lícita, ou ilícita. Não tenho meios termos, senão o de crer, de supor, que o depoente dependente, apenas substituiu uma droga (conjuge) por outra pior. Já era um dependente antes de vivenciar o crack. Houve uma substituição decorrente da ausência forçada da outra droga, que lhe fugiu ao alcançe. Na falta de uma, veio um quadro de confusão mental,da tristeza, da ausência de sobriedade, devido ao abandono e, provavelmente, o co-dependente, no caso do amor, não era quem fugiu, mas quem largou o lar. De regresso ao lar, achou quem largou à própria sorte, na depenência de outra droga. O que deve ter provocado a inversão de papéis. É dificil alguém reconhecer-se como uma "droga", mas no amor, também existe relações que são doentias e que geram até quadro de loucura. Me pareceu evidente que havia uma droga pre-existente e, pelo relato, uma consequente troca e inversão de papéis, levando quem era uma "droga" saborear o pesadelo da co-dependência da traição, da substituição. Largar um dependente não me parece ser sensato. Sou adepto do que alguém consignou, mediante palavras, em texto publicado, neste blog e que, diz, salvo lapso de memória, o seguinte:
ResponderExcluir"Comece a amar o seu próximo como se ele fosse você mesmo. Será que é possivel compreender, ao menos, a palavra de Cristo? Conhecer a si mesmo e amar ao próximo consoante o juízo cristão é fundamental. Tente outra vez!" Sou daqueles que buscam observar a causa do mal pela raíz e isto pode parecer um pecado, mas, no meu entendimento, é sempre bom conhecer melhor caso a caso para uma melhor compreensão de um dado problema e sua consequente resolução. Há um pecado de mão dupla na relação acusada. A crise gerada, poderá ser vencida, sem abandono se houver realmente amor, sem amor, abandonar e desistir é a saída dos que se servem e se alimentam do pragmatismo egocentrico. Desistir de lutar, com capacidade, com apoio psicológico, não me leva a acreditar na inexistência do amor. Afinal, quem ama cuida. O pragmatismo é uma tese que só agrava. Não sou adepto da tese do abandono. Se existe amor, o ser amado não abandona outro, não importa qual seja a circunstância. Agora cabe, a quem ficou na solidão, aceitar a perda e seguir o caminho dos 12 passos, desta vez sem o que nunca existiu em sua relação sentimental: o AMOR; Houve uma troca, uma substituição de ambos os lados e a inversão de papéis, seguida do pragmatismo de um lado e a consequente falta de sobriedade do outro, que parece permanecer, enquanto só e sem acompanhamento capacitado. Na relação, sem equívoco, não existia amor reciproco. Quem abandona o lar se assemelha a quem tem uma recaída qualquer. A fuga é apenas um sintoma.
Sabe, no fundo, no fundo, o que percebi é a existência de "algo" indefinido que funciona como um "gatilho", algo que aciona e desencadeia uma ação irracional, cujo precedente pode estar contido na base da relação amorosa de alguém muito sentimental. Colo uma frase sintomática:
ResponderExcluir"não sei qual o elemento propulsor, que me tirava do rumo certo para recomeçar tudo outra vez".
O verbo "tirava" corresponde a uma ação pretérita!
Que Deus esteja em nossos corações e nos proteja a todos.
O tratamento do dependente e a o não correspondente tratamento do co-dependente, não importam os motivos,deve ser horrivel. Inúmeros casais buscam irmandades para, unidos, reencontrarem-se através do amor. Quando um se cuida e o outro não, não há como dar certo qualquer tratamento. A co-dependência não significa separação. O tratamento do codependente ocorre quando o amor pelo dependente, realmente existe. Compreendi, claramente, que além de uma co-dependência não tratada, a ausência de esforço para tal, a intromissão indevida de terceiros que desconhecem o que vem a ser a doença denominada como adicção, resulta em um desastre previsível. Este relato tende a revelar que, na fuga da esposa, o abandono do lar e do marido, evidencia que não existia amor nesta relação em que a crise conjugal pré-existente desencadeou um processo auto-destrutivo no marido abandonado. Conheço diversos casais que se trataram juntos, unidos e jamais se separaram. Esposas manipuladoras podem se aproveitar de determinadas circunstâncias, racionalizando os fatos, tirando proveito deles, para viver do modo que sempre quis. Conviver com alguém não significa que exista amor. Muitas vezes sob o manto do amor existem interesses outros. Conheço um caso de um rapaz que, sem ao menos ter namorado com a garota que o deixou apaixonado, louco e a loucura foi causada pela rejeição, por um simples não em um pedido de namoro. Outros casos de separações que resultaram em tragédias, notadamente em alcoolismo, são diversas que conheci. No caso da existência de amor verdadeiro, acredito que uma esposa fiel ao seu juramento perante DEUS, em muito contribuiria para ajudar o esposo a recuperar-se da chaga que o acomete, Creio muito na força do amor, que, em outras palavras, é sublime e divino. Amar a Deus é amar ao próximo. ABANDONO é, muitas vezes, um crime. Uma esposa que desiste facilmente, não tem amor no coração. Mas o relato fala em uma tentativa de homicidio por parte de um filho. Teria acontecido em função do uso do crack, o o fato antecede o triste e lamentável ingresso do desgraçado marido, no inferno da droga, considerada diabólica. Creio que não foi apenas a falta de amor , mas a ausência da caridade cristã. O amor é um sentimento muito poderoso e, quando existe, o ser amado sente a energia necessária para reencontra-se e voltar ao prumo da vida com sobriedade. O mundo de hoje, marcado pela infidelidade e tantas outras coisas MÁS, são o que mais assistimos. Casa-se hoje e amanhã já se separaram. Como acreditar em certos tipos de amor? a fidelidade ao ser amado implica em sacrificio de ambas as partes e o abandono não é caracteristica desse sacrificio.
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